Pronunciamento do presidente da Assembléia na posse do governador

Pronunciamento do deputado Antônio Júlio, presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, na solenida...

01/01/2003 - 15:31
 

Pronunciamento do presidente da Assembléia na posse do governador

Pronunciamento do deputado Antônio Júlio, presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, na solenidade de posse do governador Aécio Neves

Palácio da Inconfidência

1º de Janeiro de 2003

No encerramento desta reunião solene da Assembléia Legislativa, desejo formular a Vossa Excelência, senhor governador Aécio Neves, os cumprimentos desta Casa pela sua posse, hoje, na chefia do Poder Executivo de nosso Estado.

Além de ostentar no sangue e em sua história pessoal o melhor da tradição política mineira, filho de Aécio Cunha e neto de Tancredo Neves e de Tristão da Cunha, Vossa Excelência traz para o governo do Estado a experiência de quatro mandatos parlamentares, coroados por uma atuação marcante na presidência da Câmara.

Quero pessoalmente evidenciar a importância de quem sempre foi um parlamentar e que agora assume a mais importante função executiva de Minas Gerais e devo, em nome de todos os deputados desta Casa, expressar a grande esperança que, em nome do povo mineiro, depositamos em quem sempre valorizou o Legislativo.

Pois Vossa Excelência soube inaugurar na câmara dos deputados um tempo novo, recuperando seu plenário como o foro de debates das grandes questões nacionais.

Do mesmo modo como vem procedendo esta Assembléia estadual, a agenda política do deputado federal Aécio Neves, na presidência da Câmara dos Deputados, procurou se aproximar da sociedade. De uma maneira dinâmica e corajosa, não hesitou em colocar em votação matérias importantes, mas polêmicas, que foram devidamente discutidas e aprovadas.

Dentre as que maior impacto provocaram na opinião pública, estavam justamente as que visavam ao resgate e à valorização do Parlamento. Não existe nenhuma dúvida de que a mais importante delas foi aquela que restringiu a edição de medidas provisórias pelo Poder Executivo, o último ranço autoritário vigente na nossa atividade de legislar.

Dessa forma, foram estabelecidos critérios claros, proibindo a reedição na mesma legislatura de medida provisória que tenha sido objeto de rejeição ou tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

Os Legislativos federal e estadual, no caso específico de Minas Gerais, estiveram bastante afinados nas legislaturas que ora se extinguem, uma vez que foi preocupação de ambos a moralização do poder. Assim como a Câmara de Deputados restringiu a imunidade Assembléia cuidou desse antigo anseio da população, criando recentemente o nosso Código de Ética, além de limitar a imunidade parlamentar. A imunidade é uma salvaguarda democrática contra o autoritarismo, e não uma garantia ao político de estar acima dos demais cidadãos perante as responsabilidades sociais e legais atinentes a todos os brasileiros.

Minas Gerais já goza hoje de um clima de tranqüilidade, fruto de uma transição madura e provocada pelo entendimento entre seus dois governadores, Aécio Neves e Itamar Franco. Com grande desprendimento, o governador de quem estamos nos despedindo abriu à equipe do novo governador todos os dados necessários à formulação de seu plano de governo. O pacto político entre ambos nos faz prever um futuro promissor para o estado, alicerçado no diálogo e nas relações de respeito mútuo com o novo governo federal, também já esboçadas pelo governador Itamar Franco.

Nesse sentido, afinam-se os dois políticos, no interesse maior de Minas Gerais. Neste ano que se configura difícil para todo o País, as diversas forças políticas deverão estar unidas em favor da governabilidade. Como pano de fundo desta colaboração ditada pela sensatez, está a reinserção de Minas Gerais no centro das mais urgentes questões econômicas e sociais, como o desenvolvimento e o emprego.

