Os deputados da CPI do Narcotráfico reuniram a imprensa, nesta quinta-feira (30/11/2000), para falarem sobre ameaças que vêm sendo feitas aos integrantes da CPI, sobre novas denúncias de envolvimento de integrantes da Secretaria de Segurança Pública em irregularidades, tentativa de desmoralizar o trabalho da Comissão e sobre a denúncia de que um assessor do deputado Rogério Correia (PT), Edilberto José da Silva, seria usuário de cocaína.

Nesta quinta-feira, a TV Alterosa e a Rádio Itatiaia tiveram acesso a um vídeo em que o funcionário do parlamentar fazia uso da droga diante dos filhos. De acordo com os deputados, o "flagrante preparado" foi armado por José Carlos Belilo, informante da Polícia. O deputado Rogério Correia informou que não tinha conhecimento dos hábitos de seu funcionário e que Edilberto já pediu exoneração. "Ele feriu minha confiança, pelo fato de eu fazer parte da CPI", ressaltou. Durante a entrevista, o deputado informou que faria exame toxicológico para provar que não tem nenhum envolvimento com drogas. Rogério Correia disse, ainda, que seu ex-assessor será convocado para prestar depoimento à CPI, juntamente com José Carlos Belilo.

O deputado Marcelo Gonçalves (PDT), presidente da CPI do Narcotráfico, classificou a denúncia como uma tentativa de desmoralização dos trabalhos da Comissão. O presidente ressaltou a confiança que tinha no deputado Rogério Correia (PT). "Se ele não fosse o homem limpo que é, não teria enfrentado os criminosos de frente", declarou.

AMEAÇAS A MEMBROS DA CPI DO NARCOTRÁFICO SÃO CONSTANTES

Segundo o deputado Rogério Correia, os membros da CPI têm sido vítimas de várias ameaças. Ele destacou o telefonema que recebeu, no dia 24 de novembro, com ameaça de bomba na Assembléia Legislativa. O parlamentar destacou, também, telefonemas feitos pelo mesmo informante, José Carlos Belilo, em que ele dizia que os deputados da CPI do Narcotráfico deveriam tomar cuidado.

Outro ponto destacado por Rogério Correia foi o depoimento prestado por Devair Lucas, no dia 28 de novembro, à Polícia Federal de Governador Valadares. Devair foi o responsável, há alguns meses, por uma série de denúncias contra o deputado federal Lael Varela (PFL/MG). De acordo com o depoimento, lido por Correia na entrevista coletiva, Devair Lucas foi convocado pelo superintendente da Polícia Civil, José Inácio, para comparecer a Belo Horizonte para esclarecer suas denúncias.

Devair foi levado ao prédio da Secretaria de Segurança Pública, onde, segundo o depoimento, teria presenciado uma conversa entre o superintendente, o delegado Edson Ferreira e o delegado Odimar, afastado da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes da Capital por solicitação da CPI. Os três teriam dito, na ocasião, que o traficante Fernando Beira-Mar, foragido da polícia com a ajuda de uma delegado de Leopoldina, esteve escondido em um haras de propriedade de Varela, em Muriaé. Nesta conversa, Devair ouviu também dos policiais que eles "estariam armando" contra o deputado Rogério Correia. Os deputados voltaram a insistir no pedido de afastamento do secretário de Segurança Pública, Mauro Lopes, já encaminhado ao governador Itamar Franco.

Participaram da entrevista coletiva os deputados Marcelo Gonçalves (PDT), presidente da CPI, Rogério Correia (PT), Sargento Rodrigues (PSB) e Paulo Piau (PFL).

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