Comissão propõe transferir imóveis da Minascaixa para fundo

O relatório final da Comissão Especial da Minascaixa, aprovado nesta quarta-feira (5/5/10) na Assembleia Legislativa ...

05/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão propõe transferir imóveis da Minascaixa para fundo

O relatório final da Comissão Especial da Minascaixa, aprovado nesta quarta-feira (5/5/10) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, apresenta ao Executivo uma sugestão de projeto de lei que pode solucionar um problema que se arrasta há anos: a situação dos mutuários da extinta Minascaixa. Ele transfere para o Fundo Estadual de Habitação (FEH) a administração dos cerca de mil imóveis financiados pelo banco, propondo que o saldo devedor das unidades habitacionais e dos imóveis rurais seja atualizado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a partir da inadimplência contratual. Descontos sobre o saldo devedor com base na renda familiar também estão previstos, como o de 99% para beneficiários do Programa Bolsa Família, podendo o mutuário optar por pagar em até 24 parcelas mensais, com limite mínimo de R$ 50,00 por parcela.

As determinações acima estão listadas em uma minuta de projeto de lei que será encaminhada ao governador sob a forma de recomendação da comissão especial, depois que o Plenário da ALMG aprovar o relatório final. Se o Executivo acatar as sugestões, o governador precisa remeter o projeto de lei ao Legislativo, pois dele é a competência para propor medidas deste tipo. Segundo o relator da comissão especial, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), o próprio governo participou do processo de negociação durante os trabalhos parlamentares e a expectativa é de que a proposição seja encaminhada em breve à Assembleia, depois de avaliado seu conteúdo. "Há pessoas que estão nos imóveis há mais de 20 anos, quitaram suas dívidas e ainda não têm a garantia do domínio. Outras querem pagar, mas não sabem a quem recorrer", explicou o relator.

O deputado Agostinho Patrus Filho (PV), vice-presidente, que dirigiu a reunião desta quarta, lembrou que o entendimento envolveu mutuários, técnicos do Executivo e secretários de Estado. "A proposta é uma demonstração de que a Assembleia não somente discute as questões que interessam ao povo mineiro, mas também apresenta soluções para os problemas", destacou. O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) ratificou as palavras de Patrus e elogiou também a deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente da comissão e autora do requerimento que deu origem aos trabalhos.

Histórico - A comissão especial foi criada em fevereiro deste ano para realizar estudos e apresentar propostas para a regularização patrimonial dos imóveis da extinta Minascaixa. Hoje eles são administrados pela Minas Gerais Participações S.A. (MGI). A partir de sugestões recebidas dos diversos segmentos envolvidos com o tema, os deputados propuseram alternativas que pretendem preservar as prerrogativas do Estado. Os parlamentares estiveram em Santana do Paraíso e em Coronel Fabriciano, ambos no Rio Doce, onde ouviram representantes dos mutuários, entre outros convidados. As deputadas Cecília Ferramenta e Rosângela Reis (PV) também apresentaram propostas de projetos de lei à comissão especial.

Comissão sugere descontos e critérios para orientar regularização

A proposta de projeto apresentada pela comissão especial determina que os ativos financeiros e patrimoniais da extinta Minascaixa sejam transferidos para o Fundo Estadual de Habitação, vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru). Competirá ao fundo a regularização de propriedade para mutuário original e mutuário titular das unidades habitacionais e imóveis rurais, que são consideradas de baixa renda. Segundo a proposição, o objetivo é garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e rural e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Com a transferência, a MGI fica liberada de suas funções como gestora das unidades.

O relator também sugere desconto sobre o saldo devedor atualizado, de acordo com a renda familiar: 99% para beneficiários do Programa Bolsa Família; 98% para renda familiar de até um salário mínimo; 95% para renda familiar entre um e dois salários mínimos; 90% para renda familiar entre dois e três salários mínimos; e 85% para renda acima de três mínimos. O mutuário poderá optar pelo pagamento em até 24 parcelas mensais, com limite mínimo de R$ 50,00 por parcela. Nos casos em que o valor de mercado dos imóveis for inferior ao valor do saldo devedor atualizado, deverá ser utilizado o menor. Já as custas, taxas e emolumentos devidos pelos atos referentes à regularização patrimonial dos imóveis serão reduzidos em 90%.

Papel da Cohab - Para efeitos da regularização patrimonial, poderão ser consideradas as diretrizes previstas na Lei Federal 11.977, de 2009, que dispõe sobre o programa Minha Casa, Minha Vida. Ainda segundo o projeto, a Companhia de Habitação do Estado (Cohab), que é a gestora do fundo, deverá observar vários critérios, para fins de regularização patrimonial. Entre eles, que os imóveis serão regularizados para a pessoa física ocupante do imóvel e que não possua outra propriedade; e, em caráter excepcional, que o gestor poderá se decidir pela regularização para mutuário pessoa jurídica. A regularização do imóvel vincula a propriedade pelo período de cinco anos, ficando vedada qualquer promessa de compra e venda ou cessão de direitos por parte do mutuário.

A minuta de projeto define ainda quem é o mutuário original e o titular. O primeiro é aquele que assinou contrato com a extinta Minascaixa e ainda habita a unidade imobiliária. O segundo, aquele que habita atualmente o imóvel na condição de terceiro de boa-fé ou que o adquiriu através de cessão de direitos do mutuário original ou seus sucessores.

Deputados ouviram comunidade e técnicos do governo e da MGI

A comissão especial ouviu os segmentos envolvidos na questão da Minascaixa para fundamentar o relatório. Um deles foi o superintendente central de Operações Oficiais de Crédito da Secretaria de Estado de Fazenda, Kleber Antônio dos Campos. Segundo ele, são muito onerosas as providências tomadas hoje pelo Estado para transformar os imóveis em recursos, mesmo com os leilões. Cada avaliação da Caixa Econômica Federal (CEF) fica, por exemplo, em torno de R$ 800,00. O técnico avaliou que talvez fosse melhor delegar esses ativos para uma política habitacional ou social. Ele informou que os imóveis têm valores relativamente baixos, estão espalhados pelo Estado e alguns concentrados em conjuntos. O relatório da comissão lista 984 imóveis.

Outro convidado foi o gerente de Comercialização de Bens da MGI, Ricardo Lopes de Alvarenga. Ele explicou que a MGI é uma empresa que atua não somente nas questões referentes à Minascaixa, mas também ao Bemge e ao Credireal, como mandatária do Estado, com o qual detém um contrato de administração de ativos e de direitos creditórios. Segundo Alvarenga, os bens da Minascaixa são tratados como ativos realizados, a partir da Lei 13.439, de 1999, que autorizou a sua alienação.

O subsecretário de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Alencar Santos Viana Filho, lembrou a dificuldade de dar o título àqueles que compraram os imóveis, tendo em vista problemas de identificação dessas pessoas. Segundo ele, às vezes é a quarta família que tem a posse das chaves e não a primeira, que fez o financiamento. Já o presidente da Associação de Moradores do Bairro Residencial Paraíso, Albeni Martins Lisboa, de Santana do Paraíso, informou aos deputados que apenas naquele bairro haveria mais de 300 moradias da extinta Minascaixa. Ele pediu a transferência dos imóveis para o Fundo Estadual de Habitação e reivindicou, ainda, anistia ou o pagamento de um valor simbólico ao governo, para fins de regularização.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Agostinho Patrus Filho (PV), vice-presidente da comissão, que presidiu a reunião; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), relator; e Lafayette de Andrada (PSDB).

 

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715