Fórum debate importância das microdestilarias de álcool

"Microdestilaria de Álcool" foi o primeiro tema discutido nesta sexta-feira (19/10/2001), segundo dia do Fórum Técnic...

11/12/2001 - 17:57
 

Fórum debate importância das microdestilarias de álcool

"Microdestilaria de Álcool" foi o primeiro tema discutido nesta sexta-feira (19/10/2001), segundo dia do Fórum Técnico "Alternativas Energéticas", promovido pela Assembléia Legislativa. O engenheiro agrônomo José Maria Mendes Henriques, em sua exposição, lembrou que a microdestilaria de álcool faz parte do Programa Nacional de Produção de Álcool e Leite (Pronal), do Departamento Nacional de Combustíveis, criado em 1993. "O Pronal se atém aos princípios da descentralização da produção, da distribuição de riqueza e da geração de emprego", afirmou.

Entre as vantagens na produção da microdestilaria de álcool, José Maria Mendes Henriques destacou a economia. Segundo ele, o bagaço e o vinhoto poderão ser utilizados como alimento para o gado ou na produção de adubo orgânico. "Todos os subprodutos da cana serão reaproveitados na fabricação do álcool, evitando desperdícios na produção", disse. Henriques lembrou, ainda, que o Brasil é hoje, o país que mais detém tecnologia para a produção de álcool e açúcar, sendo que a comercialização do álcool é regulamentada desde 1979.

Fernando Ribeiro, que também é engenheiro agrônomo, foi o segundo palestrante a falar sobre microdestilaria de álcool. Ele destacou a qualidade do produto e benefícios da atividade enquanto geradora de emprego e renda. Segundo Ribeiro, o custo para montagem de uma usina de álcool, com todos equipamentos, desde caldeira até a construção civil, seria de cerca de R$ 30 mil. Durante sua exposição, foi exibido um vídeo exemplificando o funcionamento de uma microdestilaria. Fernando Ribeiro lembrou, ainda, que 70% produção de álcool no País está concentrada no Estado de São Paulo.

O debate sobre "Microdestilaria de álcool" foi coordenado pelo deputado Fábio Avelar (PTB).

BIOMASSA

No segundo painel da manhã de sexta-feira (19) foi discutida a co-geração e o uso da Biomassa para a produção de energia. Com o slogan "Por uma política nacional de incentivo à co-geração de energia", o coordenador do Departamento de Desenvolvimento de Projetos de Geração de Eletricidade do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), Carlos Eduardo Machado Paletta, falou sobre as possibilidades de uma utilização racional de energias alternativas. Ele disse que a Biomassa atua com o aproveitamento dos resíduos urbanos, agrícolas, casca de arroz, dendê, madeira, carvão vegetal e cana de açúcar, que tem um alto valor energético.

Segundo Paletta, o Brasil é capaz de superar a crise na qual se encontra, pois possui um potencial energético grande. "Temos uma elevada potencialidade no setor, mas para explorar todas os nossos recursos, teremos que investir na qualificação de pessoal e no desenvolvimento de equipamentos", declarou o coordenador do Cenbio, criado há quatro anos. Para Paletta, o uso da Biomassa como fonte energética traz uma série de vantagens. "Poderemos economizar o consumo dos combustíveis não-renováveis, gerar novos empregos, aumentar as divisas do País, além de reduzir os impactos ambientais", afirmou. O coordenador apresentou ainda o projeto "Bio.Com", resultado de uma análise profunda no setor usineiro do Brasil. O programa levantou, com 163 empresas, a realidade e o potencial das usinas do país. "Visitamos quase todo o Brasil e enviamos formulários para serem respondidos", disse Paletta.

FALTA POLÍTICA DE UTILIZAÇÃO

A realização de políticas objetivando viabilizar a utilização da Biomassa foi também discutida no encontro. Paletta declarou que não existe um estudo do governo para se adotar o consumo da energia alternativa e concluiu. "Não queremos subsídios, mas igualdades de condições para produzir como as pequenas centrais hidrelétricas - PCHs." O diretor-superintendente da Koblitz Ltda., Luiz Otávio Koblitz, observou o crescimento de 48%, nos últimos 10 anos, do consumo de energia elétrica no Brasil. Para ele, o País precisa abrir espaços para outras formas de produção. "A nossa eletricidade advém em 95,1% das hidrelétricas. Não sou contra o uso da água, mas temos capacidade de explorar mais recursos naturais", disse Koblitz, que destacou os problemas enfrentados pelo setor energético no Brasil. "Temos duas principais questões, uma social e outra estrutural: a cultura dos brasileiros é a do desperdício e a forma de distribuição das energias é ruim, o que acarreta em um maior custo e um desperdício energético de 16% da produção."

O diretor-superintendente da Koblitz, apresentou algumas maneiras de se gerar energia através da Biomassa. Utilizando o painel do Plenário, ele demonstrou as turbinas geradoras. "Poderemos usar a turbina a vapor em contra-pressão (cogestão), que usa um caldeirão recuperador de calor; turbinas a vapor à condensação (usina térmica) e a turbina a gás simples", declarou Luiz Otávio. Koblitz disse ainda que existe um projeto de gaseificação da Biomassa florestal, que está em fase de implantação nas usinas brasileiras.

O consultor técnico do convênio Ibram-Secretaria de Estado de Minas Gerais, João César Pinheiro, dissertou sobre o uso do ferro gusa na economia. Ele declarou que nos Estados de Mato Grosso e Pará são utilizados os resíduos da produção do ferro gusa. "Temos possibilidades de gerar energia elétrica através do uso de gás do alto forno." O deputado Anderson Adauto (PL), que coordenou o debate, disse que espera que sejam feitos projetos de lei com os levantamentos obtidos através do Fórum Técnico. "A expectativa é que, com os subsídios colhidos, possamos ampliar a discussão dentro da Assembléia", comentou.

 

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