Falta de assistência técnica aos produtores, taxas muito elevadas de água e luz, desorganização do distrito onde funciona o projeto e ausência de um plano de comercialização dos produtos. Essas foram algumas das falhas apontadas por um recente relatório elaborado pelo Banco Mundial (Bird) sobre o Projeto Jaíba, no Norte de Minas. Os deputados da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial reuniram-se, nesta quarta-feira (13/12/2000), com representantes de trabalhadores da região, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg) e de outras entidades para discutir os problemas envolvendo o projeto.

O deputado Dimas Rodrigues (PMDB), presidente da Comissão e autor do requerimento que originou a reunião, ressaltou a importância do Projeto Jaíba para a agricultura mineira e mostrou-se preocupado com as conclusões dos técnicos do Banco Mundial. Ele alertou para a necessidade de diminuir as taxas de luz e água na região e de isentar a energia de ICMS na região como forma de incentivo ao programa. "O Projeto Jaíba produz alimentos de boa qualidade para o mercado interno e externo", lembrou.

A diretora de Reforma Agrária da Fetaemg, Maria Antônia Costa Nogueira, ressaltou os problemas apontados pelo Bird. "Esses problemas foram apresentados pelo principal financiador do Projeto Jaíba; esse fato é preocupante", opinou. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaíba, Adelmar Ramos Novais, solicitou aos deputados uma postura mais firme frente ao projeto. "Se o governo não tomar nenhuma providência, iremos todos para as favelas das grandes cidades", alertou Adelmar Ramos. O presidente da Federação Associativa do Vale do Gorutuba, Juarez Dias dos Santos, reclamou do descaso do Governo Federal, classificando-o de "entreguista".

Já o engenheiro agrônomo do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Carlos Alberto Dayrell, também enumerou os diversos problemas que o Projeto Jaíba enfrenta. Segundo ele, "o projeto sofre de falta de investimentos; a ocupação de terras foi feita sem nenhum planejamento, com prejuízo do ecossistema da região; e os lotes destinados a cada família são muito pequenos para a produção".

Ele explicou que, como o Projeto Jaíba foi elaborado na década de 70, está defasado tecnicamente. O engenheiro acusou, ainda, os técnicos envolvidos no projeto de não estarem prestando a assistência devida aos produtores. "Cerca de 50% do programa está parado", alertou o produtor José Aparecido Soares. O deputado Aílton Vilela (PSDB) atribuiu as dificuldades enfrentadas pelo Projeto Jaíba ao descaso dos governos estadual e federal com o plano.

Durante a reunião, também foram aprovados requerimentos do deputado Antônio Júlio (PMDB), solicitando a realização de reunião extraordinária da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial no dia 18 de dezembro, para assinatura de um convênio entre o Ministério da Agricultura, a Escola de Veterinária da UFMG e a Avimig para a fiscalização da qualidade de frangos e ovos; e do deputado Dimas Rodrigues (PMDB), pedindo a realização de audiência pública para discutir o combate ao gafanhoto, no Norte de Minas.

Participaram da reunião os deputados Dimas Rodrigues (PMDB), presidente da Comissão, Ailton Vilela (PSDB), Márcio Kangussu (PPS) e Edson Rezende (PSB).

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