Substituição de sacolas plásticas depende de mudança de hábitos

A necessidade de conscientização da população para uma mudança de hábitos em relação ao consumo; e a mudança do foco ...

12/05/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Substituição de sacolas plásticas depende de mudança de hábitos

A necessidade de conscientização da população para uma mudança de hábitos em relação ao consumo; e a mudança do foco da discussão sobre a substituição das sacolas plástica, para a sua destinação final em usinas de compostagem. Este é o resumo de mais de quatro horas de audiência pública conjunta das Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (12/5/11).

A audiência foi solicitada pelos deputados Célio Moreira (PSDB) e Alencar da Silveira Jr. (PDT), com o objetivo de subsidiar o parecer do Projeto de Lei 1.023/11, do deputado Leonardo Moreira (PSDB), que será analisado por quatro comissões, incluindo a de Meio Ambiente. Depois de ouvir 15 convidados, 11 deputados e pessoas do público, o presidente da comissão, deputado Célio Moreira, disse que vai aproveitar o debate para extrair melhorias para o projeto. Foram ouvidos representantes do comércio varejista, da indústria de transformação, da prefeitura de Belo Horizonte, dos supermercados e técnicos.

O PL 1.023, que está na Comissão de Constituição e Justiça para parecer de legalidade, dispõe sobre o acondicionamento de mercadorias no comércio varejista. A ele foi anexado o PL 1.043/11, do deputado Anselmo José Domingos (PTC), por guardar semelhanças. Mas diferente da Lei Municipal 9.529, de 2008, regulamentada pelo Decreto 13.446, do mesmo ano, que começou a vigorar a partir de 18 de abril passado, o projeto do deputado Leonardo Moreira abrange outras embalagens como demais sacos plásticos para acondicionamento no comércio varejista.

Os debates giraram em torno de qual o melhor produto a substituir a sacola plástica, se o biodegradável, como vem sendo feito com a lei municipal, se o oxibiodegradável, como defendida por alguns especialistas; ou se a retornável. A maioria dos convidados defendeu a mudança na discussão, para que o debate não se foque na questão de qual o melhor produto ou de quem é o ônus da substituição. Muitos convidados afirmaram que o problema é o mau uso da sacola plástica pelo consumidor e a falta de usinas de compostagem para a destinação final desse e do produto que irá substituí-lo.

Substituição ainda não encontra consenso

O longo debate mostrou que a substituição das sacolas plásticas ainda não encontra consenso. "Se tivesse havido a adesão da sociedade, esta discussão não estaria acontecendo", lembrou o ouvidor ambiental do Estado, Eduardo Machado Tavares. Enquanto o deputado Alencar da Silveira Jr declarou que não abre mão de retirar do consumidor o ônus do custo dessa substituição, Célio Moreira afirmou que há consenso na Assembleia de se conciliar todos os interesses. Alencar afirmou que vai apresentar emenda ao PL 1.023, para que os supermercados façam uma compensação com o consumidor: a doação de uma sacola retornável a cada dez sacolas de plástico devolvidas.

Já Adalclever Lopes (PMDB), mostrando frutas compradas por ele em supermercado próximo à ALMG, exibiu a nota fiscal em que comprova ter pago pela sacola biodegradável, mas com o produto embalado no plástico comum. "Esta substituição é uma balela, uma enganação muito grande", sentenciou. Délio Malheiros (PV) disse que é preciso evoluir para o "velho hábito de levar a sacola de pano para o supermercado". E acrescentou: "precisamos banir de vez todas as sacolas plásticas".

O deputado Gustavo Corrêa (DEM) reconheceu que o consumidor está se sentindo injustiçado por pagar pela substituição, mas acredita que a lei municipal é uma forma de conscientizar a população. A opinião foi compartilhada pela deputada Luzia Ferreira (PPS). Corrêa disse também não acreditar que os supermercados estejam lucrando com a situação. O deputado Pompílio Canavez (PT) disse que a principal questão não é de quem paga ou não a substituição, mas o que é melhor para o meio ambiente.

O vereador de Belo Horizonte, Arnaldo Godói (PT), autor do projeto que se transformou na lei municipal, repudiou acusações de que a Câmara teria dado um presente para os supermercados. E também lembrou a necessidade de a população rever hábitos de consumo, destacando ainda que este processo de transição é difícil para o consumidor.

Lei de Resíduos Sólidos - Para o representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Ilmar Bastos, o principal é que o projeto que tramita na Assembleia se adeque à Lei Federal de Resíduos Sólidos ( Lei 12.305, de 2010). Para ele, é preciso que a legislação mineira tenha em conta o que está na lei federal, como a criação da logística reversa, ou seja, mecanismo que obriga os fabricantes, distribuidores e vendedores a recolher embalagens usadas, de materiais agrotóxicos, pneus, óleos lubrificantes, pilhas, entre outros. E que também incentive os catadores de papel, como prestadores de serviço à sociedade. "A discussão não deve ser sobre sacola de plástico biodegradável ou oxibiodegradável, porque todas degradam. A discussão deve ser sacola nenhuma".

As entidades ligadas ao comércio como Federação do Comércio, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Nacional de Supermercados (Abras), Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e Associação Mineira de Supermercados (Amis) pediram campanhas de conscientização da população. E garantiram que não estão lucrando com a venda das sacolas biodegradáveis.

Defesa veemente do plástico foi feita por Francisco de Assis, do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida), entidade que representa a cadeia produtiva do setor. Ele disse que plástico é carbono e que descartá-lo é descartar energia pura, e "que todos os plásticos são 100% recicláveis". Para o consultor em meio ambiente, engenheiro Fernando Figueiredo, da empresa EcoSigma, a tecnologia oxibiodegradável é a melhor para substituir a sacola plástica.

Já o representante da empresa Extrusa, fornecedora das sacolas biodegradáveis de Belo Horizonte, Jésus Costábile, pediu que a indústria de transformação seja chamada a colaborar no aperfeiçoamento do projeto estadual, "pois teríamos outras tecnologias para indicar, como por exemplo o plástico verde" ( feito a partir da cana de açúcar).

Houve várias intervenções do público presente, entre eles a da representante da Fundação Verde (Fuverde), Ana Domingos. Ela disse que a fundação começou a guerra contra as sacolas plásticas em 2004. E ainda pequenos comerciantes de sacolas que contestam dados sobre o período de vida das sacolas no ambiente.

Presenças - Deputados Célio Moreira (PSDB), presidente da Comissão de Meio Ambiente e que presidiu a audiência; Duarte Bechir (PMN), vice; Gustavo Corrêa (DEM); Luiza Ferreira (PPS0, Sávio Souza Cruz (PMDB); Délio Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Liza Prado (PSB), vice; Duílio Castro (PMN), Adalclever Lopes (PMDB), Alencar da Silveira Jr (PDT) e Pompílio Canavez (PT).

 

 

 

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