Governo do Estado quer aproveitar malha ferroviária da RMBH

Sem tempo para expandir o metrô de Belo Horizonte até a Copa do Mundo de 2014, o Governo do Estado pretende aproveita...

25/08/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 
 

Governo do Estado quer aproveitar malha ferroviária da RMBH

Sem tempo para expandir o metrô de Belo Horizonte até a Copa do Mundo de 2014, o Governo do Estado pretende aproveitar a atual malha de trens de carga da Região Metropolitana para o transporte de passageiros. A informação é da subsecretária de Estado de Desenvolvimento Metropolitano, Maria Madalena Franco Garcia, que participou do Ciclo de Debates Desafios da Mobilidade Urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizado nesta quarta-feira (25/8/10) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Segundo a subsecretária, 22 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) são cortados por linhas férreas, algumas das quais são subutilizadas. Na avaliação de Maria Madalena, pode-se implantar linhas de VLT (veículos leves sobre trilhos) ligando Vespasiano, Sabará e Santa Luzia até 2014. O edital para a contratação de consultoria será lançado em outubro, e o estudo sobre a viabilidade desses investimentos deve ser concluído no prazo de um ano.

Além disso, o Governo do Estado negocia com a Vale a criação de um trem turístico que circularia nos fins de semana entre Belo Horizonte e o Instituto Inhotim, em Brumadinho. Ao mesmo tempo, o Estado vem negociando com o Governo Federal uma solução para a ampliação do metrô. Segundo a subsecretária, a única forma de garantir o aporte de recursos necessários para a criação das linhas 2 (Calafate-Barreiro) e 3 (Lagoinha-Savassi) é por meio de parceria público-privada. "A transferência da administração do metrô para o Estado só depende da vontade do Governo Federal", afirmou Maria Madalena Garcia.

A subsecretária também adiantou que a intenção do governo é expandir a linha 1 até o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Por outro lado, ela descartou a possibilidade de aproveitamento das linhas de carga para o transporte de passageiros em Contagem e Betim. De acordo com Maria Madalena, a demanda nos dois municípios é tão grande que não seria viável compartilhar o transporte de passageiros e de carga na mesma via.

As prefeituras de Contagem e Betim também reivindicam a extensão da linha 1 nos dois municípios. No caso de Contagem, a prefeitura pretende construir um complexo intermodal de transportes no bairro Novo Eldorado. Para isso, será necessário expandir a linha atual do metrô em 1.540 metros. O complexo teria, além do metrô, uma rodoviária e um terminal de ônibus urbanos, ao custo de R$ 105 milhões, segundo o presidente da Transcon, Hermiton Quirino da Silva.

Já Betim cobra a extensão do metrô até o município, tendo em vista a demanda de empresas como Fiat e Petrobras e também os investimentos previstos em função da Copa do Mundo. Segundo a prefeita Maria do Carmo Lara, três hotéis serão construídos na cidade até 2014. "Não dá para não pensar a extensão da linha 1 até Betim", afirmou. "O maior anseio da população de Betim hoje é o metrô", completou a deputada Maria Tereza Lara (PT).

Questionado sobre os reduzidos investimentos no metrô de Belo Horizonte, o diretor de Planejamento, Expansão e Marketing da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Raul Simões, negou que haja desinteresse do Governo Federal. "Talvez não tenha havido entendimento político, mas estamos num momento importante em que todos esses projetos terão de ser realizados", garantiu.

BRT deve estar em funcionamento em 2013

Para facilitar o acesso de turistas e torcedores ao Mineirão em 2014, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) pretende investir cerca de R$ 1,5 bilhão em obras. O principal projeto é o sistema BRT (Bus Rapid Transit), que consiste em uma rede de vias exclusivas para ônibus, a serem construídas nas principais avenidas de acesso ao estádio. Serão implantados três corredores: Cristiano Machado, Antônio Carlos/Pedro I e Pedro II/Carlos Luz, totalizando 34 quilômetros.

"Escolhemos o BRT por ser um sistema que atende uma demanda grande de passageiros com um custo razoavelmente baixo", justificou o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar. Apenas o corredor Antônio Carlos/Pedro I deve atender 400 mil passageiros por dia, segundo Ramon. O sistema será complementado com adaptações nas principais vias do Centro de Belo Horizonte e com a construção de uma estação BHBus na Pampulha. A expectativa da BHTrans é de que o BRT esteja em operação já na Copa das Confederações de 2013.

