Atraso no projeto do complexo Barão-Raja frustra deputados
Associações de bairro das regiões Centro-Sul e Oeste da Capital sugerem projeto alternativo para agilizar melhorias.
08/04/2014 - 13:14 - Atualizado em 08/04/2014 - 13:58Os parlamentares da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se mostraram decepcionados com a ausência de projeto executivo de viabilidade das obras do chamado complexo Barão-Raja, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Nesta terça-feira (8/4/14), uma audiência pública recebeu representantes de associações de bairro, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e da BHTrans para prosseguir o debate, iniciado em dezembro de 2012.
De acordo com o deputado Fred Costa (PEN), autor do requerimento que motivou a reunião, a BHTrans havia apresentado um estudo na audiência que aconteceu há quase um ano e meio, e, de lá para cá, nada avançou. Ele destacou que as avenidas Raja Gabaglia e Barão Homem de Melo estão entre as três vias da cidade que mais sofreram com o aumento dos congestionamentos de trânsito nos últimos anos.
“Já conseguimos um aporte de R$ 15 milhões do Governo do Estado, mas a falta de um projeto executivo, que também facilitaria a contrapartida com empresas privadas, inviabiliza as obras”, lamentou o parlamentar. Fred Costa ainda pediu que a BHTrans dê um prazo final para apresentar um projeto, mesmo que provisório, e assumiu o compromisso de se empenhar para que as intervenções saiam do papel.
Associação de bairro diz ter projeto alternativo
O presidente da Associação de Moradores do bairro São Bento, Nélson Timponi, questionou a viabilidade do projeto sugerido pela BHTrans em 2012, por considerá-lo caro e lento. Além disso, de acordo com ele, a mudança proposta isolaria o comércio e o trânsito da região.
Segundo Timponi, para executar a obra teriam que ser feitas escavações de até seis metros para a construção das trincheiras e viadutos propostos, o que afetaria não só a mobilidade nas vias locais, mas o escoamento de lençóis freáticos e as estruturas de energia elétrica e cabeamento de TV. Ele disse ter desenvolvido um projeto alternativo, que elimina semáforos, corrige problemas em rotatórias e vias de acesso aos complexo Raja-Barão, o que melhoraria o tráfego na região.
Sobre a iniciativa do líder comunitário, o deputado Anselmo José Domingos (PTC) sugeriu uma audiência pública para conhecer o trabalho, assim como o envio das sugestões dos moradores para a BHTrans e a PBH.
Outras sugestões – Diversos outros presidentes da associações de bairro cobraram mais agilidade da PBH e apresentaram reivindicações e sugestões para o complexo viário. O representante do Belvedere, Ricardo Michel, assim como o deputado Fred Costa, se disse frustrado com a morosidade das obras e propôs a criação de um fundo imobiliário que obrigue as construtoras a contribuir para as intervenções de mobilidade urbana nos locais onde estiverem realizando empreendimentos.
O presidente da associação do bairro Estoril, Álvaro Afonso, quer alterações no tráfego sem impactos financeiros. Para tanto, sugeriu mudanças em mãos de direção, abertura de canteiros e, em último caso, desapropriação de poucos lotes improdutivos da região.
Finalmente, o presidente da Associação Casa Raja Shopping, Júlio Alberto Lima, também considerou inviável a proposta inicial da BHTrans apresentada em 2012 e pediu o aperfeiçoamento do Código de Posturas da cidade, de modo a evitar acúmulo de veículos estacionados nas vias rápidas.
BHTrans alega complexidade da obra para justificar atraso
O representante da BHTrans na reunião, Rogério Carvalho Silva, colocou-se à disposição para que se pense uma solução alternativa para o complexo viário, mas ponderou que a região é delicada e que, portanto, a obra jamais será rápida e barata. De acordo com ele, a ocupação imobiliária desordenada e o aumento no número de veículos sobrecarregou o sistema viário. “Temos que equilibrar, ainda, os interesses de motoristas, comerciantes e pedestres. Defendo que um transporte público de qualidade é fundamental para que o problema tenha uma solução definitiva”, salientou.
Na sua avaliação, é preciso levar em conta que resolver um problema localizado pode, simplesmente, transferir o gargalo para outra região. “Temos que pensar a região como um todo, e isso não é fácil”, justificou.
A representante da Regional Oeste da PBH, Renata Araújo, afirmou que o tema é afeito à BHTrans, mas colocou-se à disposição para levar as sugestões apresentadas à Comissão Regional de Transporte e Trânsito do órgão para debate.
Ao final da reunião, o deputado Anselmo José Domingos lembrou que a lei municipal de mobilidade urbana determina que, além de melhorias no transporte público, sejam criadas alternativas para o transporte individualizado não motorizado. “Temos que pensar em toda a extensão dos corredores de trânsito, e não apenas em cruzamentos e entroncamentos. Caso contrário, o problema só irá mudar de lugar”, alertou.