Comissão recebe denúncias de agentes penitenciários do Serro

Em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (6/10/10), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Le...

06/10/2010 - 00:08
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão recebe denúncias de agentes penitenciários do Serro

Em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (6/10/10), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais recebeu denúncias de abuso de poder e assédio moral contra agentes penitenciários da cadeia pública do Serro, região Central de Minas Gerais. A reunião, solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT), contou com a participação dos agentes Paulo Henrique da Silva Santos e Márcio Júnior Ribeiro Martins e do advogado deles, Matheus de Mendonça Gonçalves Leite; do diretor operacional da Corregedoria da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), José Judson da Silva; do subcorregedor de Polícia Civil, Luiz Carlos Ferreira; e do delegado de polícia do Serro, Kléber Valadares.

O agente penitenciário Paulo Henrique Santos disse que foi vítima de perseguição e intimidação pela delegada do Serro, atualmente afastada, Iara França Camargo, após denunciar irregularidades na cadeia pública do município. Paulo contou que está há quatro meses sem receber salário, foi transferido para Diamantina e sofreu ameaça de morte, além de ter seu contrato rescindido. Ele afirma que as sanções foram aplicadas depois que ele levou ao conhecimento da Corregedoria da Polícia Civil que havia entrada de drogas e má conduta de agentes policiais na unidade prisional.

O advogado de Paulo Henrique, Matheus Leite, alegou que a rescisão do contrato dos agentes foi resultado de abuso de poder da delegada afastada, que abriu uma sindicância para apurar suposto envolvimento de Paulo Henrique e Márcio Martins no envenenamento de presos e privilégios a condenados que cumprem regime fechado. De acordo com o advogado, o agente Márcio também foi alvo das punições apenas por ser amigo de Paulo Henrique. "A sindicância foi o forjamento de uma série de acusações para justificar a exoneração dos agentes", destacou Matheus. Ele afirmou, ainda, que a Corregedoria da Seds negou seu acesso à sindicância.

O diretor operacional da Corregedoria da Seds, José Judson da Silva, justificou que não há, na instituição, sindicância sobre o caso relatado. "A Corregedoria jamais negou qualquer acesso do advogado aos autos", alegou. José Judson e o subcorregedor de Polícia Civil, Luiz Carlos Ferreira, pontuaram que não tinham conhecimento do pedido de desligamento dos agentes.

O deputado Durval Ângelo ressaltou que o tratamento recebido pelos agentes descumpre o disposto na Lei 18.185, de 2009, aprovada para garantir direitos aos funcionários contratados pelo Estado e evitar atos sem justificativa, como demissões. A comissão aprovou requerimento para realizar uma audiência pública no Serro para averiguar denúncias sobre violação de direitos humanos, assédio moral, abuso de autoridade e tortura na cadeia pública local. Além desse, foram aprovados requerimentos para envio de notas taquigráficas e pedidos de providência:

* ao Promotor de Justiça da Comarca de Serro, ao Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário (CAO-DH) do Ministério Público, à Ouvidoria de Polícia, às Comissões de Direitos Humanos e de Prerrogativas da OAB-MG, ao Secretário de Defesa Social, à Corregedora da Secretaria de Defesa Social e ao Chefe da Polícia Civil;

* ao Chefe de Polícia Civil e ao Secretário de Estado de Defesa Social, para apuração de todas as denúncias; levantamento de documentos e informações sobre possíveis irregularidades na conduta dos agentes de polícia Laudelino e Neide Alves de Figueiredo e da delegada de polícia Iara França Camargo e afastamento imediato até a apuração dos fatos; e garantia da vida das vítimas e testemunhas dos possíveis crimes;

* ao Secretário de Estado de Defesa Social, para a recontratação imediata dos agentes penitenciários Paulo Henrique da Silva Santos e Márcio Júnior Ribeiro Martins e inserção de um ponto sobre as denúncias de violação aos direitos humanos e abuso de autoridade na cadeia do Serro na pauta da próxima reunião do Colegiado das Corregedorias;

* ao Subsecretário de Assuntos Prisionais (Suapi) da Seds, para o pagamento dos salários atrasados e a recontratação imediata dos agentes Paulo Henrique e Márcio Júnior;

* à Corregedora da Seds, Luciana Nobre de Moura, para apuração das denúncias; designação de um delegado da Corregedoria para acompanhar in locu a apuração dos fatos e garantir a imparcialidade da investigação; levantamento de documentos e informações sobre possíveis irregularidades na conduta da delegada de polícia Iara França Camargo e dos agentes de polícia Laudelino e Neide Alves de Figueiredo e afastamento imediato até a apuração dos fatos; inserção, na pauta da próxima reunião do Colegiado das Corregedorias, de um ponto sobre as denúncias de violação aos direitos humanos e abuso de autoridade;

* ao Serviço de Assistência Judiciária (SAJ) da PUC-MG Serro, para pedido de cópia de todas as denúncias nas quais estejam envolvidos policiais e a cadeia pública do Serro;

* ao Juiz da Comarca de Serro, para apurar denúncia apresentada na comissão, de que agentes policiais do município "desfilaram" com presos pela cidade na viatura policial, sendo retirados e exibidos na Praça da Matriz, antes de conduzi-los à autoridade policial, configurando possível abuso de autoridade.

Torres Gêmeas - A Comissão de Direitos Humanos aprovou também seis requerimentos relacionados à ocupação do Residencial San Martin, mais conhecido como "Torres Gêmeas", no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte. Em reunião realizada na terça-feira (5), os moradores apresentaram reivindicações para voltar para os apartamentos, após um incêndio ocorrido há pouco mais de 15 dias. Os imóveis foram ocupados pelas famílias por 15 anos.

Um dos requerimentos prevê visita da comissão e dos convidados CAO-DH, Promotoria de Justiça Metropolitana de Habitação e Urbanismo, Defensoria Pública, Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG e Câmara Municipal de Belo Horizonte ao residencial, para averiguar a situação dos moradores. Os outros requerimentos são:

* ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, para que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) avalie o retorno das famílias aos prédios do Residencial San Martin, em segurança;

* ao Ministério das Cidades, para que sejam enviadas as notas taquigráficas da reunião da Comissão e solicitada a negociação direta entre o Ministério e a PBH;

* à Defensoria Pública, para que sejam enviadas as notas taquigráficas e seja avaliada a possibilidade de ingressar com ação judicial contra o Estado e o Município em favor dos moradores do residencial, para resguardar o direito das famílias e requerer indenização por danos morais e patrimoniais aos moradores impedidos de retornar aos apartamentos por causa do incêndio em um dos prédios;

* ao coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário (CAO-DH), Rodrigo Filgueira, para que avalie a possibilidade de pedir informações à PBH sobre os projetos a serem implementados no Residencial San Martin;

* à Secretaria do Patrimônio e da União (SPU), vinculada ao Ministério do Planejamento, para que sejam encaminhadas as notas taquigráficas das reuniões extraordinárias da Comissão, realizadas em 02/10/2003, 16/12/2009, 26/02/2010 e 05/10/2010 e seja avaliada a possibilidade de utilizar o Fundo Contingente para resolver a situação dos moradores das "Torres Gêmeas".

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Ruy Muniz (DEM), Duarte Bechir (PMN), Célio Moreira (PSDB) e Carlos Pimenta (PDT).

 

 

 

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