As forças políticas mineiras estarão presentes nas grandes decisões nacionais e nosso Estado, unido, ajudará o governo federal a superar o mais rápido possível esta fase de transição. Uma relação tranqüila com o governo Luís Inácio Lula da Silva será um ponto pacífico para que todas as regiões possam voltar a crescer, gerando, em futuro não muito distante, mais empregos e proporcionando uma vida melhor para todos os brasileiros. o Brasil precisa cumprir seu destino, voltar aos trilhos do crescimento, colocados por outro grande mineiro, o inesquecível Juscelino Kubitscheck, cujo centenário acabamos de comemorar.

Sabemos que nada poderá ser decidido neste país sem a participação do nosso estado. Hoje, um novo ciclo inaugura-se na política nacional e Minas Gerais estará ativamente presente. Pois nossa gente sonhou a República com Tiradentes e Minas foi reconhecida, mesmo pelo gaúcho Vargas, como o verdadeiro centro da nação. Juscelino foi o artífice do deslanchar do sonho para o futuro. A liberdade, quando abortada de nossa história recente, foi recolocada no horizonte da pátria pela moderação, o denodo e a visão do futuro de Tancredo Neves.

E agora a voz de Minas, mantida acesa pela tenacidade de Itamar Franco, poderá de novo se fazer ouvir. O tom inovador e ponderado de Aécio Neves, irá mais uma vez influenciar os rumos desta nação.

Permita-me citá-lo, governador Aécio Neves, pois é oportuno lembrar algumas idéias defendidas em memoráveis pronunciamentos de vossa excelência. Em um deles se lamentava de que "o poder central se ancorava na discriminação tributária". É preciso deixar aos estados recursos para atender seus projetos de desenvolvimento. Urge, portanto, uma nova definição das atribuições e das responsabilidades de cada membro da federação. Tancredo Neves, como Vossa Excelência e todos nós nos lembramos, já disse, com toda propriedade, que sem federação não há República.

De outra feita, nesta mesma Casa, ao receber, no contexto das comemorações da Inconfidência, a homenagem prestada pelos representantes do povo mineiro, reafirmou Vossa Excelência sua fé na cidadania. Pois, retomando suas próprias palavras, "os parlamentares são apenas cidadãos comuns que, por um tempo determinado, e enquanto durar a confiança dos que os indicam, exercem a liderança de suas comunidades, elaboram as leis, controlam o poder executivo, defendem e asseguram a soberania do povo". Aqui, nesta Casa, temos consciência de nossa condição de cidadãos, antes de tudo, pois ainda parafraseando o então parlamentar Aécio Neves "ao cidadão assiste o poder de fazer o deputado, e o deputado não faz o cidadão". Mais uma vez eleito pelo povo, Vossa Excelência saberá exercer sua liderança de forma a tornar concretas as expectativas dos cidadãos mineiros que o aclamaram nas urnas.

Como cidadão de Minas, saberá, dentro do quadro nacional e diante da criação em curso da Alca e dos percalços do Mercosul, tomar, novamente, a defesa de nosso parque produtivo diante da concorrência de economias externas mais capitalizadas. Estamos certos de que o governo de Minas, sob o comando de Vossa Excelência, saberá manter uma postura altiva, digna da elevada honra de nossa gente, com vistas à defesa dos interesses de nosso estado e de nossa histórica liberdade.

Sabemos, ao cumprimentar Vossa Excelência e o senhor vice-governador Clésio Andrade, que a honrosa responsabilidade de conduzir Minas Gerais não pesará sobre seus ombros. Pelo contrário, a voz de todos os outros mineiros excepcionais que um dia exerceram o mesmo cargo se somarão ao de Vossa Excelência numa polifonia caracterizada pela sabedoria e por uma percepção acurada do definitivo entrelaçamento dos destinos de minas e do brasil.

A nossa irrestrita confiança, demonstrada pela aprovação da delegação legislativa, acompanha nossos votos de todo o sucesso a V. Exa. na condução da história mineira nestes próximos quatro anos!

Muito obrigado!

 

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