O pacote de investimentos da PBH contempla também a construção das Vias 210 (interligando a Via do Minério à Avenida Tereza Cristina) e 710 (ligando as Avenidas dos Andradas e Cristiano Machado). Além disso, deve estar concluída até 2014 a nova rodoviária, que será construída junto à estação de metrô São Gabriel. Os investimentos previstos para o novo terminal são da ordem de R$ 100 milhões, inteiramente bancados pela iniciativa privada. Em troca, o empreendedor terá o direito de explorar hotel, shopping e hipermercado integrados ao complexo.

A RMBH também receberá investimentos do Governo do Estado em obras de infraestrutura rodoviária. A subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano, Maria Madalena Franco Garcia, anunciou a duplicação da MG-424, ligando Sete Lagoas (Região Central do Estado) à Linha Verde, que dá acesso ao Aeroporto de Confins. Também já estão contratadas as obras de duplicação da LMG-806, entre Ribeirão das Neves e a Linha Verde. Além disso, o governo pretende melhorar o acesso a Inhotim pela BR-040, tendo em vista a previsão de construção de hotéis e centro de convenções no entorno do centro de arte contemporânea.

Sem investimentos, trânsito de Belo Horizonte tende a piorar

Se não forem feitos investimentos na melhoria da qualidade do transporte público, os mais de 5 milhões de habitantes da RMBH terão que enfrentar engarrafamentos cada vez mais constantes e viagens de ônibus cada vez mais longas no futuro.

Segundo a subsecretária de Estado de Desenvolvimento Metropolitano, Maria Madalena Franco Garcia, entre 2001 e 2009 a frota de veículos da RMBH cresceu 85%, contra o crescimento de 3,5% da população. "Se continuarmos nesse ritmo, não haverá espaço para tantos carros", comentou. O crescimento da frota deve-se principalmente ao aumento da quantidade de motos circulando nas ruas, que experimentou crescimento de 222% nesse período, de acordo com a subsecretária.

A situação da RMBH é complicada porque apenas sete dos 34 municípios detêm 86% da população da região. Não há linhas de ônibus interligando municípios distantes, o que obriga os moradores a passarem pelo Centro de Belo Horizonte para completarem seus deslocamentos. Além disso, segundo Maria Madalena Garcia, há superposição de linhas de ônibus e também entre os ônibus e o metrô.

A última Pesquisa de Origem e Destino, realizada pela Fundação João Pinheiro em 2002, constatou que 63% dos deslocamentos feitos na Região Metropolitana utilizavam o transporte coletivo. Em 1982, esse percentual era de 72%.

O coordenador do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMBH, Roberto Monte-Mor, traçou um quadro negativo do futuro da região, se não forem feitos investimentos para reverter a atual situação de crescimento desordenado. O estudo prevê o aumento das desigualdades, a crescente perda de mobilidade urbana e a manutenção da excessiva centralidade em Belo Horizonte.

Para evitar esses problemas no futuro, o Plano Diretor prevê a elaboração de políticas públicas com a valorização do transporte ferroviário e das áreas verdes da RMBH e também a criação de novos polos de desenvolvimento metropolitano. Essas novas áreas de dinamismo econômico seriam Betim, o Vetor Norte (entre a Cidade Administrativa do Estado e o Aeroporto de Confins) e a BR-040 (entre o bairro Jardim Canadá e o condomínio Alphaville, em Nova Lima).

Debatedores fazem críticas ao transporte coletivo

Um dos debatedores do Ciclo de Debates, o professor da Escola de Arquitetura da UFMG Marcelo Pinto Guimarães, avaliou que o momento de preparação para a Copa do Mundo de 2014 é favorável à aplicação de atitudes definidas como prioritárias.

Ele citou como exemplo a Lei Estadual 11.666, de 2004, que trata das condições de acesso das pessoas com deficiência aos prédios públicos. E acrescentou que, para serem acessíveis, os veículos não podem ser simplesmente adaptados. "Como garantir acessibilidade em ônibus superlotados?", questionou.

O secretário-geral da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo da Grande BH, Francisco de Assis Maciel, criticou a superlotação, o descumprimento do quadro de horários, as gratuidades que oneram o custo das passagens e a falta de respeito com os idosos e pessoas com deficiência nos ônibus.

O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) defendeu a desoneração tarifária e mais investimentos na infraestrutura viária da RMBH.

 

 

 

 

 

 

 

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