Comissão de Direitos Humanos é contra penitenciária em Formiga

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa vai marcar uma audiência com o secretário de Estado de Defes...

16/11/2005 - 01:00
 

Comissão de Direitos Humanos é contra penitenciária em Formiga

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa vai marcar uma audiência com o secretário de Estado de Defesa Social, Antônio Augusto Anastasia, para cobrar uma nova destinação para o projeto de penitenciária regional de Formiga. Requerimento com essa finalidade, de autoria conjunta dos membros da comissão, foi aprovado na audiência pública realizada nesta quarta-feira (16/11/05) naquela cidade do Centro-Oeste de Minas. O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), que pediu a realização da reunião, propõe também a formação de um grupo de trabalho, com representantes do governo do Estado, ALMG e comunidade local, para estudar a melhor alternativa para a estrutura, que começou a ser construída há três anos.

Segundo o prefeito Aluísio Veloso Cunha, o acordo feito entre o município e o governo do Estado, ainda na gestão Itamar Franco, previa a construção de um centro de recuperação de presos nos moldes de uma Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), com 220 vagas. Mas o atual governo, de acordo com o prefeito, mudou o projeto original e decidiu construir no local uma penitenciária com capacidade para abrigar 440 detentos. O problema é que o terreno fica dentro da cidade, ao lado do bairro Nossa Senhora Aparecida e a 200 metros do Centro Universitário de Formiga (Unifor).

A possibilidade de construção de um presídio para receber detentos de toda a região incomoda a população de Formiga. O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Nossa Senhora Aparecida, Sirley José da Cunha, diz que a comunidade tem medo da incômoda proximidade com os presos e da desvalorização dos imóveis da vizinhança. O reitor da Unifor, Marco Leão, também está apreensivo com a possibilidade de concretização da obra. "Todos os dias, 4 mil pessoas passam pelo campus da Unifor. Como vamos conviver com o cadeião do nosso lado?", questionou. As autoridades locais se sentem traídas pelo governo do Estado. "Foi um presente de grego que recebemos", resume o presidente da Câmara Municipal, vereador Maurílio Geraldo Leão.

Por enquanto, só paredes e alicerces

Mas a idéia da penitenciária ainda está longe de se concretizar. Como os membros da comissão puderam constatar, o terreno do futuro presídio abriga não mais do que um bocado de alicerces e paredes ainda sem reboco. Uma placa no local informa o custo da obra: R$ 3,2 milhões, com recursos do Fundo Penitenciário Nacional. A mesma placa do governo do Estado diz que o centro de recuperação de Formiga deveria ter sido concluído em fevereiro de 2003. O prefeito denuncia que cerca de 80% dos recursos inicialmente previstos já foram consumidos, mas foram executados apenas 30% da obra. Ele também alega que a empreiteira responsável pela construção - Hermeto Costa - faliu. A obra está paralisada desde o ano passado, quando o município conseguiu uma liminar na Justiça pedindo a sua suspensão.

A prefeitura defende o aproveitamento da estrutura para a instalação da cadeia pública e da Apac da cidade. A idéia recebeu apoio de todos os deputados presentes à reunião: Durval Ângelo (PT), Roberto Ramos (PSDB), Paulo Cesar (PDT) e Domingos Sávio (PSDB). "O governo do Estado tem que cumprir o compromisso assumido anteriormente", defende Durval Ângelo. O deputado Domingos Sávio ponderou que essa situação foi criada pelo governo anterior. "O governador Aécio Neves já pegou esse abacaxi servido", disse.

Os deputados ainda conheceram uma experiência alternativa de recuperação de presos da cidade: a Fundação de Educação, Assistencial e de Proteção ao Meio Ambiente (Feama). Em uma fazenda nos arredores de Formiga, 18 detentos estudam e trabalham na produção de mudas de árvores frutíferas e plantas ornamentais.

Requerimentos - Foi aprovado um requerimento do deputado Roberto Carvalho (PT), para a realização de um debate público sobre moradia na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Do deputado Durval Ângelo, foram aprovados requerimentos viabilizando a participação da comissão nas atividades do Dia Mundial de Luta contra a Aids, e solicitando providências ao Ministério Público e ao governo do Estado para apuração de denúncias de irregularidades na cadeia pública de Três Corações.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PSDB), vice; Paulo Cesar (PDT) e Domingos Sávio (PSDB). Também estiveram presentes a secretária da Apac de Formiga, Magna Maria Higino Magalhães; o promotor Alexandre Alves de Oliveira; a pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular, Sueli Souza e Silva; e o comandante da Polícia Militar na cidade, capitão Araken de Freitas Leite.

 

 

 

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