Movimentos lutam pela inclusão das minorias no processo educacional

Ao falarem no painel "Experiências dos movimentos sociais na educação em direitos humanos em Minas Gerais", militante...

11/11/2005 - 01:00
 

Movimentos lutam pela inclusão das minorias no processo educacional

Ao falarem no painel "Experiências dos movimentos sociais na educação em direitos humanos em Minas Gerais", militantes de diversos segmentos, como deficientes físicos e homossexuais destacaram não só suas dificuldades, mas também os avanços na luta para incluir as minorias no processo educacional. O painel abriu as discussões do Ciclo de Debates "Educação em Direitos Humanos", realizado nesta sexta-feira (11/11/05), na Assembléia Legislativa, numa parceria do Legislativo com 24 entidades. O encontro começou na quinta-feira (10), à noite, e termina nesta sexta, com a apresentação de propostas que irão subsidiar o plano nacional para o setor em Minas Gerais. O ciclo foi solicitado pelo deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos.

Uma das exposições mais esperadas foi a da coordenadora do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), entidade criada há 25 anos, que congrega 400 movimentos divididos em oito regionais. Rosiana Pereira Queiroz disse que o MNDH vem trabalhando na perspectiva educacional com a visão dos oprimidos e de caráter libertador. Segundo ela, duas atividades marcaram recentemente o movimento: a pesquisa realizada, a pedido do Ministério da Educação, em 30 universidades federais para verificação da existência de programas em direitos humanos em que foi constatado que 18 delas têm algum tipo de programa na área; e a segunda ação foi o mapeamento em todo o País das experiências em direitos humanos.

Desse mapeamento, o MNDH divulga o que está sendo feito em cada regional, como a de Minas Gerais, que mantém o programa que propicia o acesso de jovens carentes à universidade, por meio do oferecimento de cursinhos pré-vestibulares subsidiados. Sua atuação abrange a periferia de Belo Horizonte, o Norte do Estado e o Vale do Aço. A rede já conseguiu encaminhar mais de 600 jovens carentes à universidade. Em outros estados há projetos de Direito para a população, formação de lideranças, organização, reconhecimento e titulação de quilombolas e alfabetização de adultos.

Academia tenta aproximar-se da sociedade

Uma das experiências relatadas foi a do Programa Pólos de Cidadania, da Faculdade de Direito da UFMG, projeto de alunos e professores que visa aproximar a teoria da prática. Segundo o representante do Pólos, Ronaldo Araújo, o programa tem atuado em vilas e aglomerados de Belo Horizonte, com mobilização social, teatro, um núcleo de mediação e cidadania e saúde mental.

Incisiva, a presidente da Associação de Transgêneros e Transexuais de Minas Gerais, Walquíria La Roche, criticou muitas entidades que defendem estas minorias, afirmando que elas ainda guardam conceitos errados sobre o segmento. E mostrou o trabalho que vem sendo feito, através de cartilhas, na área de educação, saúde e segurança. Walquíria informou que o movimento encaminhou propostas ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, entre elas a criação de uma ouvidoria junto ao Executivo, para acompanhamento das mudanças sociais sofridas entre transgêneros e transexuais.

O esporte como meio de inserção social e educacional foi abordado pela diretora financeira e ex-atleta da Associação Mineira de Paraplégicos, Rosana Bastos. Segundo ela, no início a associação se recusava a usar o esporte como recuperação da auto-estima dos associados, mas depois que passou a adotar esta linha, houve uma mudança grande no comportamento dos deficientes. Rosana Bastos enfatizou que o esporte favorece os deficientes, ao valorizar a convivência entre eles, possibilitar-lhes a capacidade de aprender, superar seus limites e vivenciar experiências desconhecidas por este público, como a da vitória. "Os atletas deficientes têm atraído novos olhares da sociedade", lembrou Rosana Bastos, referindo-se aos diversos campeonatos mundiais da modalidade.

Propostas - Além da proposta de criação de uma ouvidoria, encaminhada pela Associação dos Transgêneros, o Movimento Nacional de Direitos Humanos também apresentou suas sugestões: a compreensão e diagnóstico permanente dos direitos humanos; o posicionamento conceitual ante a generalidade e fragmentação do segmento; sistematização das práticas e lutas populares de educação; necessidade de capacitação de professores em direitos humanos; democratização da comunicação e do material educativo e democratização do Comitê de Educação em Direitos Humanos.

Parte do painel e todo o debate que se seguiu depois foram coordenados pelo deputado Roberto Ramos (PSDB), vice-pesidente da Comissão de Direitos Humanos. O plenário se manifestou fazendo perguntas sobre segurança e inclusão educacional e digital para as minorias.

 

 

 

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