Deputados divergem sobre indicação para Conselho de Educação

Mais quatro indicados para integrar o Conselho Estadual de Educação foram sabatinados na manhã desta quinta-feira (25...

25/02/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados divergem sobre indicação para Conselho de Educação

Mais quatro indicados para integrar o Conselho Estadual de Educação foram sabatinados na manhã desta quinta-feira (25/2/10) pela Comissão Especial criada para emitir parecer sobre os nomes, antes da votação em Plenário. Foram ouvidas Suely Duque Rodarte, indicada pela sociedade civil para compor a Câmara de Ensino Fundamental do órgão; Irene de Melo Pinheiro e Avani Avelar Xavier Lanza, indicadas para a mesma Câmara pelo governador; e ainda Rosane Marques Crespo Costa, indicada para a Câmara de Ensino Médio, também pelo governador.

Na reunião, a Comissão Especial acatou, ainda, parecer favorável à indicação dos primeiros quatro sabatinados em reunião anterior: Sebastião Antônio dos Reis e Silva, Tomás de Andrade Nogueira, Ângela Imaculada L. de Freitas e Faiçal David Freire. Ainda nesta quinta, acontece outra reunião para sabatinar os quatro últimos nomes, do total de 12 indicações.

A sabatina dos quatro primeiros aprovados pela comissão teve como relatora a deputada Rosângela Reis (PV), cujos pareceres favoráveis foram acatados pela Comissão, tendo recebido apenas um voto contrário, do deputado Carlin Moura (PCdoB), ao nome de Faiçal David Freire. O parlamentar ressaltou a competência e a formação técnica do indicado, mas argumentou que sua aprovação afetaria o equilíbrio de representação entre a educação superior pública e privada no Conselho, por ser o indicado reitor de uma instituição particular, a Universidade de Itaúna.

Segundo Carlin Moura, outro motivo "de cunho pessoal" para justificar seu voto foi a atitude que teria sido adotada pelo reitor por acasião de manifestação feita por 17 alunos dos cursos de História e Química, insatisfeitos com a prioridade que teria sido dada pela universidade a obras realizadas no curso de Engenharia. Segundo o deputado, os alunos sofreram perseguição e foram expulsos sem direito a defesa, permanecendo na instituição a custas de medidas liminares.

Em resposta a questionamento do deputado João Leite (PSDB), Carlin Moura disse não ter participado da sabatina de Freire por estar em audiência pública no interior, mas que as ações do reitor no episódio são "públicas e notórias". Defendendo a indicação, o presidente da comissão, deputado Lafayette de Andrada (PSDB), disse que o equilíbrio citado no voto contrário é impossível diante do reduzido número de instuições de ensino superior públicas em relação às particulares. Destacou também que isso não seria problema uma vez que o Supremo Tribunal Federal decidiu que o ensino superior é de competência do Ministério da Educação e não mais dos Conselhos.

Indicados defendem educação profissional e melhor formação do professor

Na sabatina realizada pela manhã, cujo relator é o deputado João Leite (PSDB), a valorização do ensino profissionalizante e da formação do professor foram temas comuns à fala dos quatro ouvidos, além da ênfase à educação inclusiva, destacada especialmente pela diretora executiva da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Suely Duque Rodarte.

Com formação em Letras, Português e Pedagogia e pós-graduada em Metodologia Didática do Ensino, Suely defendeu o trabalho de cunho social, centrado na inclusão de trabalhadores e na integração dos alunos ao mundo do trabalho. Nesse sentido, citou ter implantado no município de Campo Belo o magistério no ensino médio e seu trabalho como diretora da Apae na região Sudeste.

Em resposta aos deputados Rosângela Reis e Carlin Moura, Suely disse ser a favor da inclusão do aluno com necessidade especial no ensino regular, desde que as escolas e os professores sejam preparados para assumir essa responsabilidade, com investimentos na revisão de currículos e na estrutura física da rede escolar. Ela criticou a descontinuidade das gestões públicas e a indicação de secretários municipais de educação sem vínculo com a área. "Cada um que entra descobre a roda e nada anterior serve, enquanto educação é processo", lamentou.

