Mau cheiro na região da ETE-Arrudas é discutido em
comissão
O forte mau cheiro enfrentado pelas comunidades dos
bairros próximos da Estação de Tratamento de Esgotos do Rio Arrudas,
na região Leste de Belo Horizonte. Esse foi o tema da audiência
pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, nessa
quinta-feira (3/7/2003). O autor do requerimento para a realização
da reunião, deputado Roberto Carvalho (PT), declarou que "o mau
cheiro provocado pela ETE-Arrudas é insustentável" e que "a vida das
pessoas dessas comunidades se tornou um inferno". Apesar de achar a
obra uma conquista, um avanço para o meio ambiente, ele exigiu
providências da Copasa, responsável pela obra, para solucionar o
problema.
Em nome da Feam, a engenheira da Divisão de
Saneamento, Maria do Rosário Pinheiro Melo, declarou que, na
vistoria feita em 11 de junho, na ETE e em vários estabelecimentos
da região, só foi constatado o odor na área interna da estação o que
é normal, segundo ela, mesmo reconhecendo que ele pode ser
minimizado. A engenheira fez um histórico do licenciamento da ETE,
obra que faz parte do Programa de Saneamento Ambiental das Bacias do
Arrudas e do Onça (Prosan). A licença prévia foi concedida em 1992;
em março de 97, a Feam concedeu licença de instalação para a ETE
fazer o tratamento primário de esgotos, o que só veio ocorrer em
setembro de 2001. Em dezembro de 2000, foi concedida licença para o
tratamento secundário e, em 26 de abril de 2002, realizada a
primeira vistoria em todos os bairros vizinhos, e o odor só foi
verificado no Alto Vera Cruz. A secretária Municipal de Meio
Ambiente e Saneamento de Belo Horizonte, Carla Maria Vasconcellos
Froes, confirmou as informações da Feam, afirmando que toda a obra
foi devidamente licenciada.
Diretor diz que Copasa cumpre requisitos ambientais
na ETE
O representante da Assessoria Metropolitana da
Copasa, Rômulo Perilli, afirmou que a empresa está disposta a
discutir com a comunidade soluções para o problema. Mas ele
considera que a ETE-Arrudas atende com folga todos os parâmetros
ambientais estabelecidos pelos órgãos competentes, além de prestar
um grande serviço ao meio ambiente e à qualidade de vida na região.
Uma das medidas já adotadas, segundo Perilli, foi a dosagem de
produtos seqüestradores de gases, que eliminam o mau cheiro, e a
aquisição de medidores para monitorar os odores. Ele acha possível
que o cheiro forte possa estar vindo também de esgotos jogados na
rede pluvial da região. Para eliminar essa possibilidade, a área
está sendo monitorada, assim como outras de Belo Horizonte, dentro
da operação Caça Esgotos da Copasa, em que são separados os esgotos
das águas pluviais.
Investimento - O promotor
de Justiça do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico, Cultural,
Habitação e Urbanismo, José Maria dos Santos Júnior, avalia que a
Copasa não faria um investimento alto (cerca de R$90 milhões) nesta
ETE para ter um problema depois. Ele acredita que o melhor é
conciliar os interesses sem interditar a ETE para se evitar o
problema ambiental.
Comunidade - A
representante das comunidades Caetano Furquim, Casa Branca e
Taquaril, Welza Ribeiro dos Reis, reclamou que a construção da ETE
não foi discutida com a população. O fato das análises não terem
apurado o odor, pode ser devido aos horários pois, segundo ela, é de
5 da tarde a 1 da manhã que o cheiro torna-se "insuportável", o que
estaria provocando inclusive doenças respiratórias. Ela reivindicou
da Copasa o tratamento dos esgotos de vários moradores que ainda não
contam com esse serviço na região, e a criação da área de lazer,
prevista no projeto. Vários representantes dos bairros representados
por Welza e de outros, como Vera Cruz, Boa Vista e São Geraldo,
também se pronunciaram fazendo coro à manifestação dela.
Soluções - Como medidas
práticas para sanar o problema, a Comissão de Meio Ambiente e
Recursos Naturais pretende pedir à Copasa toda a documentação da
ETE-Arrudas, para analisá-la. Além disso, deve ser solicitada uma
consultoria externa, talvez da UFMG, para fazer novas vistorias na
região visando dotar a comissão de um maior embasamento sobre o
assunto. E ainda, foi proposta a realização de nova reunião na
própria ETE, com os envolvidos e, de preferência, na faixa de
horário em que o mau cheiro é mais forte.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Maria José Haueisen (PT), presidente da
comissão; Doutor Ronaldo (PDT), vice; e Roberto Carvalho (PT).
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