O chefe do Detran-MG, Oliveira Santiago Maciel, aposta na mudança de conduta dos motoristas para redução de acidentes
Medidas para reduzir acidentes de trânsito são apontadas por especialistas e autoridades

Mudança na conduta de motoristas pode evitar acidentes

Chefe do Detran-MG destaca excesso de velocidade entre as principais causas de acidentes de trânsito.

05/07/2012 - 16:05

A maior parte dos acidentes de trânsito têm causas previsíveis, que poderiam ser evitadas. Essa foi a avaliação do chefe do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), Oliveira Santiago Maciel, que participou das atividades na manhã desta quinta-feira (5/7/12) do  Ciclo de Debates Siga Vivo: pelo fim da violência no trânsito, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais em parceria com mais de 50 entidades ligadas ao tema.

No evento, Maciel destacou que o excesso de velocidade é uma das principais causas de acidentes de trânsito. Outros aspectos apontados por ele como preocupantes quando se analisa a questão do trânsito são o aumento excessivo da frota de veículos e a falta de integração dos municípios mineiros ao Sistema Nacional de Trânsito.

Maciel também ressaltou que o Estado tem se esforçado para elaborar políticas públicas e ações que contribuam para o alcance da meta estabelecida pela ONU, de redução de 50% no número de acidentes no trânsito até 2020, minimizando uma situação que ele considerou como caótica.

De acordo com Maciel, por meio do Decreto 45.466, de 2010, o Estado formulou um Plano Mineiro de Prevenção e Atendimento a Acidentes de Trânsito, que, por meio do seu comitê gestor, vem articulando uma série de ações no sentido de diminuir a violência no trânsito. Ele exemplificou, como uma dessas ações, a intensificação no número de blitze em Belo Horizonte, bem como o início desse tipo de operação em outras cidades do interior do Estado. Outra iniciativa é um mapeamento que tem sido feito pela Polícia Rodoviária dos dez pontos mais críticos nas vias do Estado, de forma que o poder público possa fazer uma intervenção mais efetiva nessas áreas.

Por fim, o representante do Detran reforçou a importância da educação do trânsito, de forma a tornar o cidadão mais crítico e reflexivo sobre suas ações.

Mudança de conduta – Dirigir embriagado ou em excesso de velocidade no trânsito; comprar carteiras de habilitação; não usar os equipamentos de segurança necessários. Citando essas e outras situações, o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense Pires, provocou o público presente no Plenário da Assembleia , sugerindo que todos ali conheciam alguém que comete diariamente pelo menos uma dessas infrações.

Segundo Pires, esse tipo de conduta está ligada à mentalidade que foi construída entre as pessoas de que as infrações só se tornam um problema quando vitimam alguém que seja próximo a elas.

O presidente da ANTP ainda defendeu um comportamento mais combativo por parte da classe política do País. Segundo ele, o trânsito arrecada no País mais de R$60 bilhões por ano e as soluções para resolver o problema já são conhecidas, mas falta priorizar o tema nas esferas políticas.

Debates – Duas questões foram enfatizadas pelos participantes do Siga Vivo durante a fase de debates: o papel da imprensa como agente conscientizador e a importância da educação no trânsito. Para o capitão da Polícia Militar de Minas Gerais, José Procópio, o papel da mídia como fomentadora de uma mudança de comportamento do condutor no trânsito seria fundamental. O papel fiscalizador e conscientizador que as mídias poderiam ter também foi lembrado pelo superintendente regional da Polícia Rodoviária Federal em Minas Gerais, inspetor Davi Stanley.

Já para o representante do Centro de Formação de Condutores Sistema, Ricardo Batista, a educação para o trânsito seria um remédio para a situação. Ele cobrou maior atenção aos centros de formação, que, segundo ele, são a base para a educação dos futuros motoristas, mas que hoje são vistos como "fábricas de carteiras".

Transporte coletivo – O representante da Diretoria de Educação na Saúde da Prefeitura de Betim, Anísio Honorato Campos, fez uma relação entre a violência no trânsito e a falta de investimentos públicos em formas alternativas de mobilidade urbana. Ele defendeu que o problema seja visto sob uma ótica estrutural, não sendo reduzido apenas a um aspecto comportamental do condutor.

Já o representante do Sindicato dos Guardas Municipais do Estado de Minas Gerais (Sindguardas), Anderson Acácio, fez uma crítica ao fato de a guarda municipal, que segundo ele trabalha de forma precária e sem apoio na questão do trânsito, não ser devidamente valorizada como potencial agente conscientizador.