Cambuquira sedia debate sobre águas minerais nesta segunda (23)

Quais os critérios para exploração das águas minerais no Estado? Como evitar a superexploração e garantir a qualidade...

20/05/2005 - 00:01
 

Cambuquira sedia debate sobre águas minerais nesta segunda (23)

Quais os critérios para exploração das águas minerais no Estado? Como evitar a superexploração e garantir a qualidade das fontes de água medicinal? Perguntas como essas motivam a audiência pública que a Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais promoverá na próxima segunda-feira (23/5/05) em Cambuquira, Sul de Minas. Solicitada pelo presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT), a reunião foi agendada para que deputados e população conheçam os critérios que devem instruir os processos de licitação para explorar as águas, principalmente no que diz respeito ao uso medicinal. O evento será no Salão de Convenções do Hotel Santos Dumont (Av. Virgílio Melo Franco, 400/Centro), às 9 horas.

A reunião acontece no momento em que se começa a discutir o novo edital de licitação para escolher quem vai engarrafar água das fontes de Caxambu, Cambuquira e Lambari. Segundo matéria do Estado de Minas do dia 26 de abril, o medo é que uma multinacional vença a concorrência e as cidades convivam com problemas semelhantes aos que São Lourenço enfrenta com relação à Nestlé Waters, ré numa ação movida pelo Ministério Público por causa dos danos ambientais provocados pela superexploração. O receio, segundo o jornal, é de que multinacionais não respeitem os limites de exploração, provocando o esgotamento ou a alteração na qualidade das fontes.

Há 25 anos, as águas de Caxambu, Cambuquira, Lambari e Araxá são exploradas pela empresa Supergasbrás. Mas o contrato de concessão já venceu há quase cinco anos e é hoje motivo de batalha judicial que já está praticamente no fim, segundo o jornal. A matéria também informa que os técnicos da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) trabalham com a meta de lançar o edital ainda este ano. Mas não está definido se uma única empresa vai engarrafar a água das três cidades, de quanto tempo será o contrato e qual será o volume máximo de extração permitido. A Codemig afirma, por outro lado, que o único item do edital já acertado é que não haverá superexploração, ou seja, quem for engarrafar a água não vai poder usar bombas nem perfurar o subsolo. A captação terá que respeitar a água que brota naturalmente das fontes.

Convidados - Além dos deputados Laudelino Augusto, Doutor Ronaldo (PDT), João Leite (sem partido), e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), confirmaram presença na reunião do dia 23 o gerente de Projetos da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Weber de Avelar Silva; o chefe do 3º Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Luiz Eduardo Machado de Castro; a geóloga da Divisão de Regulação e Controle do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Maricene Menezes de Oliveira Mattos; o porta-voz do Fórum das Organizações Não-Governamentais do Circuito das Águas (Focas), Reinaldo Guedes Neto; e o prefeito de São Tomé das Letras e presidente da Associação dos Municípios do Circuito das Águas (Amag), Luiz Vilela Paranaíba. O presidente da Codemig, Oswaldo Borges da Costa Filho também foi convidado para a reunião.

Um outro tema a ser discutido em Cambuquira é o processo de formação da Comissão Permanente de Crenologia do Ministério de Minas e Energia. Presidida pela direção-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a comissão é integrada por entidades e instituições que têm relação com o tema. De acordo com informações do gabinete do deputado Laudelino Augusto, para o DNPM a reativação da Comissão de Crenologia abre espaço para a retomada de questões importantes, como a avaliação da qualidade química e das propriedades medicinais, além da classificação dos tipos de águas. Também deverá ser apresentado o documento final do II Encontro das Águas Minerais, que será promovido pelo Focas nos dias 22 e 23 de maio.

Águas minerais foram tema de reunião em abril

As águas minerais foram abordadas em reunião da Comissão de Meio Ambiente realizada no dia 26 de abril. Nesta data, a secretária-geral da Defensoria da Água, Maria Helena Batista Murta, divulgou o relatório "O estado real das águas no Brasil - 2003/04", que destaca "a total omissão do governo do Estado de Minas Gerais no controle das atividades de superexploração das águas da Nestlé na região de São Lourenço". O mapeamento que gerou o relatório foi feito pela Defensoria da Água com base em estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dados do Ministério da Saúde e em mais de 30 mil denúncias colhidas pela entidade, que foi criada no ano passado como resultado da Campanha da Fraternidade - cujo tema foi "Água, fonte de vida".

Na reunião, o diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Paulo Teodoro de Carvalho, rebateu as críticas de que o governo estadual teria sido omisso no controle das atividades de superexploração das águas. Segundo ele, o próprio secretário do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, fez retirar da pauta de várias reuniões do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) a concessão de licenciamento para exploração de água pela Nestlé. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado pela empresa com a participação do governo do Estado, acrescentou Paulo Teodoro.

A matéria do jornal Estado de Minas publicada em 26 de abril cita que a superexploração das águas de São Lourenço pela Nestlé teria sido responsável pela alteração do sabor de uma das fontes e o esgotamento de outra, hoje recuperada. Essa hipótese é defendida pelo geólogo Gabriel Junqueira, que assessora o Ministério Público na ação que move contra a empresa. Segundo a reportagem, além dos danos ecológicos, o MP averiguou que a documentação da empresa estava irregular no quesito licença ambiental para engarrafar água mineral. O jornal também informa que a Nestlé firmou um acordo com os órgãos ambientais do Estado para regularizar sua situação.

Comissão Especial - Na Reunião Ordinária do Plenário da Assembléia no último dia 19, a Presidência designou os integrantes da Comissão Especial que irá avaliar a situação das estâncias hidrominerais do Sul de Minas. A comissão foi solicitada por requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva.

 

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