Secretária diz que leis delegadas preparam gestão participativa

A agilidade na implementação da reforma administrativa foi o principal argumento da secretária de Estado de Planejame...

01/03/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Secretária diz que leis delegadas preparam gestão participativa

A agilidade na implementação da reforma administrativa foi o principal argumento da secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, ao apresentar a defesa das recentes leis delegadas do Estado, no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Segundo ela, as leis preparam a implementação de um sistema de gestão compartilhado com a sociedade, por meio de conferências participativas e redes intersetoriais. A apresentação aconteceu em reunião promovida pela Comissão de Administração Pública e requerida pelo deputado Rogério Correia (PT), com o objetivo de discutir as leis delegadas publicadas em dezembro de 2010 e janeiro de 2011.

As leis delegadas são um instrumento previsto na Constituição do Estado que permite ao Legislativo ampliar a prerrogativa do Executivo para legislar sobre determinados assuntos, dentro de certos limites. No início da reunião, Rogério Correia acusou o Executivo de abusar na utilização desse instrumento, editando mais de 130 leis desse tipo desde 2003. "Isso ultrapassou muito o bom senso. A delegação não pode substituir o Parlamento. Ela deve ser a exceção, não a regra", afirmou o parlamentar, justificando a decisão do bloco de oposição, Minas Sem Censura (PT/PMDB/PCdoB/PRB), de recorrer à Justiça contra as normas.

A secretária de Planejamento disse que não houve exagero, nem ilegalidade nas leis editadas. "Não há nada de diferente do que os governos de oposição fazem", afirmou. Vilhena afirmou que não se sustenta o argumento de que as leis delegadas deveriam se restringir a situações de urgência e emergência. Esses critérios, segundo ela, se aplicam às medidas provisórias federais, mas não são mencionados na Constituição Estadual no que se refere às leis delegadas. "O que buscamos, com esse instrumento, foi a celeridade", afirmou, garantindo a legalidade das leis editadas.

Um dos objetivos das leis delegadas, segundo a secretária, é criar os parâmetros de um novo modelo gestão, mais participativo e mais integrado. Nesse sentido, as áreas de resultados serão substituídas, em 2012, por redes de integração institucional e social, que abrangerão diversas áreas e órgãos governamentais. Além disso, o Executivo organizará conferências regionais para que a população participe da definição de prioridades e propostas de ações governamentais. "Buscamos essa celeridade para agora sim, juntos, debatermos quais são nossos indicadores, metas previstas", afirmou a secretária.

Oposição apresentará proposições contrárias às leis

Durante a reunião, Rogério Correia afirmou que o bloco Minas Sem Censura apresentará um Projeto de Lei para revogar os dispositivos da Lei Delegada 179, de 2011, que criaram o Escritório de Prioridades Estratégicas. Esse escritório assumirá as ações do programa "Estado para Resultados", com a prerrogativa de firmar convênios e contratos com entidades públicas ou privadas, para o exercício de suas competências. O deputado criticou o fato de o escritório contar apenas com servidores de recrutamento amplo (contratados sem concurso público) e argumentou que suas funções poderiam ser exercidas por outros órgãos. "Ele não é importante e tem uma estrutura maior que as das secretarias", pontuou.

Além disso, Rogério Correia informou que o bloco de oposição vai apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para pedir que leis delegadas sejam discutidas pelo Parlamento. O deputado considerou que o debate não foi suficiente para esclarecer os pontos que geravam dúvidas. Ele também criticou o número de cargos de recrutamento amplo criado pelas seis leis e a despesa gerada.

Os números da oposição e do Governo divergem. Segundo Rogério Correia, são mais de 2,6 mil cargos comissionados criados, gerando uma despesa de mais de R$ 70 milhões. Renata Vilhena afirmou, na apresentação, que são 1.314 cargos novos, com um impacto anual de R$ 54 milhões. Segundo ela, mesmo com esse acréscimo, os 17.580 cargos comissionados (de recrutamento amplo) representam 4,2% do total de cargos do Estado.

