Técnico da Ruralminas fala sobre planos diretores

A Comissão Especial criada para analisar a seca no norte de Minas reuniu-se nesta terça-feira (27/04/1999) para ouvir o analista de Desenvolvimento Agrário da Ruralminas, Augusto César Soares, sobre os planos diretores de recursos hídricos das bacias hidrográficas da Área Mineira da Sudene. O técnico disse que vários planos estão em andamento e que, o processo de elaboração é feito com audiências públicas, onde são discutidos os anseios, críticas e sugestões aos projetos. Ele lembra, ainda, as diversos órgãos participam da elaboração dos planos diretores, como é o caso da Assembléia Legislativa.

Nos projetos, disse o analista, são analisados diversos aspectos como clima, área de interesse para preservação, aptidão agrícola entre outros. Ele ressaltou que 70% dos recursos financeiros são do governo federal e 30%, do governo estadual. No entanto, o percentual que cabe ao Estado não tem sido repassado ou chega em atraso. Augusto César disse que as dificuldades de repasse da contrapartida do governo estadual têm contribuído para o atraso nos projetos.

Ele destacou, ainda, a necessidade de seleção de alternativas e consolidação de programas para maximizar o uso da água e resistir a veranicos. Como exemplo, ele citou a adoção de alguns mecanismos econômicos, como mudança da criação do gado para criação de cabras e do cultivo do algodão para o cultivo da soja. Segundo ele, o algodão é capaz de buscar água mais profundamente. Augusto César destacou que é preciso investir em pesquisas para descobrir alternativas para o melhor uso da água e lembrou a importância de se importar a tecnologia da Embrapa para contribuir com o desenvolvimento dessas pesquisas.

O deputado Carlos Pimenta (PSDB), relator da comissão, elogiou a explanação do analista, mas destacou seu sentimento de preocupação quanto ao andamento dos projetos, uma vez que foram destinados valores altíssimos e pouco ou mesmo nada de alterações ou resultados têm sido vistos em alguns rios de Minas, como é o caso do Rio Verde Grande. O deputado destacou, também, a importância das universidades de Minas interagirem com os problemas da seca e propôs que disciplinas relativas ao meio ambiente fossem implantadas nos currículos, para que as crianças já aprendam desde cedo a conviver com esse problema.

Carlos Pimenta se disse preocupado, pois quatro anos se passaram depois do lançamento desses planos diretores e hoje pouco se sabe a respeito deles. O deputado lembrou que o trabalho a ser feito nos rios é o de recuperação, haja vista que parte dos rios de Minas que convivem com a seca não podem nem mesmo ser chamados de rios, devido ao pouco volume de água. Carlos Pimenta pediu que, além de serem implantados na íntegra, os projetos tenham uma seqüência.

O deputado João Batista de Oliveira (PDT) lembrou a discriminação da criação de cabra, considerada símbolo de pobreza, mas que é com certeza uma grande oportunidade de maximização de água. O deputado lembrou, ainda, da fruticultura na Bahia que hoje exporta grande número da sua produção, graças à irrigação. A deputada Maria José Haueisen(PT) expôs sua preocupação com a precariedade dos recursos hídricos, principalmente a água para o consumo.

Durante a reunião foram aprovados dois requerimentos, apresentados pelo deputado Dimas Rodrigues (PMDB). O deputado convida o diretor de Projetos da Universidade Federal de Ouro Preto, Flávio Andrade, a participar de audiência da Comissão, na cidade de Araçuaí, na próxima quinta-feira (29/04/1999), e o secretário de Estado do Trabalho da Assistência Social, da Criança e do Adolescente para participar de audiência da comissão, considerando que a Secretaria vem desenvolvendo importantes ações de combate à seca, priorizando a região Norte de Minas.

PRESENÇAS
Estiveram presentes à reunião os deputados Dimas Rodrigues (PMDB), que a presidiu, Carlos Pimenta (PSDB), João Batista de Oliveira (PDT), Dalmo Ribeiro Silva (PSD) e Maria José Haueisen (PT).

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Responsável pela informação: Helen Cesar - ACS - 031-2907715