Especialista em recursos hídricos diz que cólera é inaceitável
A presidente da Câmara de Recursos Hídricos do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), Cassilda Teixeira Car...
17/08/1999 - 22:50Especialista em recursos hídricos diz que cólera é inaceitável
A presidente da Câmara de Recursos Hídricos do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), Cassilda Teixeira Carvalho, afirmou, nesta terça- feira (17/08/1999), ser inaceitável ainda existir a transmissão de doenças como o cólera, às vésperas do século XXI. Ela participou de reunião da Comissão Especial do Cólera no Vale do Jequitinhonha e salientou que a doença é simples e ocorre na região, principalmente entre a população que não possui abastecimento de água.Cassilda Carvalho lembrou que a água tem papel importante na transmissão do cólera e que, em Minas, ainda não existe um planejamento das bacias hídricas. "Ainda estamos engatinhando", disse, ressaltando que São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul já possuem planejamento muito à frente de Minas Gerais.
Ela ainda afirmou que no Vale do Jequitinhonha uma família consome, diariamente, cerca de 80 litros de água, geralmente buscada por mulheres em latas, quando a média razoável por pessoa seria de 150 litros/dia, em condições normais de abastecimento. Para Cassilda Carvalho, um dos principais fatores de ocorrência do cólera é a falta de saneamento básico.
Já a presidente da Câmara de Proteção à Biodiversidade do Copam, Iris Rodrigues Carvalho, afirmou ser altamente degradada a qualidade ambiental do Vale do Jequitinhonha, com destruição de matas ciliares e assoreamento de rios. O biólogo Fabiano Rodrigues Neto, do Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG), disse que a fauna e a flora não têm responsabilidade na transmissão do vibrião do cólera na região. Ele também chamou a atenção para o problema da degradação ambiental, que, em sua avaliação, favorece o empobrecimento da qualidade de vida da população.
O chefe da Divisão de Tecnologia de Tecnologia de Prevenção de Cheias do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Nilson Antônio Marques, disse que existe um grande descuido em Minas em relação às nascentes dos rios. Ele defendeu que essas nascentes deveriam ser cercadas e vigiadas pela polícia.
O relator da Comissão, deputado Doutor Viana (PDT), explicou que a reunião com os representantes do Copam, IEF e Igam foi necessária para auxiliar a elaboração do relatório final. Ele disse que várias ações para se evitar que o cólera se desenvolva no Vale do Jequitinhonha vão ser propostas ao Executivo, e que a Assembléia vai cobrar resultados. Os deputados Márcio Kangussu (PSDB) e César de Mesquita (PMDB), que presidiu a reunião, ressaltaram a importância de ouvir os convidados para a obtenção de mais informações sobre a situação em que o cólera acontece no Vale do Jequitinhonha. Participou ainda da reunião a deputada Elbe Brandão (PSDB).
Responsável pela informação: Lucio Perez - ACS 31-2907715