Regionalização das decisões no Mercosul é defendida em audiência

A participação mais autônoma dos estados e municípios na integração dos países do bloco sul-americano foi defendida p...

19/11/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Regionalização das decisões no Mercosul é defendida em audiência

A participação mais autônoma dos estados e municípios na integração dos países do bloco sul-americano foi defendida pelos participantes da audiência pública realizada pela Comissão Extraordinária de Integração ao Parlamento do Mercosul, nesta quinta-feira (19/11/09). Participaram da reunião, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o embaixador interino do Paraguai, representantes dos corpos diplomáticos de Uruguai e Paraguai, autoridades de Minas ligadas ao comércio e à indústria e o deputado federal Geraldo Thadeu, que integra a representação do País no Parlamento do Mercosul.

Para o embaixador interino do Paraguai e chefe da missão diplomática do Paraguai no Brasil, ministro Didier Olmedo, a participação das regiões é fundamental para o sucesso do Mercosul. Ele também destacou que o bloco, que tem quase 20 anos, precisa ser atualizado para atender à realidade de hoje, que apresentaria demandas que vão além da ordem econômica. Ele citou os exemplos da saúde, da educação, meio ambiente e situação das fronteiras. O embaixador afirmou que a integração dos países do Mercosul é vital para o desenvolvimento econômico do Paraguai e destacou o Brasil como o principal parceiro comercial do País: 20% do comércio paraguaio são realizados com nosso País. Minas Gerais, segundo ele, é um dos principais fornecedores brasileiros de derivados de minério e carne para o Paraguai. Ele defendeu uma maior aproximação do país com Minas.

Pacto federativo - O deputado Antônio Júlio (PMDB), coordenador da comissão, também defendeu a descentralização das decisões do Mercosul, com maior autonomia para as regiões, por meio de uma revisão do pacto federativo. Ele explicou que a comissão está realizando estudos para conhecer o que é preciso para que a integração dos países realmente ocorra.

O secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de Belo Horizonte, Rodrigo de Oliveira Perpétuo, lembrou que o Foro Consultivo de Cidades e Regiões do Mercosul (FCCR) foi criado em 2004, em Belo Horizonte. Ele aposta que a cidade vive uma das melhores oportunidades de internacionalização, com a possibilidade de sediar jogos da Copa do Mundo de 2014. O secretário sugeriu que a comissão da ALMG fosse ampliada para tratar das relações internacionais que, segundo ele, carecem de um marco regulatório.

Empresariado precisa ser capacitado para exportar

A assessora de Comércio Exterior do Consulado da República do Paraguai, Vanessa Teles Castro, defendeu o incremento das exportações com a capacitação dos empresários para o comércio exterior, pelos consulados e parceiros. As agências de promoção de negócios devem informar, segundo ela, sobre a legislação aduaneira, a participação em feiras, o atendimento às exigências sanitárias. De acordo com a assessora, os empresários brasileiros ainda ficam muito perdidos em missões exteriores e não têm conhecimento quanto à legislação dos países para os quais desejam vender, sobre a formação de preço, logística e balança comercial. "Exportar é um ótimo negócio, mas é preciso capacitação para isso", afirmou. "O comércio exterior é que faz a máquina girar, porque impulsiona ações políticas e sociais", concluiu.

A chanceler do Consulado da República Oriental do Uruguai, Luciana Araújo Camargos, apresentou as características do mercado uruguaio e destacou os serviços financeiros como um setor que vem se beneficiando da proximidade com o Brasil e a Argentina. Luciana Camargos acrescentou que o crescimento do setor está apoiado em isenções tributárias para investidores. Ela afirmou que a abertura da economia e o processo de integração econômica trouxeram, para o Uruguai, modernização dos hábitos de consumo, apoiada na relativa estabilidade econômica e no sistema de crédito ao consumidor.

A chanceler também afirmou que o Brasil e o Uruguai são economias que podem ser consideradas complementares, já que o comércio dos dois países é baseado na exportação brasileira de insumos industriais, maquinaria, materiais de transporte, eletroeletrônicos e a na importação de produtos agroindustriais e químicos uruguaios. Minas Gerais é responsável por cerca de 4% das exportações do Brasil para o Uruguai. Ainda assim, só 0,2% das exportações mineiras tem o Uruguai como destino.

Comitê supranacional - A superintendente de Relações Institucionais da Subsecretaria de Assuntos Internacionais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Chyara Salles Pereira, defendeu a criação de um comitê supranacional para viabilizar o comércio exterior, agilizando a tomada de decisões. Para ela, a assimetria dos índices comerciais entre os participantes do bloco dificulta esse comércio. Na visão do consultor de Negócios Internacionais da Fiemg, Alexandre Brito, o Mercosul passa por um momento de estagnação por falta de um cronograma de discussões e decisões. Segundo ele, falta codificação tarifária e não há uma rotina unificada das estruturas alfandegárias.

Outras dificuldades na integração dos países do bloco sul-americano foram listadas pelo deputado federal Geraldo Thadeu, membro da Representação Brasileira do Parlamento do Mercosul no Congresso Nacional. Ele citou, por exemplo, a substituição dos representantes dos países a cada eleição. Segundo ele, ainda falta também a definição dos critérios de representatividade. No entanto, o deputado acredita que, com o Parlamento do Mercosul, oficializado em dezembro do ano passado, a integração deve avançar. E afirmou que o bloco caminha para uma política única de Direitos Humanos. Além disso, há o projeto de uma universidade do Mercosul na divisa de Brasil e Paraguai, além de um banco de fomento, sobretudo para pequenas e microemepresas.

O presidente do Corpo Consular do Estado de Minas Gerais, Licio Cadar, informou que o Estado tem 32 consulados. De acordo com ele, o corpo consular tem incentivado a criação de câmaras de comércio dos países do Mercosul em Belo Horizonte. O deputado Doutor Rinaldo (PSL) acredita na importância da integração dos países na área de saúde para o desenvolvimento dos países do bloco. O deputado Carlos Gomes (PT) defendeu a integração nas áreas de turismo e no incentivo às pequenas e microempresas. Para o deputado Carlos Pimenta (PDT), a Assembleia Legislativa tem o papel de mostrar o potencial do Estado e sua capacidade de intercâmbio com os países do Mercosul.

Venezuela - A possível entrada da Venezuela no Mercosul também motivou comentários na reunião. Chyara Pereira, por exemplo, avalia que essa é a grande questão de política externa do momento. Para ela, o Brasil precisa analisar a questão com cuidado porque a adesão do país ao Mercosul terá impacto para além da América Latina.

Presenças - Deputados Antônio Júlio (PMDB), coordenador; Carlos Pimenta (PDT) e Carlos Gomes (PT). Além dos convidados citados a matéria, participaram da reunião o cônsul honorário da República do Paraguai, Marcos Pereira Cardoso; o primeiro secretário da Embaixada do Paraguai, Rodrigo Javier Velásquez Aguirre; e a secretária do Consulado do Uruguai, Rosi Matos.

 

 

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