Serão lançados mais dois livros da coleção "Memória Política de Minas", com os depoimentos dos deputados Armando Ziller e Oscar Dias Corrêa, que participaram da Constituinte Estadual de 1947, após o fim da ditadura de Getúlio Vargas. O lançamento será na próxima quarta-feira (18/10/2000), às 19h30, no Salão Nobre da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais (Rua Rodrigues Caldas, 30 - Bairro Santo Agostinho - Belo Horizonte). A coleção faz parte do projeto de história oral, desenvolvido pelo Legislativo mineiro, que tem como objetivo recuperar fatos que marcaram a trajetória política do Estado com base no testemunho de personalidades que os vivenciaram. O trabalho surgiu com um estudo realizado pela Área de Projetos Institucionais da Assembléia (API), em 1989, sobre as Constituições mineiras de 1891, 1935 e 1947.

A entrevista de Armando Ziller foi concedida aos historiadores Hugo Antônio Avelar e Luís Fernandes de Assis, da Assembléia Legislativa, entre os dias 19 de junho e 30 de outubro de 1991. Foram 20 fitas, num total de 19 horas e 1 minuto de gravação. Armando Ziller faleceu em 17 de maio de 1992, pouco depois de finalizar o depoimento. O livro, de 390 páginas, foi editado pelo sociólogo Odilon Vargas Toledo, também servidor da Assembléia Legislativa.

O livro com depoimento de Oscar Dias Corrêa foi dividido em dois volumes, num total de 1.035 páginas. A entrevista foi feita pelos historiadores Hugo Antônio Avelar e Sílvia Barata, e pelo sociólogo Odilon Vargas Toledo, no Rio de Janeiro, de outubro de 1994 a agosto de 1995, em sessões que duraram 39 horas e ocuparam 45 fitas cassete. A edição do livro foi de José Jurani Garcia de Araújo.

Os dois primeiros exemplares da coleção "Memória Política de Minas" foram lançados em dezembro de 1996, com os depoimentos dos políticos Pio Canedo e Fabrício Soares. O trabalho envolve estudos preliminares, coleta de depoimentos, transcrição de fitas, revisão do texto, conferência e leitura do material pelo entrevistado.

Oscar Dias Corrêa nasceu em Itaúna, Minas Gerais, em 1º de fevereiro de 1921. Bacharelou-se em Direito e se filiou à UDN desde a sua fundação. Em 1947 elegeu-se para a Assembléia Estadual Constituinte e cumpriu dois mandatos como deputado estadual. Em 1955 foi eleito deputado federal, cumprindo três mandatos na Câmara dos Deputados. Foi secretário de Estado da Educação no governo Magalhães Pinto, em 1961. Após 1966, dedicou-se exclusivamente à advocacia e ao magistério, lecionando a disciplina de Economia na Universidade de Brasília (UnB) e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. No governo Sarney, foi ministro do STF, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro da Justiça. Foi eleito para a Academia Mineira de Letras e Academia Brasileira de Letras. Entre suas obras publicadas estão: "Introdução crítica à Economia Política"; "A Constituição de 1967 - contribuição crítica"; "O sistema político-econômico do futuro: societarismo" e o romance "Brasílio".

Armando Ziller nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de setembro de 1908, e fez os estudos secundários em Juiz de Fora. De 1932 até sua morte, em 1992, ele militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Presidiu o Sindicato dos Bancários de Curitiba e de Belo Horizonte e a Federação dos Bancários de Minas Gerais. Em 1947, elegeu-se deputado à Assembléia Estadual Constituinte. Com o cancelamento do registro do PCB, em 1948, pelo Tribunal Superior Eleitoral, seu mandato foi cassado numa ação que atingiu todos os parlamentares comunistas em todas as Casas Legislativas do País. Armando Ziller estava em Praga, capital da então Tchecoeslováquia, num congresso da Federação Sindical Mundial, quando o golpe de 1964 foi deflagrado. Ele só voltou ao Brasil em 1980, após a anistia.

Responsável pela informação - Fabíola Resende- ACS - 31-2907715