Comissão defende revisão de decreto que limita táxis entre municípios

Deputados da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização defenderam, nesta quarta-feira (12/5/10), a revisão do ...

12/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão defende revisão de decreto que limita táxis entre municípios

Deputados da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização defenderam, nesta quarta-feira (12/5/10), a revisão do Decreto 44.035/05, do Governo do Estado, que proíbe táxis de atuar no transporte intermunicipal de passageiros. O assunto foi discutido em audiência pública da comissão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião, requerida pelo deputado Doutor Ronaldo (PDT), tratou da situação dos taxistas de Sete Lagoas (Região Central). Eles alegam que, ao trazer passageiros a Belo Horizonte, são impedidos por autoridades de trânsito de fazer o trajeto de volta.

O diretor-geral da Cooperativa de Transporte de Passageiros de Táxi de Sete Lagoas (Cooperlagos), José Haroldo Carvalho, afirmou na audiência que os taxistas da cidade estão tendo seus carros apreendidos pela BHTrans, empresa que gerencia o trânsito e o transporte na Capital, sob a alegação de estarem praticando transporte coletivo clandestino. De acordo com o diretor-executivo da Federação das Cooperativas de Transporte do Estado (Fetranscoop), Geraldo Osmany de Almeida, o táxi é, em alguns horários, a única opção de deslocamento entre os dois municípios.

DER, PM e BHTrans apoiam restrição

Representantes de órgãos públicos se colocaram a favor das restrições contidas no decreto estadual. O diretor de Fiscalização do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), Paulo Diniz, esclareceu que o texto legal permite ao taxista transportar um passageiro de Sete Lagoas para Belo Horizonte e levá-lo de volta à cidade de origem. O que é vetado, disse ele, é a captação de outros passageiros na Capital. Segundo Diniz, a fiscalização tem flagrado o uso de táxis de outros municípios como lotação, situação na qual o motorista aguarda que o veículo seja totalmente ocupado e cobra tarifa de cada passageiro. Isso caracterizaria transporte coletivo clandestino.

De acordo com o gerente de Fiscalização de Transporte Irregular da BHTrans, Antônio Cláudio Kubrusly, não existe autorização legal para que os taxistas de Sete Lagoas prestem o serviço de lotação entre o município e a Capital. O comandante do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar em Belo Horizonte, Roberto Lemos, afirmou que a PM tem o cuidado de arrolar testemunhas sempre que há a apreensão de um veículo.

Para a assessora jurídica do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais (Sindpas), Zaira Carvalho Silveira, o deslocamento de táxi entre Sete Lagoas e Belo Horizonte deveria ser uma exceção, e não uma prática regular. O Sindpas representa empresas de ônibus do Estado, que estariam sendo afetadas pelo uso dos táxis como lotação.

Demanda - O gerente de Transportes da Secretaria de Trânsito e Transporte Urbano de Sete Lagoas, Maurílio Geraldo Magela, fez um apelo aos órgãos responsáveis para que encontrem uma forma de regulamentar a questão. "A demanda dos passageiros existe e vai continuar existindo. Impedir os taxistas de atuar vai abrir espaço aos verdadeiros motoristas clandestinos", afirmou Magela.

Após ouvir os convidados da reunião, o deputado Doutor Ronaldo disse que a discussão não se limitaria à audiência pública e defendeu a busca de uma solução. De acordo com ele, os taxistas que fazem o transporte de passageiros entre as duas cidades pertencem a uma cooperativa constituída legalmente e não podem ser confundidos com clandestinos. "É inadmissível que o direito de ir e vir das pessoas seja negado por esse decreto do Governo de Minas, a nosso ver inconstitucional", declarou o deputado Paulo Guedes (PT).

O deputado Wander Borges (PSB) afirmou que a solução passa por uma revisão do modelo de transporte na Região Metropolitana de Belo Horizonte e nas cidades do chamado Colar Metropolitano, entre as quais está Sete Lagoas.

Requerimentos - A Comissão de Assuntos Municipais aprovou os seguintes requerimentos: dos deputados Paulo Guedes, Padre João (PT) e Carlin Moura (PCdoB), que solicitam audiência pública em Francisco Sá para debater a desafetação de terras cedidas pelo Estado à empresa Itapeva Florestal; do deputado Weliton Prado (PT), que pede audiência sobre a morosidade do Tribunal de Justiça em homologar concursos públicos para cartórios do Estado; e de Paulo Guedes, que solicita audiência pública em Brasília de Minas para avaliar a construção de uma estação de tratamento de esgoto e uma barragem.

Presenças - Deputados Paulo Guedes (PT), vice-presidente, que presidiu a reunião; Doutor Ronaldo (PDT) e Wander Borges (PSB).

 

 

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