Indicado ao Ipem aponta riscos à saúde e diz que setor é prioridade

A serpentina metálica, produto que teria causado a explosão na rede elétrica de Bandeira do Sul (Sul de Minas), matan...

06/04/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Indicado ao Ipem aponta riscos à saúde e diz que setor é prioridade

A serpentina metálica, produto que teria causado a explosão na rede elétrica de Bandeira do Sul (Sul de Minas), matando 16 pessoas durante comemoração pré-carnaval em fevereiro, deverá se tornar item de certificação obrigatória pelo Inmetro. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (6/4/11) pelo presidente do Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais (Ipem), Tadeu José Mendonça, durante arguição pública na Comissão Especial criada para emitir parecer sobre sua indicação ao cargo.

Após a sabatina, a comissão aprovou o parecer favorável do relator, deputado Duilio de Castro (PMN). Agora a indicação já pode ser analisada pelo Plenário, cumprindo o artigo 62 da Constituição Estadual, pelo qual cabe à Assembleia aprovar, previamente, por voto secreto e maioria simples, após arguição pública, a escolha de titulares de alguns cargos públicos.

Já presidindo o órgão, Tadeu José apresentou um balanço da gestão do Ipem no período de 2005 a 2010 e foi indagado pelo relator sobre qual seria o papel do instituto em situações como a tragédia ocorrida em Bandeira do Sul - onde a serpentina metálica teria gerado uma explosão ao atingir a fiação entre os postes de alta tensão. O presidente do Ipem esclareceu que o órgão só pode atuar na fiscalização de produtos que têm certificação compulsória, o que deve ocorrer em breve com a serpentina.

Tadeu José esclareceu, contudo, que a falta de certificação obrigatória não significa que qualquer produto possa ser vendido livremente. Há, segundo frisou, a exigência de identificação do fabricante, com CNPJ e inscrições do produto para que o mesmo seja comercializado. "Nada disto havia na serpentina usada em Bandeira do Sul. Lamentável", afirmou.

Sobre o episódio, ele adiantou ainda que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) deve acolher, em breve, estudo do Ipem a respeito da serpentina metálica, em que o órgão solicita que o produto, hoje classificado como brinquedo, passe a ser tratado como artigo de festa, incluindo-o no rol das certificações compulsórias. "É um produto que não pode ser vendido para criança não só por ser metalizado, mas por alcançar em velocidade uma distância de 15 metros, o que também é perigoso para os olhos".

O que é - O Ipem integra o Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. Atua por meio de sua sede e unidades regionais, fiscalizando e verificando aparelhos de medição como balanças, bombas medidoras de combustível, hidrômetros, termômetros e taxímetros, entre outros. Também desenvolve ações de fiscalização para informar e proteger o consumidor, que abrangem produtos como extintores de incêndio e serviços como instalação de aparelhos de gás natural veicular. O objetivo é garantir a qualidade e a segurança dos produtos e serviços comercializados em Minas Gerais.

Equipamentos médicos e defeitos em aparelhos de pressão preocupam órgão

Em sua exposição na ALMG, Tadeu José disse que o setor de saúde está entre as prioridades de atuação do Ipem e alertou para os riscos a que a população está exposta diante de equipamentos sofisticados em uso em hospitais, clínicas e serviços de diagnóstico. Segundo o presidente do Ipem, muitos deles, importados, digitais e operados com o auxílio da web, não são manuseados por gente capacitada para tanto, além de chegarem ao País com manuais sem tradução, muitas vezes em chinês ou japonês. "São pessoas que investem muito no aparelho e não em pessoal", advertiu. Segundo ele, têm sido frequentes situações em que, no meio de cirurgias, equipes recorrem à web ou outros recursos para ver que comando devem usar em aparelhagens sofisticadas.

Defeitos - Da mesma forma, o presidente do Ipem considerou alarmante o percentual de aparelhos de medir a pressão arterial encontrados com defeitos em fiscalizações do órgão. Em um grupo de 100 aparelhos testados, até 56 chegam a apresentar problemas, prejudicando o atendimento em CTIs, unidades de pronto-socorro e outras. "Quantos milhões devem estar sendo investidos em medicamentos para controle de pressão, quando o problema na verdade está no aparelho", alertou Tadeu José. Ele solicitou o apoio da ALMG e das prefeituras na discussão de problemas dessa natureza.

Indicado defende concurso público e diz que multar não é a prioridade

Graduado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas e Direito, Tadeu José atua desde 2004 no Instituto de Pesos e Medidas do Estado de Minas Gerais, hoje Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais. Ele ressaltou que o órgão é auto-suficiente economicamente, tendo obtido saltos expressivos em sua arrecadação não pelo incremento de multas, e sim da prestação de serviços. "As empresas já estão sobrecarregadas com impostos", registrou, informando que o peso da aplicação de multas sobre o total da arrecadação caiu de 35,7% em 2004 para 14,6% em 2010.

Na área de pessoal, José Tadeu citou, entre outros, a realização do primeiro concurso público da história do órgão, em 2006, defendendo que um novo seja realizado para recompor o quadro do Ipem diante do aumento da demanda. "O Brasil tem celebrado novos acordos comerciais e hoje chegam novas tecnologias, novos produtos e serviços e não podemos dizer à população que não temos técnicos para acompanhar esse crescimento".

Citou também a adoção de Plano de Carreira em 2005, de prêmio de produtividade, por meio de lei que teve o apoio da ALMG em 2007, além da regulamentação de periculosidade em 2010. No cenário nacional, destacou que o órgão passou da quinta para a terceira posição de destaque na rede brasileira de órgãos afins.

Copa e telecentro - Entre as atividades que se expandiram no período, mencionou a inspeção de itens de segurança e de acessibilidade nos ônibus escolares, que passará a ser feita também para a certificação de ônibus que serão usados na Copa de 2014; a certificação voluntária de produtos e o cadastramento e inspeção de oficinas.

Entre os planos, destacou a realização de campanhas relacionadas ao uso do bafômetro em motoristas e a meta de incrementar postos para fiscalizar o uso de cronotacógrafo em caminhões, forma de evitar acidentes e cuja importância equivale à caixa preta dos aviões. Entre os novos investimentos iniciados, citou a implantação de sistema de gestão informatizado e de telecentro, este para capacitação e educação a distância, oferecendo oficinas para funcionários de empresas que lidam, por exemplo, com manutenção de equipamentos. "Essa é uma forma de inserir a distância o comerciante¸ pois a competitividade não está só nos grandes centros", justificou.

Aprovação - Após a sabatina, o deputado Ivair Nogueira (PMDB) classificou de importante a apresentação do indicado e a presidente da Comissão, deputada Ana Maria Resende (PSDB), ressaltou o grande papel que o Ipem tem na vida do cidadão . "O indicado demonstrou não só grande competência técnica para o cargo como também preocupação com o lado humano ao demonstrar sua preocupação em aumentar a arrecadação não pela aplicação de multas, mas pela prestação de serviços".

Presenças - Deputada Ana Maria Resende (PSDB), presidente; e deputados Duilio de Castro (PMN), relator, e Ivair Nogueira (PMDB). E ainda a deputada Luzia Ferreira (PPS).

 

 

 

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