Para empresas, substituição de cola de sapateiro elevará custos

Vários empresários calçadistas defenderam, na reunião da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio da Assembléia dest...

12/05/2004 - 00:00
 

Para empresas, substituição de cola de sapateiro elevará custos

Vários empresários calçadistas defenderam, na reunião da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio da Assembléia desta quarta-feira (12/5/04), o arquivamento do PL 1.121/03, do deputado Gilberto Abramo (PMDB). O projeto determina à indústria mineira substituir, de forma gradativa, todo produto composto quimicamente por tolueno e seus similares químicos (a conhecida cola de sapateiro) pelo adesivo à base de água, que não possui solvente em sua composição. Na reunião, os empresários afirmaram estar dispostos a introduzir o novo produto nos processos de fabricação, mas ressaltaram que a medida implicará mudanças que só poderão acontecer a longo prazo.

"Temos feito muitos estudos, mas a indústria ainda não tem tecnologia para isso. Serão precisos novos layouts e equipamentos, além da readaptação de produtos", disse o representante da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couros, Sapatos e Artefatos, Vladimir Souza. Segundo ele, a obrigatoriedade da substituição tornará Minas Gerais menos competitiva em relação a Estados que não adotam o adesivo à base de água, uma vez que a nova tecnologia teria um custo até cinco vezes maior que o método tradicional - o que pode inviabilizar a produção.

"A colagem insuficiente ainda é a maior causa de devolução de calçados no Brasil. Se o adesivo à base de água for usado precipitadamente, o consumo interno e de exportação vai diminuir", continuou Vladimir Souza. O representante dos empresários reconheceu o esforço geral para que a mudança aconteça, mas insistiu que, neste momento, a idéia é prematura.

O representante da empresa Amazonas Química, Sebastião Mariano, salientou que os fornecedores, em nível mundial, também não estão preparados para trabalhar com a cola de água. As maiores dificuldades seriam a demora para secagem e adesão e a variedade de matérias-primas e adesivos que precisam ser desenvolvidos para a aplicação do método. "Vai exigir um investimento vultuoso e impensável para pequenas e médias empresas, que correspondem a 90% do setor em Minas", disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados do Estado, Gilson Xavier.

Segurança - Para o médico do trabalho Gladstone Gripp Alvim, que atua em Nova Serrana, a adoção do novo adesivo será um avanço para a indústria, apesar de que "hoje, ainda precisa ser analisada". Segundo ele, estudos indicam que os impactos do tolueno à saúde dos trabalhadores de indústrias de calçados já são muito bem controlados. "Em Nova Serrana, praticamente todas as empresas chegam a níveis bem menores dos que o governo considera como insalubres", defendeu. Quanto ao uso do tolueno como entorpecente, o empresário Martinho Flech opinou: "A proibição da cola de sapateiro é paliativa, pois outros produtos têm o mesmo efeito lesivo".

Deputados vão interceder

Após ouvir as exposições dos empresários, os deputados reconheceram que a aprovação do projeto, que recebeu parecer favorável das Comissões de Justiça e de Saúde, pode prejudicar as indústrias mineiras. "A Comissão de Turismo concorda que, nesse aspecto, o projeto é inadequado. Vamos conversar com o autor da matéria", afirmou o presidente da comissão e autor do requerimento pela realização da reunião, deputado Paulo Cesar (PFL).

"Pela preocupação social, sou favorável ao projeto, mas a substituição não pode ocorrer de imediato. O setor é importante para o Estado", afirmou a deputada Maria Olívia (PSDB). Ela sugeriu que o projeto seja analisado também pela Comissão de Defesa do Consumidor.

Anvisa - O deputado Biel Rocha (PT) também reconheceu a preocupação do autor para com os usuários de produtos tóxicos e ressaltou a importância de a comissão abrir o debate sobre a questão, aprimorando o trabalho do Legislativo. Ele apresentou requerimento, aprovado, para que as cópias taquigráficas da reunião sejam enviadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, como forma de levar as preocupações dos empresários à consulta pública que está sendo realizada pelo órgão federal sobre o tolueno.

A Comissão de Turismo também aprovou requerimento do deputado George Hilton (PL) para que uma audiência em Teófilo Otoni debata o PL 1.456/04, de autoria dele, que trata da produção industrial na região Norte de Minas e nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri.

Presenças - Participaram da reunião o deputado Paulo Cesar (PFL), presidente; a deputada Maria Olívia (PSDB), vice-presidente; e o deputado Biel Rocha (PT).

 

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