Despachantes mineiros reclamam de descaso do Detran com a classe

"Minas Gerais é o único Estado que não reconhece o Conselho Regional dos Despachantes", afirmou o presidente do Conse...

17/10/2007 - 00:00
 

Despachantes mineiros reclamam de descaso do Detran com a classe

"Minas Gerais é o único Estado que não reconhece o Conselho Regional dos Despachantes", afirmou o presidente do Conselho Federal dos Despachantes do Brasil, Chrispim José da Silva, na reunião com convidados da Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (17/10/07). O encontro, solicitado pelo deputado Ademir Lucas (PSDB), pretendeu obter esclarecimentos sobre a permissão de emplacamento de carros e os problemas de relacionamento entre despachantes e o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Ademir é autor de projeto de lei que resultou na Lei 9.095, de 1985, que dispõe sobre o exercício das atividades do despachante junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública. "Talvez seja hora de revermos essa lei", comentou o deputado.

"O Estado não pode ir contra o que determina uma lei federal", contestou o presidente do conselho federal, Chrispim José da Silva. A Lei 10.602, de 2002, que dispõe sobre o Conselho Federal e os Conselhos Regionais dos Despachantes Documentalistas e dá outras providências, diz em seu art. 1º que o conselho federal e os conselhos regionais "são os órgãos normativos e de fiscalização profissional dos despachantes documentalistas, dotados de autonomia administrativa e patrimonial, com personalidade jurídica de direito privado."

Representantes da classe foram unânimes ao reclamar da indiferença do Detran em relação ao trabalho dos despachantes, assim como sobre a atuação das concessionárias, que foram autorizadas a fazer o emplacamento dentro de suas sedes, por meio de despachantes contratados. Segundo o presidente do conselho federal, em São Paulo, por exemplo, os lacres são entregues diretamente aos despachantes. "São cerca de 6.800 profissionais que fazem o atendimento in loco para o cliente", informou. A colocação do lacre na placa é um dos procedimentos que permite a regularização do veículo. O despachante Mauro de Souza Santos, membro da Cooperativa dos Despachantes de Documentos do Detran de Minas Gerais (Coodestran-MG), reclamou da concorrência desleal das concessionárias e do descaso do Detran. "Imaginem o absurdo que é dizer ao meu cliente que não tenho acesso ao lacre", ponderou.

Membro da cooperativa afirma que não existe fiscalização da atividade no Estado

O secretário da Coodestran-MG, Antônio Lúcio da Silva, afirmou categoricamente, não existir fiscalização da atividade de despachantes profissionais no Estado. "São cerca de 2.300 profissionais em Minas Gerais. No Detran-MG existe o setor para assuntos de despachantes, o Sad, mas são poucos funcionários e a fiscalização efetiva não ocorre", informou. "O Detran não reconhecendo a atuação do conselho faz com que o despachante não se sinta obrigado a se registrar na entidade. Isso cria uma concorrência predativa para ele mesmo. Da forma como está, qualquer um exerce a função. A questão é muito mais complexa do que imaginávamos", analisou o deputado Ademir Lucas.

Consumidor - Segundo Antônio Lúcio, em 2006, foram registrados em Minas Gerais 362 mil veículos novos. "Cerca de 80% deles com lacrações externas ao Detran, nas concessionárias. Em 2007, o número deve chegar a 400 mil, além de outros 300 mil veículos usados", informou. Ele também questiona os valores cobrados pelas concessionárias para o emplacamento. "O consumidor não tem condição de saber o que é tarifa obrigatória e o que a concessionária ganha", explicou. De acordo com ele, as concessionárias cobram cerca de R$ 200 pelo serviço, sendo que o lacre em si custa R$ 0,17. "São 580 concessionárias no Estado, cada uma com direito a dois procuradores, ou seja, dois despachantes contratados para o trabalho", disse. Segundo os convidados, a situação gera uma concentração de trabalho na mão de poucos e afeta também o consumidor, que fica dependente do trabalho das concessionárias, já que poucos emplacamentos são feitos diretamente no Detran.

"Um diretor do Detran chegou a dizer que a profissão de despachante seria extinta. Eles não delegam para nós uma função que é nossa por direito. Em vez de nos autorizar, autorizam as concessionárias", disse o presidente da Coodestran-MG, Antônio Pedro Alves Filho. "Queremos entender o motivo dessa situação. Estamos qualificados para receber os benefícios como em qualquer outro Estado", reclamou.

O deputado Elmiro Nascimento (DEM) solicitou os documentos levados pelos participantes. "Assim, poderemos analisar juntos qual a melhor medida a ser tomada a partir de agora", avaliou. O deputado Ademir Lucas sugeriu uma reunião com membros do Detran. "Não há dúvida que o conselho é um instrumento legítimo", comentou o deputado Domingos Sávio (PSDB). "A situação não está transparente. Chamamos para a comissão uma tarefa e precisamos de esclarecimentos do Detran", completou.

Foram aprovadas três proposições que dispensam a apreciação do Plenário e um requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que solicita uma audiência pública para conhecer os problemas que impedem o Juizado Especial Federal de atuar com celeridade na ação jurisdicional.

Presenças - Deputados Elmiro Nascimento (DEM), presidente; Ademir Lucas (PSDB), vice; André Quintão (PT); Chico Uejo (PSB); Inácio Franco (PV), Domingos Sávio (PSDB), Ivair Nogueira (PMDB) e Weliton Prado (PT). Além dos convidados citados acima, também compareceu o presidente do Sindicato dos Despachantes de Documentos de Trânsito de Belo Horizonte (Sind-BH), José de Souza Santos.

 

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