Audiência discute situação de mutuários da Minas
Caixa
Os mutuários da extinta Minas Caixa que estão com o
pagamento das prestações atrasado ou têm problemas de documentação
em seus financiamentos habitacionais devem procurar a sede do Núcleo
Executivo do Grupo Gestor da Minas Caixa (rua da Bahia,
1.201/telefone 3271-6633), para regularizarem sua situação. De
acordo com o supervisor do Núcleo, Hilton Secundino, a expectativa é
de que até julho o governo estadual conclua a negociação com a Emgea
(Empresa Gestora de Ativos), vinculada ao Ministério da Fazenda e
que detém a carteira habitacional de créditos ativos, para aderir à
Lei 10.150/2000. A lei permite aos mutuários em dia com as
prestações quitarem 100% do débito, desde que os contratos tenham
sido firmados até 31/12/1987, com cláusula de cobertura do FCVS
(Fundo de Compensação de Variações Salariais).
O alerta de Secundino foi feito nesta quarta-feira
(5/6/2002), em reunião da Comissão de Defesa do Consumidor que
contou com a participação de diversos mutuários. Para que essas
pessoas sejam beneficiadas pela lei, é preciso, antes, a adesão pelo
agente financeiro. Essa adesão, informou Hilton Secundino, depende
da anulação do contrato de venda da carteira habitacional à Caixa
Econômica Federal (CEF) e de sua retomada pelo governo de Minas.
Segundo o Núcleo Executivo do Grupo Gestor, dos 20 mil contratos em
poder da Emgea, entre 12 mil e 13 mil teriam o direito de adesão
imediata à Lei 10.150. Os demais mutuários precisam procurar a sede
do Núcleo para resolver problemas como atraso das prestações,
duplicidade de financiamentos e falta de documentação. "É preciso
analisar cada caso", ressaltou Secundino, que representou o
secretário de Estado da Fazenda, José Augusto Trópia Reis.
Crítica - A reunião,
solicitada pelo deputado Doutor Viana (PMDB), teve, entre outros, o
objetivo de apurar o porquê da não-adesão dos mutuários da Minas
Caixa à Lei Federal 10.150/2000, que dispõe sobre a novação de
dívidas e responsabilidades do Fundo de Compensação de Variações
Salariais (FCVS). O deputado ressaltou que a Assembléia Legislativa
vai continuar acompanhando a negociação entre governos estadual e
federal, a fim de que os mutuários da Minas Caixa não sejam
prejudicados. O parlamentar também questionou a ausência da Emgea,
convidada a participar da audiência da Comissão. "A empresa tem
agido com rigor para cobrar dos inadimplentes. Como não pode
informar sobre o assunto?", questionou, ao se referir à carta
encaminhada à Comissão pela Emgea, há 15 dias. Ele também lamentou a
ausência, justificada, de representante da Caixa Econômica Federal
(CEF), à qual foi vendida a carteira habitacional.
MUTUÁRIOS CONSIDERAM-SE PREJUDICADOS
O presidente da Associação Nacional dos Mutuários e
Moradores do Sul e Sudeste, Adilson Machado, cobrou a resolução do
problema dos mutuários da extinta Minas Caixa. "Foi transferido para
a sociedade um problema que é dos governos estadual e federal",
disse, referindo-se ao processo de venda da carteira habitacional à
CEF, considerado prejudicial ao governo do Estado por Hilton
Secundino. Na opinião de Adilson Machado, os mutuários da Minas
Caixa não podem ser excluídos dos benefícios da Lei 10.150/2000, que
favoreceu indistintamente os mutuários e, segundo ele, possibilitou
significativa quitação de contratos da CEF e de bancos
privados.
Inadimplência - Adilson
Machado afirmou, no encontro, que é preciso discutir a questão da
inadimplência dos mutuários do Sistema Financeiro de Habitação
(SFH). Ele lembrou que muitos mutuários tiveram, ao longo dos anos,
a renda comprometida com o pagamento das prestações de contratos
muitas vezes distorcidos. "Os mutuários não devem deixar de pagar
seus financiamentos", ponderou, por outro lado, afirmando que apenas
a Justiça tem a prerrogativa de autorizar a suspensão dos
pagamentos. Antes de buscar uma saída no Judiciário, deve-se
recorrer ao agente financeiro e tentar solucionar as eventuais
distorções dos contratos por acordo administrativo.
ESTADO PODE REAVER R$ 600 MILHÕES COM RETOMADA DA
CARTEIRA
O supervisor do Núcleo Executivo do Grupo Gestor da
Minas Caixa, Hilton Secundino, fez um histórico do processo de venda
da carteira habitacional à CEF e da tentativa de retomá-la. "Ao
recuperarmos a carteira, voltaremos a ser o agente financeiro e
poderemos aderir ao FCVS", informou. Após um encontro de contas, o
Estado também poderia reaver recursos do fundo, da ordem de R$ 600
milhões, informou Secundino.
A carteira habitacional foi vendida à Caixa
Econômica Federal (CEF), em junho de 1998, por R$ 578 milhões, mas,
de acordo com Hilton Secundino, o valor histórico seria de cerca de
R$ 1 bilhão. "A venda trouxe prejuízos ao governo, com um deságio de
33%. Na negociação atual, defendemos que a devolução da carteira
ocorra em condições similares às da venda, para evitar mais
prejuízos à administração pública." O processo de venda incluía
também uma cláusula "pró-solvendo", ou seja, se algum contrato não
fosse aceito pelo FCVS, o Estado teria que devolver os recursos
correspondentes. "Nosso cálculo é de que, em função dos
desenquadramentos de contratos do FCVS já conhecidos, o Estado teria
que devolver R$ 150 milhões à CEF", afirmou.
Lei ajudou - Hilton
Secundino fez referência, na reunião, à Lei 14.247/2002, sancionada
nesta quarta-feira (5/6/2002) pelo governador Itamar Franco, fruto
do PL 1.729/2001, do deputado Gil Pereira (PPB). O artigo 3º da lei
autoriza o Estado a reaver a carteira habitacional. Formalizada a
operação, o total dos recursos recebidos pelo Estado com a venda da
carteira, deduzido dos valores das prestações habitacionais já
repassadas, será restituído à Emgea em parcelas mensais e
consecutivas, no prazo de até 15 anos.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Doutor Viana (PMDB), que a presidiu; João Paulo
(PL), Agostinho Patrús (PTB), Bené Guedes (PDT) e Dilzon Melo
(PTB).
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