Produtores rurais falaram sobre as dificuldades do processo de georreferenciamento
Deputados criticam morosidade do Incra na liberação de certificados

Comissão vai pedir providências sobre georreferenciamento

Deputados querem retorno mais rápido por parte do Incra em relação a mapeamento de propriedades rurais.

04/07/2012 - 19:44

A Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais vai pedir providências ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para facilitar o georreferenciamento de propriedades rurais, já que, segundo produtores, a análise dos processos de mapeamento tem demorado. Os requerimentos foram aprovados em audiência pública da comissão, na tarde desta quarta-feira (4/7/12), para discutir o andamento dos processos.

Entre os requerimentos aprovados está o envio de ofício à presidenta da República, Dilma Rousseff, ao presidente do Incra e ao ministro do Desenvolvimento Agrário para solicitar análise da possibilidade de que o proprietário possa usar o número do protocolo do processo para realizar operações nos cartórios e nas agências de financiamento. Isso passaria a ocorrer nos casos em que o Incra não dê retorno sobre a certificação de georreferenciamento de uma propriedade em prazo superior a 90 dias. O requerimento é dos deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), Inácio Franco (PV) e Fabiano Tolentino (PSD) e da deputada Liza Prado (PSB).

De acordo com o Incra, o georreferenciamento consiste na atribuição de coordenadas (latitude e longitude) a qualquer ponto do imóvel. O mapeamento foi instituído pela Lei Federal 10.267, de 2001, e é necessário somente nos casos de transferência, desmembramento, remembramento ou parcelamento do imóvel. Ainda segundo o Incra, o objetivo do georreferenciamento é aumentar a segurança jurídica do imóvel para os proprietários e a qualificação do conhecimento e da gestão da estrutura fundiária nacional.

Vários produtores rurais criticaram a falta de agilidade por parte do Incra. O vice-presidente da Associação Rural Pinheirense, José Eduardo Simões Mendonça, criticou o alto custo do serviço de agrimensura e afirmou que muitos processos aguardam parecer do Incra há bastante tempo. Ele disse, por exemplo, ter conhecimento de protocolos que esperam cinco ou seis anos pela resposta do órgão.

O diretor financeiro da Associação dos Serventuários de Justiça de Minas Gerais, Ari Álvares Pires Neto, reforçou a crítica em relação ao tempo de espera dos processos no Incra e mencionou que a demora pode estimular a clandestinidade, já que os desmembramentos de propriedades continuam a ocorrer, mas sem o devido registro. Partiu dele a sugestão do uso do protocolo do Incra em caso de demora na resposta aos processos.

Incra vai cumprir escalonamento e contar com Exército para reduzir espera

Conforme o analista do Incra, Marcelo José Pereira da Cunha, houve um escalonamento para a certificação de georreferenciamento e os proprietários de imóveis rurais com menos de 500 hectares, nos casos mencionados, serão obrigados a fazer o georreferenciamento do imóvel e a certificação no Incra a partir de novembro de 2013. Ele admitiu que há certa demora nos retornos aos proprietários devido à falta de pessoal e à novidade do processo para o instituto, que, inicialmente, teria concentrado muitas ações, sem ter dado conta dos retornos.

Para reduzir o tempo de espera, o Incra firmou termo de cooperação técnica com o Exército para a análise de processos em todo o País. Marcelo Cunha explicou que o Exército foi chamado a colaborar devido a seu conhecimento sobre o assunto.

Automatização – Marcelo da Cunha informou que o Incra está em fase de automatização do processo de certificação, que será feito pela internet e facilitará os trabalhos. A data para implementação do sistema ainda não foi definida. O analista destacou que o Incra é sensível ao requerimento dos deputados em relação ao uso do protocolo em caso de demora nas respostas à certificação do georreferenciamento.

Os autores do requerimento para a audiência, deputados Antônio Carlos Arantes e Inácio Franco, reforçaram que o objetivo do debate era facilitar os trâmites para os produtores rurais e aumentar o conhecimento deles em relação ao assunto. O deputado Fabiano Tolentino e a deputada Liza Prado destacaram os esforços do Incra, mas mencionaram que a falta de pessoal prejudica os produtores rurais.

Outras providências – A comissão também aprovou outros três requerimentos relacionados ao tema. Um solicita o envio de ofício à presidenta Dilma Rousseff para realização de concurso público para servidores da área de cartografia na superintendência regional do Incra em Minas. O requerimento é assinado pelos deputados Antônio Carlos Arantes, Inácio Franco e Fabiano Tolentino e pela deputada Liza Prado.

A comissão vai pedir, ainda, que a presidenta reveja o Decreto Federal 4.449, de 2002, para ampliar os prazos para o georreferenciamento de imóveis rurais; e que o presidente do Incra priorize a implantação do sistema eletrônico informatizado para recebimento dos processos de certificação. Os requerimentos são dos deputados Antônio Carlos Arantes e Inácio Franco e da deputada Liza Prado.

Antônio Carlos Arantes e  Liza Prado pedem, ainda, o envio de ofício ao superintendente regional do Incra no Estado para urgência na instalação da rede de distribuição de água no poço perfurado para lotes, bem como a contratação de assistência técnica para o projeto do assentamento Itatiaia, em João Pinheiro (Noroeste de Minas).

Consulte o resultado da reunião.

 

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