ALMG viabiliza entendimento entre governo e empresas de Além Paraíba

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais viabilizou, nesta quin...

04/09/2008 - 00:03
 

ALMG viabiliza entendimento entre governo e empresas de Além Paraíba

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais viabilizou, nesta quinta-feira (4/9/08), entendimentos entre governo e empresários de Além Paraíba, a fim de tentar reverter a evasão de empresas para o Rio de Janeiro e barrar a chamada guerra fiscal. Representantes daquela cidade da Zona da Mata, que faz divisa com o Rio, revelaram a decadência econômica do município e cobraram soluções urgentes. Já a Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) acenou com a possibilidade de conceder regime especial de tributação para setores da região. Como resultado, ficou definido que os empresários encaminharão ao governo os pedidos por segmento, como para os setores de papel, metalúrgica e vestuário.

Para o presidente da comissão e autor do requerimento da reunião, deputado Délio Malheiros (PV), a comissão exerceu papel fundamental, intermediando a busca de uma solução para o problema. Em junho, os deputados visitaram Além Paraíba, mas o debate ficou prejudicado pela ausência do governo. "A solução está próxima nesse processo inaugurado pela Assembléia", avaliou ele, para quem será preciso trazer para o debate a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. Isto porque, além da questão tributária, outras formas de incentivo têm sido oferecidas pelo Rio de Janeiro, como doação de terrenos, galpões e linhas de financiamento diferenciadas, com juros a 2%. "É preciso resolver também essas pendências", completou, concordando com a SEF, que opinou ser importante a presença da Secretaria de Desenvolvimento Econômico nas discussões.

Empresários e entidades de classe de Além Paraíba reclamam da perda de 35 empresas da região. Eles informam que o ICMS cobrado sobre a receita das indústrias mineiras varia entre 12% e 18%, enquanto nos 32 municípios fluminenses limítrofes de Juiz de Fora, também na Zona da Mata, o imposto cobrado seria de 2%. Pelo menos 15 empresas teriam se transferido para o Rio de Janeiro por conta dos incentivos fiscais.

SEF sugere regime especial de tributação, mas empresários e deputado têm dúvidas

O assessor da Subsecretaria da Receita Estadual, Jefferson Nery Chaves, que representou o secretário da Fazenda, informou que Minas tem "munição de grosso calibre" na questão tributária e que não há benefício fiscal que não possa ser equiparado com outros Estados. Ele se referiu ao regime especial de tributação (RET). Ele funciona da seguinte forma: qualquer contribuinte ou entidade de classe que se sentir prejudicado por tratamento tributário concedido em outro Estado pode solicitar o mesmo tratamento em Minas. Para isso, deve anexar a legislação do Estado em questão ao requerimento.

O governo avalia o pedido, que deve ser feito por segmento econômico, e sua decisão precisa ser ratificada pela Assembléia. Depois de concedido o RET, as empresas daquele segmento são beneficiadas, e o governo encaminha ao Legislativo, trimestralmente, o relatório discriminando quem foi contemplado. De 2004 até agora, 152 regimes especiais foram concedidos.

Apesar disso, os empresários têm dúvidas. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Além Paraíba (Aciap), Fernando Junqueira, conhece o instrumento do regime especial de tributação, mas questiona que apenas os grandes empresários têm sido beneficiados, em detrimento dos micro e pequenos. Na avaliação de Junqueira, que é empresário do setor metalúrgico, a situação de Além Paraíba é complicada e peculiar. Isto porque a cidade está localizada exatamente na divisa com o Rio de Janeiro, tendo como vizinhos outros municípios de médio porte. "Para se chegar a esses municípios fluminenses, basta atravessar duas pontes", ilustrou.

Fernando Junqueira disse que já recebeu, pessoalmente, vários convites para transferir sua firma para o Rio de Janeiro, com a oferta de doações de terreno e de galpão, além de linha de financiamentos. Segundo ele, seu prejuízo mensal varia de R$ 20 mil a R$ 30 mil, se comparar sua situação com a realidade oferecida pelo outro Estado. "Não sei até quando vou resistir", desabafou.

Deputado critica - O questionamento feito por Junqueira foi antecipado pelo deputado Antônio Júlio (PMDB), para quem o RET tem beneficiado apenas o grande empresário, sem contemplar os pequenos. Ele também vê nesses regimes o risco de uma espécie de "guerra fiscal interna", com competição entre setores para ver quem conseguirá o benefício. Tanto ele quanto o deputado Délio Malheiros cobraram do Estado a adoção de uma política tributária mais ousada e eficiente. "O Rio de Janeiro está nos engolindo", enfatizou Antônio Júlio, que sugeriu voltar a Além Paraíba com representantes do governo. Dele partiu ainda o pedido para que a associação comercial encaminhe à comissão as reivindicações que entregou à Secretaria da Fazenda.

Em resposta, Jefferson Nery Chaves reafirmou que a SEF está aberta às reivindicações de qualquer contribuinte, seja ele grande ou pequeno. Mas ponderou que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico tem papel ativo na resolução de questões como a de Além Paraíba.

Reforçaram as reivindicações o vice-presidente da associação comercial, Lizardo da Silva Filho, e o coordenador estadual de Projetos da Federaminas, Belchior Gonçalves Silva. Segundo Lizardo, Além Paraíba está virando uma cidade-dormitório por conta da evasão das empresas.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Délio Malheiros (PV), presidente; e Antônio Júlio (PMDB).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715