A secretária afirmou que 80% dos cargos de recrutamento amplo são ocupados por servidores efetivos e, por esse motivo, não concorda com as críticas de sindicalistas de que a criação desses cargos prejudica os servidores de carreira. A crítica fora feita, durante a reunião, pelo presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual, Fiscais e Agentes Fiscais de Tributos do Estado (Sindifisco/MG), Lindolfo de Castro. Segundo ele, os cargos de comissão incentivam o ingresso no Estado sem concurso público e provocam a competição interna entre servidores efetivos. Ele considera excessivo o aumento da gratificação dos comissionados, em relação aos reajustes globais oferecido a todos os servidores.

Outra sindicalista ouvida na reunião foi a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira. Ela também criticou a criação de cargos comissionados e disse que as medidas implementadas preservam o problema do tratamento diferenciado entre servidores contratados após 2003 e aqueles mais antigos, prejudicados pela política remuneratória. Renata Vilhena disse que a Constituição não permite que o Estado crie cargos efetivos por meio de lei delegada, nem trate de questões orçamentárias e financeiras.

Governistas defendem a delegação

O deputado Délio Malheiros (PV) destacou que foi relator do projeto de resolução que originou a lei delegada e que, no início, foi "refratário à ideia porque achou que poderia suprimir prerrogativas do Legislativo, mas não foi isso que aconteceu". Segundo ele, a lei delegada contribuiu para dar mais agilidade ao Poder Executivo. Bonifácio Mourão (PSDB) salientou o equilíbrio fiscal trazido pelo chamado "choque de gestão" e citou que a lei delegada foi necessária para "acompanhar os avanços que o governo realizou em Minas Gerais".

O deputado Fred Costa (PHS) criticou o posicionamento dos deputados que consideram a delegação um limitador da capacidade legisladora do Parlamento e a comparou com a edição de medidas provisórias (MPs) pelo governo federal. "Sou contrário às MPs, que deveriam ser usadas em caso de relevância e urgência. No governo Lula, o recurso foi usado mais de 400 vezes", lembrou, citando medidas para ajudar financeiramente o Senegal, reduzir o imposto do fubá e criar 20 mil cargos comissionados.

No fim de sua apresentação, a secretária de Planejamento comentou cada medida prevista nas leis delegadas, com alguns destaques:

- A transformação da Auditoria Geral do Estado em Controladoria Geral do Estado, segundo Vilhena, segue o modelo "petista", do Governo Federal;

- A criação de uma Secretaria Extraordinária de Gestão Metropolitana, considerada redundante pela oposição, foi apontada como uma estratégia para combater os bolsões de pobreza dentro das regiões metropolitanas;

- A criação da Secretaria de Trabalho e Emprego visa atender uma prioridade de governo, manifestada ainda durante a eleição de 2010;

- Na área de Educação, a secretária de Planejamento ressaltou a criação da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores, a fim de qualificar os profissionais do setor;

- A criação da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo, segundo a secretária, também segue um modelo do Governo Federal, a fim de garantir a ação integrada de diversos setores;

- Na área da segurança, o número alto de cargos criados (500) tem o objetivo de viabilizar a implantação de 142 novas unidades prisionais e 5 novas unidades socioeducativas, até 2014.

Presenças - Deputadas Luzia Ferreira (PPS), Rosângela Reis (PV), Maria Tereza Lara (PT) e Liza Prado (PSB); e os deputados Gustavo Corrêa (DEM), presidente da comissão; Délio Malheiros (PV), vice; Bonifácio Mourão (PSDB), Fred Costa (PHS), Neider Moreira (PPS), Rogério Correia (PT), Bruno Siqueira (PMDB), Paulo Lamac (PT), Sávio Souza Cruz (PMDB), José Henrique (PMDB), Durval Ângelo (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT), Antônio Júlio (PMDB), Sebastião Costa (PPS), Antônio Carlos Arantes (PSC), Almir Paraca (PT), João Leite (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Doutor Viana (DEM), Sargento Rodrigues (PDT), Carlos Henrique (PRB), Luiz Henrique (PSDB), Tiago Ulisses (PV), Jayro Lessa (DEM), Leonardo Moreira (PSDB), Luiz Humberto Carneiro (PSDB), Zé Maia (PSDB), Carlin Moura (PCdoB), Inácio Franco (PV), Duarte Bechir (PMN), Celinho do Sinttrocel (PCdoB), Gustavo Perrella (PDT), Tadeuzinho Leite (PMDB), Pompílio Canavez (PT) e Rômulo Viegas (PSDB).

 

 

 

 

 

 

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