A Comissão de Direitos Humanos aprovou, nesta
quarta-feira (3/10/2001), dois pareceres de 1º turno sobre proposições
sujeitas à apreciação do Plenário. O primeiro, da deputada Elbe Brandão
(PSDB), sobre o Projeto de Lei (PL) 1.610/2001, do deputado Durval Ângelo
(PT), foi favorável à proposição na forma do substitutivo nº 1, que
institui o sistema de número fechado de presos para as unidades
prisionais, objetivando impedir que os detentos, condenados ou
provisórios, sejam encarcerados onde não exista mais espaço físico. A
iniciativa visa também que o Poder Público defina semestralmente o número
máximo de internos nas unidades penitenciárias estaduais.
O segundo parecer, do deputado Marcelo Gonçalves (PDT),
foi favorável ao PL 1.429/2001, do deputado Bené Guedes (PDT), na forma
proposta. A proposição cria o sistema de comunicação e cadastro de pessoas
desaparecidas. Foi aprovado, ainda, parecer de redação final sobre o PL
1.672/2001, da deputada Elaine Matozinhos (PSB).
A Comissão recebeu denúncias por parte de moradores do Edifício
Juscelino Kubitschek, contra a síndica, Maria Lima das Graças. Segundo
Erudite Nunes Rodrigues, que reside no "JK", há indícios de delitos
e superfaturamento em obras no prédio, e quando Maria Lima é questionada
pelos condôminos sobre as supostas situações irregulares, eles são
sistematicamente coagidos e ameaçados. "A síndica tem retaliado quem atravessa
o seu caminho. Existe um terrorismo velado nos corredores e a situação
é grave. Percebemos, ainda, que há uma rede de prostituição dentro
de determinados apartamentos e a Maria das Graças é conivente", declarou
Rodrigues. A moradora disse que já acionou a polícia, mas não obteve
sucesso. "A nossa síndica tem as costas quentes e, por isso, nada
acontece. O marido é da Polícia Militar e os delegados procurados estão de
conchavo com ela", afirmou Rodrigues.
Outra denúncia recebida pela Comissão foi feita pelo
motorista de ônibus João Luiz Antunes Alves. Segundo Antunes, o seu filho,
que está preso em uma delegacia em Venda Nova, foi ameaçado de morte,
acusado de delatar policiais civis. João Luiz pediu a intervenção da
Comissão no caso, solicitando a retirada do filho daquela delegacia. "Os
policiais já o espancaram e, se não o tirarmos daquele lugar, irão
matá-lo", declarou Antunes. Ele afirmou, ainda, que existe uma rede de
corrupção na polícia, e que está sendo perseguido nas ruas. "Por não nos
conformarmos com a situação, eu e minha ex-esposa estamos sendo seguidos.
Nesta terça-feira, a Sandra foi obrigada a entrar em um veículo e andar
pela cidade. Disseram que ela tem a língua solta", declarou
Antunes.
Requerimentos
Foram aprovados, ainda, seis requerimentos. O primeiro,
do deputado Marcelo Gonçalves (PDT), solicitando o encaminhamento ao
presidente da Câmara Federal, deputado Aécio Neves, de moção de repúdio em
relação ao relatório final da CPI das Obras Inacabadas. O segundo, do
deputado Edson Rezende (PT), pede a realização de um debate público da
Comissão com membros da sociedade civil e representantes de entidades
governamentais e não governamentais, para abordar os reflexos da atual
crise mundial para a conjuntura nacional, nos aspectos político,
econômico, cultural e social, em virtude dos atos terroristas praticados
contra os Estados Unidos da América. O terceiro requerimento, do mesmo
deputado, solicita o envio de convite a autoridades para a audiência
pública destinada à discussão do PL 1.637/2001.
A quarta proposição, do deputado Durval Ângelo (PT), pede
que seja realizada audiência pública, no fim de outubro, para discutir o
andamento das investigações sobre a morte de Luís Carlos Cota, segurança
do ex-prefeito de Betim, Jésus Lima. E, ainda, que sejam convidados o
delegado titular da 3ª Delegacia Especializada em Homicídios, Paulo Luis
Bitencourt; o representante do Ministério Público da Comarca de Betim,
Gregório Assagra; o chefe do Estado Maior, coronel Severo Augusto; e o
capitão Júlio César, do 33º Batalhão da Polícia Militar.
O quinto requerimento, do mesmo deputado, solicita a
visita, por parte da Comissão, ao Ceresp Betim, à cadeia pública de Neves
e à 14ª Delegacia do Barreiro, com a presença da Pastoral Carcerária da
Arquidiocese de Belo Horizonte. O sexto requerimento, ainda do deputado
Durval Ângelo, pede que seja encaminhada ao secretário de Segurança
Pública a carta do cardeal de Belo Horizonte, Dom Serafim, bem como um
pedido de esclarecimento sobre os motivos que levaram a Secretaria a
proibir a assistência religiosa aos internos das citadas unidades
prisionais.
Presenças
Estiveram presentes à reunião os deputados Edson Rezende
(PT), presidente da Comissão; Durval Ângelo (PT), vice-presidente; Luiz
Tadeu Leite (PMDB); Marcelo Gonçalves (PDT) e Doutor Viana
(PMDB).