Sabatinada apresenta projetos estratégicos para
Hemominas
A ampliação dos postos avançados de coleta de
sangue e a consolidação do Centro de Tecidos Biológicos de Minas
Gerais (Cetebio) são algumas das metas da Fundação Hemominas para os
próximos anos. O mapa estratégico da fundação foi apresentado pela
médica Júnia Guimarães Mourão Cioffi durante sabatina da Comissão
Especial que analisou sua indicação para a presidência da fundação,
nesta terça-feira (28/6/11).
O parecer do deputado Doutor Viana (DEM), opinando
pela aprovação da indicação, foi aprovado pela comissão. Agora, a
indicação é submetida ao Plenário para ser votada em turno único. "A
candidata é uma pessoa identificada com o trabalho e que conhece
muito bem a Hemominas. Tenho certeza de que dará continuidade aos
projetos já em andamento e ainda irá propor outros avanços", afirmou
o relator.
Júnia Guimarães Mourão Cioffi é pediatra,
hematologista e hemoterapeuta, com Mestrado em Gestão de Políticas
Públicas. Começou a trabalhar como médica do Hemominas em 1989. Em
1999 assumiu a Diretoria Técnico-Científica da instituição e, agora,
deixou a função para assumir a presidência da fundação.
De acordo com a sabatinada, a Hemominas tem por
objetivo, segundo seu mapa estratégico, garantir a satisfação de
doadores e pacientes e manter o atendimento da demanda por produtos
e serviços. Entre os desafios colocados estão alcançar a
certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), manter o
atendimento aos requisitos de qualidade dos produtos e serviços,
consolidar o Cetebio e alcançar o atendimentos aos requisitos de
qualidade e segurança em TI.
A Hemominas tem uma administração central que
define diretrizes para manter o padrão de qualidade e segurança das
24 unidades espalhadas pelo Estado. Uma das propostas apresentadas
pela sabatinada é que as coletas de sangue possam ser facilitadas
por meio da criação de postos avançados. Essas unidades, implantadas
em parceria com os municípios, fariam coletas periódicas em locais
determinados. As bolsas de sangue seriam processadas nas unidades da
Hemominas mais próximas e o sangue devolvido ao município pronto
para ser usado. Segundo Júnia Cioffi, a intenção é que o projeto
seja expandido para municípios com mais de 100 mil habitantes e com
grande demanda transfusional.
A hematologista ainda explicou que a fundação
utiliza o atendimento aos hospitais como um dos indicadores de
eficácia do atendimento da instituição. Em 2010, 90% da demanda dos
500 hospitais atendidos pela instituição foram atendidas. Em
dezembro, o índice foi de 96,5%.
A Hemominas também faz atendimentos domiciliares a
hemofílicos, acompanha gestantes com Doença Falciforme e ainda
desenvolve atividades voltadas para a conscientização para a
importância da doação. Ainda são desenvolvidas atividades de
treinamento de profissionais da hemorrede nacional e de pesquisa em
grupos de trabalho em âmbito nacional e internacional.
Cetebio deve começar a fornecer material para
transplante ainda este ano
Sobre o Cetebio, Júnia Cioffi afirmou que o
objetivo é que o centro atenda não só Minas Gerais, mas também os
pacientes do SUS que precisem de transplante de tecidos, como o caso
dos grandes queimados de pele; dos pacientes de doenças
degenerativas osseomusculares, que precisam de transplantes de
tendão, ossos, articulações e cartilagens; além do banco de sangue
de cordão umbilical.
Para 2011, após o credenciamento pelo Ministério da
Saúde, o Cetebio fornecerá pele para os queimados de Minas Gerais e
começará a fazer os protocolos dos processamentos do tecido
músculo-esquelético e do sangue de cordão.
Entre os projetos em andamento na fundação, estão o
Laboratório de HLA, que tem o objetivo de ampliar o número de
doadores de medula óssea; o Laboratório do NAT, em parceria com o
Ministério da Saúde, que visa a ampliar a segurança dos testes
sorológicos de biologia celular para HIV e Hepatite C; além da
Central de Imuno-Hematologia, para melhorar os testes com doadores e
o Projeto de Plasmaférese-Terapêutica. "Até 2010 Minas Gerais não
tinha nenhum serviço do SUS para isso", afirmou.
Deputados fazem perguntas sobre dificuldades da
fundação
Em resposta a perguntas dos deputados Doutor Viana
e Luiz Carlos Miranda (PDT), Júnia Cioffi afirmou que uma das
maiores dificuldades da Hemominas é a conscientização das pessoas
para a importância das doações. "A população ainda não vê a doação
de sangue como um ato de cidadania", avaliou. Ela acredita que a
nova portaria que ampliou a faixa etária para doação de sangue
poderá ajudar. Segundo ela, o índice ideal de doadores, segundo a
Organização Mundial de Saúde, é de 5% da população. No Brasil, esse
índice é um pouco maior que 2%.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) fez diversos
questionamentos à hematologista sobre as contratações precárias na
fundação, as triagens de doadores que não são feitas por médicos e
as condições dos contratos com hospitais privados.
Júnia Cioffi esclareceu que as contratações foram
feitas em caráter temporário, enquanto não se abre concurso para
preenchimento de vagas. Sobre as triagens de doadores, ela informou
que o atendimento experimental foi feito por outros profissionais da
saúde com curso superior, após consulta ao Conselho Federal de
Medicina. Em relação aos contratos para fornecimento de produtos do
Hemominas a hospitais, a médica explicou que a fundação não tem
controle sobre os valores que os hospitais repassam aos pacientes.
No entanto, segundo ela, a Hemominas apresenta sua tabela de custos
sempre que há algum questionamento.
O deputado Adelmo Carneiro Leão defendeu a abertura
de concurso público para a fundação e que a Hemominas forneça as
informações sobre os custos de seus produtos e serviços aos
pacientes no momento que assinar contrato com os hospitais.
O deputado Dr. Wilson Batista (PSL) falou da
dificuldade dos pacientes que precisam providenciar doadores de
sangue antes de serem submetidos a determinadas cirurgias. O
parlamentar questionou se os postos avançados de coleta não poderiam
estar vinculados a hospitais para facilitar esse tipo de doação. A
sabatinada esclareceu que o convênio é sempre feito com o gestor
municipal, porque se o candidato à doação for inapto, precisará ser
absorvido pelo sistema público de saúde para o caso de algum
tratamento.
O deputado Carlos Mosconi (PSDB) confirmou os
avanços da política de sangue no País, desde a criação dos
hemocentros, e apoiou o nome de Júnia Cioffi para a presidência do
Hemominas, em função de seu conhecimento e trajetória na
instituição.
Presenças - Deputados Dr.
Wilson Batista (PSL), presidente; Carlos Mosconi (PSDB), vice;
Doutor Viana (DEM), relator; Adelmo Carneiro Leão (PT); e Luiz
Carlos Miranda (PDT).
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