Redução de acidentes de trânsito depende de ação integrada
Avaliação é unânime entre especialistas e autoridades participantes de ciclo de debates em Betim.
21/05/2012 - 17:36O que é preciso fazer para reduzir os acidentes de trânsito? Esta pergunta é que motivou as discussões realizadas na tarde desta segunda-feira (21/5/12) em Betim, durante o primeiro encontro regional do Ciclo de Debates Siga Vivo: pelo fim da violência no trânsito. Realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais com o apoio de mais de 50 entidades, o evento tem entre seus objetivos a articulação dos agentes públicos para a adoção de medidas para reduzir a violência no trânsito.
Essa articulação de políticas e órgãos públicos foi defendida por todos os especialistas e autoridades que participaram do encontro. Para a deputada Maria Tereza Lara (PT), que coordenou os debates, é preciso envolver o Poder Legislativo para a elaboração de leis mais rígidas, garantir fiscalização rigorosa e vias públicas bem cuidadas, além de ações de educação para o trânsito.
O secretário municipal adjunto de Saúde de Betim, Márcio Melo Franco, disse que as ações educativas não podem ser o foco principal das políticas públicas, uma vez que elas não têm surtido efeito. Ele defendeu a realização de um pacto pela redução dos acidentes de trânsito, baseado em educação, punição dos infratores, investimentos em infraestrutura viária, segurança dos veículos e atendimento de qualidade aos acidentados.
A integração entre os órgãos responsáveis pela segurança no trânsito também foi defendida pelo coordenador da Associação Brasileira de Educação de Trânsito, Paulo Sérgio Rocha Borba. “É muito fácil culpar os cidadãos pelos acidentes, mas o poder público tem sido omisso no cumprimento de seus deveres, haja vista as deficiências de infraestrutura e de fiscalização”, completou.
O presidente da Transbetim, Eduardo Lucas, defendeu que as políticas de segurança no trânsito dependem da criação de um núcleo gestor, para assegurar a necessária articulação entre os diversos órgãos envolvidos. O professor do Cefet-MG, Santelmo Xavier Filho, disse que a obrigatoriedade da inspeção veicular poderia aumentar a segurança no trânsito. Já o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos, José Acácio Carneiro, defendeu punição mais rigorosa para quem dirige embriagado.
Acidentes com motos são desafio
O crescimento a frota de veículos, especialmente de motocicletas, é um dos grandes desafios para a segurança no trânsito. Segundo Márcio Melo Franco, que também é médico plantonista em hospitais de pronto-socorro, o Brasil é o segundo país com o maior número de acidentados com moto. São 7,1 para cada 10 mil habitantes, índice abaixo apenas do Paraguai (7,6). Na Suécia, de acordo com o secretário adjunto, esse índice é de 1,5.
Somente o Hospital Regional de Betim atendeu 2.497 motociclistas acidentados em 2011. Eles são o principal grupo de pacientes envolvidos em acidentes de trânsito atendidos no hospital, onde são consumidos anualmente R$ 70 milhões por ano em recursos públicos para tratamento das vítimas do trânsito. “Cerca de 52% dos acidentes com moto ocorrem em função do zigue-zague feito entre os carros”, informou Márcio Melo Franco.
Bombeiros – Outro desafio é o atendimento a vítimas de acidentes graves de trânsito no interior do Estado, especialmente aqueles em que as vítimas ficam presas às ferragens. O Corpo de Bombeiros, que possui os aparelhos de desencarceramento, está presente em apenas 52 dos 853 municípios mineiros. “Temos registro de deslocamento de equipe de 450 quilômetros. Imaginem uma pessoa presa às ferragens esperando nosso atendimento por tanto tempo”, ilustrou o major do Corpo de Bombeiros Erlon Dias do Nascimento. A corporação defende a ampliação de suas unidades e a criação de postos avançados nas rodovias, de modo a reduzir o tempo de deslocamento de suas equipes.