Comissão de Direitos Humanos discute prisão de
jornalista
A prisão do jornalista José Geraldo Rodrigues, do
jornal "O Espinhaço", do município de Itabira, foi tema de reunião
da Comissão de Direitos Humanos, nesta quarta-feira (31/10/2001).
José Geraldo Rodrigues teve decretada prisão em flagrante por
tráfico de drogas. De acordo com o processo, que teve trechos lidos
pelo deputado Durval Ângelo (PT), foram encontradas, na casa dele,
5,83 gramas de cocaína, quantidade que foi considerada expressiva
para consumo próprio. Preso por 44 dias, o jornalista foi absolvido
por falta de provas.
Para ele, o crime foi forjado pelo tenente Joedson,
pelo tenente-coronel Levimar de Almeida, pelo capitão Erasmo e pelo
tenente Luiz Carlos Magalhães, que "estão fazendo com que o povo
perca o respeito pela polícia". O motivo da prisão, segundo o
jornalista, foram denúncias contra os policiais militares veiculadas
pelo jornal "O Espinhaço" e pela Rádio Liberdade FM de Itabira. De
acordo com José Geraldo Rodrigues, o ato da prisão foi comandado
pelo tenente Joedson, dentre outros policiais. Ele disse que mesmo
após a sua absolvição, seu irmão, que é policial militar, está sendo
"perseguido".
Três dossiês resumindo a importância da Rádio
Liberdade FM de Itabira e demonstrando a existência de parceria
entre a rádio e a Policia Militar foram entregues à Comissão pelo
repórter Átila Lemos. Ele disse que já foi preso, mas nunca deixou
de denunciar, na rádio, a polícia, acusada de jogar uma bomba na
casa da sua mãe e deixar no local um bilhete dizendo que se ele não
ficasse calado seu pai morreria.
O presidente da Comissão de Assistência Social e
Direitos Humanos da Câmara Municipal de Itabira, vereador Moisés
Damião, aproveitou a oportunidade para dizer que, além da situação
do jornalista, devem ser investigadas a situação de celas de
delegacia de Itabira e a situação da cadeia pública do município.
Para a vereadora Vanessa Porto, "Itabira vive um clima muito tenso",
não devido à polícia militar, mas ao jornal "O Espinhaço" e à Rádio
Liberdade FM, que "exageram os fatos". A vereadora se disse vítima
do jornal, que teria publicado fatos mentirosos a seu respeito. Ela
acusou a Câmara Municipal e a Prefeitura de Itabira de financiarem o
jornal e a rádio, segundo ela, comunitária, e se comprometeu a
enviar documentos comprovando a acusação.
Para o coronel-tenente Hudson Ferreira Bento, "não
é fácil fazer uma armação nesse nível", referindo-se ao flagrante,
supostamente forjado por policiais militares, mas ele disse que,
atendendo a recomendação da Ouvidoria de Polícia, os fatos relativos
à prisão de José Geraldo Rodrigues estão sendo apurados. Com relação
ao irmão do jornalista, que estaria sendo "perseguido", o
coronel-tenente disse que ele e outros quatro policiais militares
estão sendo acusados de facilitar a entrada de drogas e de
instrumentos para a fuga de presos em presídio de Itabira.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Edson Rezende (PT), presidente da Comissão,
Durval Ângelo (PT), vice-presidente, Luiz Tadeu Leite (PMDB),
Marcelo Gonçalves (PDT), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Marco Regis
(PL), além do jornalista José Geraldo Rodrigues; do coronel-tenente
Hudson Ferreira Bento; do presidente e dos membros da Comissão de
Assistência Social e Direitos Humanos da Câmara Municipal de
Itabira, vereador Moisés Damião e vereadoras Laudicéa Freitas e
Vanessa Porto, respectivamente; e do repórter da Rádio Liberdade FM
de Itabira, Átila Lemos.
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