Estado tem que melhorar monitoramento ambiental, diz secretário

O acidente em Cataguases mostrou a inadequação do monitoramento dos órgãos de meio ambiente, em que o sistema de gest...

09/04/2003 - 21:24
 

Estado tem que melhorar monitoramento ambiental, diz secretário

O acidente em Cataguases mostrou a inadequação do monitoramento dos órgãos de meio ambiente, em que o sistema de gestão ambiental só funciona se for avisado. A constatação partiu do secretário de Estado do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, durante reunião com integrantes da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (9/4/03). Segundo ele, quase 100% dos técnicos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) ficam voltados para a expedição de licenciamento, sendo que o foco deveria estar voltado para o acompanhamento. "O processo termina com a concessão da licença ao empreendedor, quando na verdade, deveria estar começando", disse o secretário.

Carvalho apresentou os principais pontos da política estadual de meio ambiente, acrescentando que os planos de sua pasta estão contidos na Lei Delegada 62. Destacam-se aí a regionalização e descentralização do sistema de gestão ambiental do Conselho de Política Ambiental (Copam), através, principalmente, da divulgação de suas ações à sociedade; do convênio com Polícia Florestal para treinamento de 1200 policiais ambientais e da criação de Copams regionais; a unificação do sistema de licenciamento ambiental para monitoramento e fiscalização, com uma base única de dados georeferenciados, diferentemente dos atuais cadastros dispersos do Igam, IEF e Feam; a mudança de foco desses órgãos, de praticamente, expedidores de licença apenas, para órgãos de acompanhamento após o licenciamento dos empreendedores; e a unificação do licenciamento, acabando com a necessidade de licenças nos três órgãos.

Secretaria vai exigir relatórios mensais de empresas poluidoras

Além dessas diretrizes, o secretário de Meio Ambiente pretende, após a implementação da base única de dados, instituir a exigência de entrega por empresas poluidoras de relatórios mensais ou trimestrais sobre suas atividades ao órgão ambiental que, por sua vez, dará ampla divulgação aos municípios envolvidos e à sociedade civil. Ele disse ainda que a Secretaria vai mudar a forma de concessão das outorgas de água - hoje apenas uma licença -, passando a funcionar como um instrumento da gestão dos recursos hídricos. Carvalho quer que essa gestão se dê de maneira aberta e participativa e, para isso, vai investir na organização dos comitês de bacias.

Em relação à política florestal, o secretário afirmou que a lei tratando dessa questão será regulamentada, e o Governo estadual vai investir em programas de desenvolvimento florestal em Minas, estado com alto consumo de madeira e baixo índice de área protegida (1%, segundo ele). Carvalho acrescentou que a política para esse setor visa também estimular a expansão da base florestal, o reflorestamento em áreas degradadas, a recuperação de áreas de preservação permanente e reservas legais.

Deputados denunciam crimes ambientais em regiões do Estado

Os deputados apresentaram denúncias de irregularidades ambientais em diversas regiões do Estado. O deputado José Milton (PL) se mostrou preocupado com o encampamento dos 1200 homens pela Polícia Ambiental, que segundo ele, não estariam todos eles qualificados para atuar na área de meio ambiente. Ele defendeu também que a Secretaria buscasse conciliar a preservação ambiental e a preocupação com os meios de sobrevivência de moradores das regiões de florestas. O deputado Márcio Passos (PFL) sugeriu que as licenças dos órgãos ambientais fossem concedidas por prazos menores e não por prazo indeterminado, de modo que as empresas fossem obrigadas a prestar contas de suas atividades periodicamente.

Já o deputado Biel Rocha (PT) salientou que, apesar de ser oposição ao governo estadual, pode oferecer seu testemunho do empenho do secretário para solucionar o desastre ecológico em Cataguases, na visita que fez com José Carlos Carvalho à empresa. "Grandes acidentes ambientais são notícia nacional, mas pequenos crimes acontecem a todo momento", lamentou o deputado Doutor Ronaldo (PDT), citando exemplos de degradação ambiental em outros municípios, como nas minerações de ardósia em Papagaios, desmatamentos ilegais no norte de Minas, loteamento irregular com destruição de mata e nascente na BR-040, próximo a Esmeraldas.

A presidente da comissão, deputado Maria José Haueisen (PT), saudou o plano do secretário de descentralizar as atividades pois, na visão dela, o interior do Estado é o que mais sofre com problemas ambientais, citando alguns deles: em Berilo, Vale do Jequitinhonha, um grave problema social ocorre com a construção da barragem de Irapé; em Salto da Divisa, com a barragem de Itapebi, aumentou muito o desemprego. O deputado Olinto Godinho (PTB) denunciou o projeto da prefeitura de Matozinhos para construção de um aterro sanitário próximo a duas nascentes.

Requerimentos aprovados:

* Deputados Rogério Correia e Laudelino Augusto, do PT: audiência pública para tratar da exploração excessiva de água mineral em São Lourenço pela empresa Nestlé Pure Life;

* Deputado Chico Simões (PT): solicitação à ministra Marina Silva de informações sobre a liberação de recursos do Programa Nacional de Despoluição de Bacias (Prodes), do Ministério do Meio Ambiente, para os projetos aprovados na área do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, especialmente os municípios de Ipatinga, Timóteo e Coronel Fabriciano, que aguardam decisão do Ministério; solicitação de análise e providências da Secretaria de Meio Ambiente e da Feam, quanto as denúncias de destruição de patrimônio ambiental em Coronel Fabriciano, no sentido de preservar esse "santuário ecológico" que se encontra ameaçado.

* Deputado Olinto Godinho (PTB): visita à fazenda São Sebastião do Peri Peri, em Matozinhos, onde será construído um aterro sanitário, próximo a duas nascentes, tendo em vista denúncias dos moradores locais;

Presenças: Além dos convidados e deputados citados, participaram também da reunião: os deputados Paulo Piau (sem partido) e Marília Campos (PT); o diretor-geral do Igam, Paulo Teodoro de Carvalho; o diretor de Pesca e Biodiversidade do IEF Célio Vale; o assessor jurídico da Feam, Joaquim Martins; o cônsul aposentado do Brasil, Carlos Antônio Ricardo.

 

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