Comissão pretende fazer outra audiência pública para acompanhar o encaminhamento do caso

Atuação de policiais civis é questionada em audiência

Policiais civis teriam acobertado colega que fugiu após ser abordado por policiais militares.

16/02/2012 - 13:14

A atuação de policiais civis da 4ª Delegacia do Barreiro que teriam acobertado um policial civil que fugiu após ser abordado por policiais militares foi criticada por deputados e policiais militares que participaram de audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (16/2/12). Na reunião, policiais militares relataram que foram impedidos pelos policiais civis de vistoriar o carro do colega. Entretanto, a delegada responsável pelo caso afirmou que tomou todas as medidas que lhe cabiam e que posteriormente encaminhou o ocorrido para apuração da Corregedoria.

O representante do Batalhão de Polícia de Eventos da Polícia Militar, 2º-sargento Hélio Carlos Alves Santana, explicou que a Polícia Militar, no início de fevereiro de 2012, fazia uma operação no Aglomerado Ventosa, em Belo Horizonte, quando um taxista teria passado e falado que havia uma pessoa dirigindo um carro e abordando pedestres com uma arma. Segundo ele, o motorista, que era o policial civil Luciano Trajano Camargo, viu o carro da PM e deu marcha ré para fugir da operação. Entretanto, os policiais militares conseguiram alcançá-lo e pediram para que ele saísse do carro. Ele se recusou a desembarcar, disse que era policial civil e fugiu com o carro.

Hélio Santana contou que os policiais militares seguiram Luciano Camargo até a 4ª Delegacia do Barreiro, onde ele guardou o veículo. Segundo Hélio, o inspetor da Polícia Civil Denílson Monteiro de Castro, que estava no local, pediu para que militares ficassem do lado de fora da delegacia e não permitiu que fosse feita uma busca no interior do veículo. Para Hélio Santana, era necessário fazer a vistoria, já que o porta-malas aparentava estar muito pesado.

O sub-comandante do Batalhão de Polícia de Eventos da Polícia Militar, major Marcelo Campos Pinheiro, afirmou que não é intenção alimentar qualquer discórdia entra as duas polícias. Ele mencionou que, em conversa com o inspetor Denílson de Castro, teria relatado os fatos, mas forneceu apenas o nome do policial civil e seu registro na instituição. Marcelo Pinheiro ainda afirmou que, quando a delegada responsável chegou ao local, ela não teria conversado com os policiais militares para entender o ocorrido e apenas perguntado se estava tudo bem.

Delegada afirma que tomou medidas cabíveis

A delegada da 4ª Delegacia de Polícia Civil, Sônia Maria Jesus de Miranda, explicou que não estava na delegacia no momento e que se dirigiu ao local após ser avisada. Ao chegar, ela encontrou os policiais militares na porta da delegacia. Segundo ela, eles não a alertaram sobre a necessidade de realizar uma busca no veículo e não relataram a gravidade do ocorrido. De acordo com a Sônia Miranda, a situação aparentava já estar resolvida. “Tomei as medidas que me cabiam de acordo com as informações que tinha”, disse.

A delegada ainda afirmou que teria se colocado à disposição dos policiais militares e que eles teriam dito que a única informação que queriam era a identificação de Luciano Camargo, mas que isso já teria sido resolvido. Segundo Sônia Miranda, ela não teria convidado os policiais para entrar na delegacia porque procurou resolver a questão o mais rápido possível.

Por fim, Sônia Miranda explicou que só ficou sabendo dos detalhes do ocorrido posteriormente, quando encaminhou os fatos para apuração da corregedoria. Segundo ela, o inspetor Denílson de Castro atuou para apaziguar a situação e explicou que ele não compareceu à reunião da comissão porque estaria em viagem de férias.

Corregedoria - O subcorregador da Polícia Civil, Vicente Ferreira Guilherme, afirmou que a Corregedoria já está ciente dos fatos e vai apurar o acontecido. Ele também disse que a questão foi encaminhada à Corregedoria pela delegada Sônia Miranda.

O presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB), leu carta do Luciano Camargo encaminhada à comissão. Ele negou todos os fatos e afirmou que estaria fazendo uma operação policial naquele dia.

Deputados criticam atuação dos policias civis

Os deputados presentes na reunião fizeram críticas à atuação dos policiais civis. O autor do requerimento para a audiência, deputado Sargento Rodrigues (PDT), afirmou que Luciano Camargo possui vários registros policiais, sendo inclusive investigado pela Polícia Federal. “Policial que não para diante de uma abordagem de um outro policial é, no mínimo, suspeito de algum delito”, afirmou. Ele também criticou o fato de que não foi feita nenhuma busca no interior do veículo e a atuação dos policiais civis.

Já o deputado João Leite questionou o fato de a delegada não ter convidado os policiais militares para entrarem na delegacia. Ele lembrou a importância de uma atuação mais integrada das polícias. A vice-presidente da comissão, deputada Maria Tereza Lara (PT), também falou sobre a necessidade de integração das polícias civil e militar. Sobre o ocorrido, ela disse esperar que a Corregedoria apure os fatos.

O representante da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares da Minas Gerais (Aspra), subtentente Luiz Gonzaga Ribeiro, defendeu o trabalho dos policiais militares, que, em sua opinião, agiram de forma correta e profissional. Ele também fez críticas à atuação dos policiais civis. Luiz Gonzaga Ribeiro ainda afirmou que a Polícia Civil deve um pedido de desculpas por ter colocado para fora da delegacia os policiais militares.

Requerimentos – No final da reunião foram aprovados pedidos de providência da comissão com o objetivo de dar prosseguimento à apuração dos fatos. Os deputados querem: a realização de nova audiência para debater o assunto com a presença do inspetor Denílson de Castro e do policial civil Luciano Camargo; que seja encaminhado ofício à Polícia Federal solicitando informações sobre inquéritos envolvendo Luciano Camargo; e que seja encaminhado ofício à Polícia Civil solicitando informações sobre as férias de Luciano Camargo em 2012, além da sua ficha funcional e da ficha funcional de Denílson Castro.

Gado - Também foi aprovado requerimento apresentado pelos deputados Inácio Franco (PV) e Antônio Carlos Arantes (PSC) para debater o furto de gado e equipamentos agrícolas em Minas Gerais.

Consulte o resultado da reunião.