Relatório sobre Serras da Moeda e da Calçada sai até dia 30

A fim de colher informações para elaboração do relatório final da Comissão Especial das Serras da Calçada e da Moeda,...

12/03/2009 - 00:05
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Relatório sobre Serras da Moeda e da Calçada sai até dia 30

A fim de colher informações para elaboração do relatório final da Comissão Especial das Serras da Calçada e da Moeda, deputados sobrevoaram a região nesta quinta-feira (12/3/09). A visita aconteceu por sugestão do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), relator da comissão especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O deputado disse que concluirá o relatório até o dia 30 de março. Também participaram da visita os parlamentares Fábio Avelar (PSC) e Délio Malheiros (PV).

Criada a requerimento do deputado Fábio Avelar, a comissão especial tem o objetivo de analisar o potencial para usos alternativos do solo e do subsolo das serras, junto com a preservação dos patrimônios arqueológico, espeleológico e natural dessas áreas, bem como seu potencial ecoturístico. Nesta quinta-feira, os deputados percorreram a região em um helicóptero do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Foram visitados a Mina Pau Branco, em Brumadinho, de propriedade do grupo francês Vallourec & Mannesmann Tubes; e o povoado de São Caetano da Moeda, distrito do município de Moeda. No sobrevôo, também foram verificados remanescentes arqueológicos do forte da Serra da Calçada e loteamentos clandestinos na área do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça.

O trabalho dos parlamentares ocorre em meio a disputas entre empresas mineradoras, moradores de condomínios e entidades ambientais, que divergem a respeito do destino das áreas em estudo. A Serra da Moeda é um grande espinhaço, ou cadeia de montanhas, que se estende por 70 quilômetros, de Belo Horizonte ao município de Belo Vale, no sentido norte-sul. Tem esse nome por causa da cunhagem clandestina de barras de ouro na época do Brasil colônia, que era feita na região. Inclui vários segmentos e ramificações, entre os quais a Serra da Calçada. Esta serra, por sua vez, se distribui entre os municípios de Nova Lima e Brumadinho. Ali há um "forte", estrutura murada que é remanescente de uma antiga fazenda do século XVIII, onde já se explorava ouro. Boa parte da área é hoje de propriedade da mineradora Vale.

Na Mina Pau Branco, os deputados foram recebidos pelo superintendente geral da V&M Mineração, Mário Cançado; pelo superintendente de Controladoria, Rogério Perillo; e pelo superintendente de Desenvolvimento Sustentável e Relações Corporativas, Antônio Claret. Durante a visita, os parlamentares puderam ver a cava e a área de beneficiamento de minério de ferro. Também foi visitada uma gruta próxima à sede da empresa.

Criada em 1955, a V&M corresponde à antiga Mannesmann Mineração S/A. Localizada a 30 quilômetros de Belo Horizonte, a Mina Pau Branco produz quatro milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A localidade de São Caetano da Moeda possui ruínas de uma "casa da moeda" clandestina do século XVIII. Na época colonial, ali eram cunhadas ilegalmente barras de ouro, para fugir à cobrança de impostos da coroa portuguesa. Em agosto, a comunidade comemora a festa de São Caetano, que atrai visitantes.

Assembleia tem diferentes propostas para as serras

A comissão especial precisa concluir seu trabalho até o dia 3 de abril. O relatório final deverá ser encaminhado aos órgãos ambientais, ao Ministério Público e à sociedade civil organizada, e servirá de orientação para a análise de três proposições que tramitam na Assembléia sobre o assunto. São elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/07, do deputado Dalmo Ribeiro Silva, o Projeto de Lei (PL) 1.304/07, do deputado Délio Malheiros (PV), e o PL 124/07, do deputado Ivair Nogueira (PMDB).

A PEC 16/07 tramita em 2º turno. Ela pretende incluir a Serra da Moeda entre as áreas tombadas do Estado. Os trabalhos da comissão da PEC foram suspensos para aguardar a conclusão das atividades da comissão especial das serras. Já o PL 1.304/07 atraiu o apoio de diversas entidades ambientais e de moradores da região da Serra da Calçada. Ele pretende incorporar a área ao Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. A idéia é defendida pela Associação para Recuperação e Conservação Ambiental em Defesa da Serra da Calçada (Arca-Amaserra) e pela entidade Astúrias, que tem um projeto de criação do Museu do Ecoturismo na região.

O PL 1.304/07 foi anexado ao PL 124/07, que propõe reduzir em 6,5% a área do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, com o objetivo de regularizar áreas ocupadas por mineradoras e um empreendimento imobiliário. O parque abrange os municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, atingindo uma área de 3.941,09 hectares.

Apesar de já existirem três proposições, o deputado Dalmo Ribeiro afirmou que seu relatório caminha para a apresentação de uma quarta proposta, que incorpore aspectos das anteriores. Além das proposições legislativas, também serão consideradas no relatório as informações coletadas nas três audiências públicas realizadas pela comissão e na visita desta quinta-feira. "Já temos depoimentos, documentos técnicos e periciais. Foi importante os deputados terem acompanhado isso de perto. É preciso considerar também o que já tem sido feito pelas mineradoras, o que inclui um trabalho de preservação", afirmou Dalmo.

Deputado diz que Serra da Calçada será preservada

Em junho de 2008, a Serra da Calçada foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). A área tombada corresponde à propriedade da Vale, que pretende explorar ferro em parte do terreno. A Vale pretende a revisão do tombamento de forma a permitir a exploração parcial, em troca da preservação do restante da área, que inclui as ruínas históricas da exploração aurífera na época colonial, pinturas rupestres, lascas de cristal possivelmente produzidas por populações primitivas, fauna e vegetação características dos campos ferruginosos. Para as entidades ambientalistas, é importante a preservação de toda a área.

O deputado Délio Malheiros disse estar certo de que a Serra da Calçada será totalmente preservada, mesmo que não seja formalmente incorporada ao Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. "Não importa o instrumento, queremos a Serra da Calçada integralmente preservada, assim como pontos da Serra da Moeda", afirmou o parlamentar. Para o deputado, a exploração mineral, se totalmente liberada, poderia colocar em risco as nascentes que fornecem água para a Capital. Dalmo Ribeiro ressalvou, no entanto, que ainda tem alguns aspectos a analisar antes de concluir sua recomendação sobre a Serra da Calçada.

Já o deputado Fábio Avelar disse estar certo de que o colega Dalmo chegará a uma proposta equilibrada, que leve em conta todas as partes envolvidas na questão. Não podemos deixar de reconhecer a importância da atividade mineral para a economia mineira, sem deixar de considerar a prioridade da preservação ambiental", declarou o parlamentar.

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Fábio Avelar (PSC) e Délio Malheiros (PV).

 

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