Itamar Franco é empossado pela Assembléia Legislativa

O governador de Minas Itamar Franco reafirmou, durante a cerimônia de posse na Assembléia Legislativa, na sexta-feira (01-01-99), o compromisso feito em campanha de fortalecer a posição do Estado junto à União. Em discurso contra a submissão, Itamar fez alusão a Felipe dos Santos e outros inconfidentes para exaltar o espírito indomável do povo mineiro: "Aprendemos a falar alto, sem elevar a voz; a ter a coragem da prudência, sem perder as cautelas da ousadia.".

O governador disse que a missão confiada a ele pelos mineiros será árdua e trabalhosa, uma vez que "caminhos ásperos" aguardam o futuro de Minas e do País. Mas, lembrando a vocação do Estado em apontar novos caminhos: "Minas Gerais tem sido, ao longo dos tempos, o coração político do Brasil. É a fonte de onde se irradiam as correntes íntimas que governam a vida nacional", afirmou.

Ainda sobre o momento delicado que passa a economia do País, Itamar Franco declarou-se disposto aos "sacrifícios necessários em favor do Brasil", mas avisou que não vai terá uma posição passiva no que se refere aos rumos da política econômica do governo federal. "Nos recusamos a aceitar passivamente, sem o protesto democrático e sem a resistência política, a transferência, para as novas metrópoles do mundo, do resultado de nosso trabalho, mediante tributos coloniais", ressaltou.

Finalizando seu discurso, o governador Itamar Franco falou da importância da oposição ao sistema democrático. "As discussões e os debates favorecem a concórdia, enquanto o obsequioso silêncio estimula o despotismo", disse.

O presidente da Assembléia, deputado Romeu Queiroz, em pronunciamento durante a solenidade, cumprimentou o governador pela posse no cargo e exaltou as qualidades de Itamar Franco como homem público nas atribuições de cargos como prefeito de Juiz de Fora, senador por Minas Gerais e presidente da república. "Vossa Excelência pode avaliar, determinar e conduzir com firmeza os rumos da administração pública em nosso Estado", disse.

O presidente Romeu Queiroz lembrou Itamar Franco, como membro por 16 anos do "Parlamento na Câmara Alta do País", da importância de um Legislativo independente: "O senhor sabe das conseqüências desastrosas da submissão do Poder Legislativo aos ditames do Executivo." E completou afirmando que "o governador vai encontrar em Minas um Parlamento à altura dos ideais libertários que fizeram a história política e orientaram a vida pública do Estado."

A harmonia entre os poderes, assim como o debate entre as diferentes representações partidárias que compõem o Legislativo, foram defendidos pelo presidente Romeu Queiroz como uma forma de transcender as diferenças ideológicas e atingir um campo superior que abrange o interesse social e coletivo. O presidente ressaltou o bom relacionamento que o Legislativo manteve com o governador Eduardo Azeredo durante seu mandato e disse esperar a manutenção dessa linha de conduta no relacionamento com o novo governo.

Romeu Queiroz advertiu que a globalização, com seus benefícios e riscos que muitas vezes têm custado ao povo um preço muito alto, tornou-se uma realidade irreversível e que o grande desafio para o futuro é formular a "equação ideal que possibilite ao cidadão a maximização dos ganhos e a minimização das perdas."

Além do presidente Romeu Queiroz, do governador Itamar Franco e do vice- governador Newton Cardoso, a Mesa foi composta pelo professor Aloísio Pimenta, reitor da Uemg, representando o governador Eduardo Azeredo; pelo cardeal Dom Serafim; pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Lúcio Urbano; pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa; pelo prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro; e pelo 1º secretário da Mesa, deputado Elmo Braz. Participaram da solenidade, ainda, parentes do governador e vice empossados, parlamentares federais e estaduais, prefeitos e vereadores mineiros, além de outras autoridades.

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