Fórum debate importância das microdestilarias de
álcool
"Microdestilaria de Álcool" foi o primeiro tema
discutido nesta sexta-feira (19/10/2001), segundo dia do Fórum
Técnico "Alternativas Energéticas", promovido pela Assembléia
Legislativa. O engenheiro agrônomo José Maria Mendes Henriques, em
sua exposição, lembrou que a microdestilaria de álcool faz parte do
Programa Nacional de Produção de Álcool e Leite (Pronal), do
Departamento Nacional de Combustíveis, criado em 1993. "O Pronal se
atém aos princípios da descentralização da produção, da distribuição
de riqueza e da geração de emprego", afirmou.
Entre as vantagens na produção da microdestilaria
de álcool, José Maria Mendes Henriques destacou a economia. Segundo
ele, o bagaço e o vinhoto poderão ser utilizados como alimento para
o gado ou na produção de adubo orgânico. "Todos os subprodutos da
cana serão reaproveitados na fabricação do álcool, evitando
desperdícios na produção", disse. Henriques lembrou, ainda, que o
Brasil é hoje, o país que mais detém tecnologia para a produção de
álcool e açúcar, sendo que a comercialização do álcool é
regulamentada desde 1979.
Fernando Ribeiro, que também é engenheiro agrônomo,
foi o segundo palestrante a falar sobre microdestilaria de álcool.
Ele destacou a qualidade do produto e benefícios da atividade
enquanto geradora de emprego e renda. Segundo Ribeiro, o custo para
montagem de uma usina de álcool, com todos equipamentos, desde
caldeira até a construção civil, seria de cerca de R$ 30 mil.
Durante sua exposição, foi exibido um vídeo exemplificando o
funcionamento de uma microdestilaria. Fernando Ribeiro lembrou,
ainda, que 70% produção de álcool no País está concentrada no Estado
de São Paulo.
O debate sobre "Microdestilaria de álcool" foi
coordenado pelo deputado Fábio Avelar (PTB).
BIOMASSA
No segundo painel da manhã de sexta-feira (19) foi
discutida a co-geração e o uso da Biomassa para a produção de
energia. Com o slogan "Por uma política nacional de incentivo à
co-geração de energia", o coordenador do Departamento de
Desenvolvimento de Projetos de Geração de Eletricidade do Centro
Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), Carlos Eduardo Machado
Paletta, falou sobre as possibilidades de uma utilização racional de
energias alternativas. Ele disse que a Biomassa atua com o
aproveitamento dos resíduos urbanos, agrícolas, casca de arroz,
dendê, madeira, carvão vegetal e cana de açúcar, que tem um alto
valor energético.
Segundo Paletta, o Brasil é capaz de superar a
crise na qual se encontra, pois possui um potencial energético
grande. "Temos uma elevada potencialidade no setor, mas para
explorar todas os nossos recursos, teremos que investir na
qualificação de pessoal e no desenvolvimento de equipamentos",
declarou o coordenador do Cenbio, criado há quatro anos. Para
Paletta, o uso da Biomassa como fonte energética traz uma série de
vantagens. "Poderemos economizar o consumo dos combustíveis
não-renováveis, gerar novos empregos, aumentar as divisas do País,
além de reduzir os impactos ambientais", afirmou. O coordenador
apresentou ainda o projeto "Bio.Com", resultado de uma análise
profunda no setor usineiro do Brasil. O programa levantou, com 163
empresas, a realidade e o potencial das usinas do país. "Visitamos
quase todo o Brasil e enviamos formulários para serem respondidos",
disse Paletta.
FALTA POLÍTICA DE UTILIZAÇÃO
A realização de políticas objetivando viabilizar a
utilização da Biomassa foi também discutida no encontro. Paletta
declarou que não existe um estudo do governo para se adotar o
consumo da energia alternativa e concluiu. "Não queremos subsídios,
mas igualdades de condições para produzir como as pequenas centrais
hidrelétricas - PCHs." O diretor-superintendente da Koblitz Ltda.,
Luiz Otávio Koblitz, observou o crescimento de 48%, nos últimos 10
anos, do consumo de energia elétrica no Brasil. Para ele, o País
precisa abrir espaços para outras formas de produção. "A nossa
eletricidade advém em 95,1% das hidrelétricas. Não sou contra o uso
da água, mas temos capacidade de explorar mais recursos naturais",
disse Koblitz, que destacou os problemas enfrentados pelo setor
energético no Brasil. "Temos duas principais questões, uma social e
outra estrutural: a cultura dos brasileiros é a do desperdício e a
forma de distribuição das energias é ruim, o que acarreta em um
maior custo e um desperdício energético de 16% da produção."
O diretor-superintendente da Koblitz, apresentou
algumas maneiras de se gerar energia através da Biomassa. Utilizando
o painel do Plenário, ele demonstrou as turbinas geradoras.
"Poderemos usar a turbina a vapor em contra-pressão (cogestão), que
usa um caldeirão recuperador de calor; turbinas a vapor à
condensação (usina térmica) e a turbina a gás simples", declarou
Luiz Otávio. Koblitz disse ainda que existe um projeto de
gaseificação da Biomassa florestal, que está em fase de implantação
nas usinas brasileiras.
O consultor técnico do convênio Ibram-Secretaria de
Estado de Minas Gerais, João César Pinheiro, dissertou sobre o uso
do ferro gusa na economia. Ele declarou que nos Estados de Mato
Grosso e Pará são utilizados os resíduos da produção do ferro gusa.
"Temos possibilidades de gerar energia elétrica através do uso de
gás do alto forno." O deputado Anderson Adauto (PL), que coordenou o
debate, disse que espera que sejam feitos projetos de lei com os
levantamentos obtidos através do Fórum Técnico. "A expectativa é
que, com os subsídios colhidos, possamos ampliar a discussão dentro
da Assembléia", comentou.
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