Estadualização - Já Irene de Melo Pinheiro, presidente da Fundação Helena Antipoff com formação em Psicologia e História, relatou sua trajetória de anos como educadora na instituição. Segundo ela, a fundação sofreu com o desmantelamento do ensino profissionalizante no País, sendo a estadualização da instituição, neste governo, e o apoio do Conselho Estadual de Educação fundamentais para sua recuperação.

Em resposta ao deputado Carlin Moura sobre se a experiência de estadualização da fundação seria válida para solucionar a atual crise da Universidade de Três Corações (Unincor), Irene disse que se reservava o direito de não opinar dada a "imensidão" da Unincor em relação à fundação. Mas observou que a universidade continua recebendo as mensalidades dos alunos, ao contrário da fundação. Entre outros pontos, a educadora defendeu a escola de tempo integral, a valorização do ensino superior também como requisito para os professores das creches e a obrigatoriedade da educação física desde a educação infantil. Segundo ela, é preciso investir numa escola pública de qualidade, para que medidas como a que criou o sistema de cotas no ensino superior possam ser passageiras.

Orientação às escolas - Professora aposentada da UFMG e conselheira do CEE até 2009, Avani Xavier Lanza defendeu que o conselho se dedique mais a reflexões contínuas sobre políticas de educação e legislação e à produção de material de orientação para escolas e gestores. "Ainda há muitos equívocos de interpretação de normas e leis em muitos dos processos que chegam ao Conselho", justificou.

Avani disse entender, ainda, que a formação do professor não pode ser fechada no ensino superior. "Meus anos no ensino normal foram fundamentais para minha formação prática, dentro das salas de aula, numa dinâmica que está em falta hoje", opinou. Questionada pelo deputado Carlin Moura sobre a polêmica entre se adotar a progressão automática ou a recuperação nos primeiros anos da educação fundamental, ela disse que o mais importante não é pensar em dilatar prazos para que a criança alcance bom desempenho na alfabetização, e sim perceber quais são suas dificuldades durante o processo e intervir com atividades paralelas de auxílio. Segundo ela, a grande falha da recuperação é repetir as mesmas atividades e a mesma metodologia sem a percepção do que deu errado no processo.

Mais estímulo à inovação - Presidente da Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) e mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica, Rosane Crespo Costa defendeu uma abordagem holística e a gestão sistêmica da educação. Com experiência em educação indígena no estado do Amazonas, onde foi secretária de Educação, ela disse que, há melhoras em indicadores da educação no Brasil, mas lamentou que o País ainda ocupe má posição nas avaliações internacionais.

Apesar disso, Rosane disse que o Brasil tem recursos financeiros suficientes e qualidades para se colocar em patamar mais alto. "Há conhecimento tácito grande, mas pouco aproveitado, produzido por exemplo nas escolas rurais e nas comunidades indígenas, além de afeto na educação e pensamento inovador, que precisa ser mais estimulado", afirmou.

A indicada falou ainda da importância do trabalho da Utramig e disse que Minas é hoje referência em educação profissional. Destacou, entre outros, que a fundação tem um setor que cuida da empregabilidade dos profissionais que forma, com índices de colocação superiores a 85%. Rosane, que participa da gestão do Programa Estruturador de Formação Profissional e Orientação para o Mercado, do Governo do Estado, defendeu as parcerias firmadas com a rede particular, segundo ela uma saída para atender à grande demanda. Ela admitiu que os CVTs (Centros de Vocação Tecnológica), instalados pelo Governo em Minas e voltados sobretudo para a inclusão digital, precisam agora avançar para cursos mais consistentes e voltados para o mercado.

Presenças - deputados Lafayette de Andrada (PSDB), presidente; João Leite (PSDB), vice; e Carlin Moura (PC do B); deputada Rosângela Reis e deputado Dinis Pinheiro (PSDB).

 

 

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