Tiago Nascimento de Lacerda, Secretário Extraordinário da Copa do Mundo - SECOPA.
Discurso
Legislatura 17ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/11/2012
Página 29, Coluna 1
Assunto INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS. CALENDÁRIO.
Observação No decorrer de seu pronunciamento, procede-se à exibição de "slides".
74ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 17ª LEGISLATURA, EM 6/11/2012
Palavras do Sr. Tiago Nascimento de Lacerda
Boa tarde. Inicialmente, cumprimento os Deputados Tenente Lúcio, Anselmo José Domingos e Antônio Carlos Arantes, e o ex-Ministro da Agricultura, Deputado Federal Alusson Paulinelli, na pessoa do qual cumprimento os demais membros da Mesa e as pessoas da plateia. Agradeço o convite e parabenizo a Assembleia pela iniciativa. Em 2009, fiz uma palestra na sede da Ocemg sobre as oportunidades para o cooperativismo na Copa. Recordo-me de que, na ocasião, ouvi bastante durante o dia, participei de seminários, até para aprender um pouco mais do funcionamento do sistema. Realmente, vi muitas oportunidades, porque, além de um evento esportivo de futebol, a Copa traz diversas opções de negócio para as cidades-sede, para o Estado e o País. O governo federal, o governo estadual e a Prefeitura encaram a Copa do Mundo como uma grande oportunidade de desenvolvimento econômico, social e cívico para a população. Temos perseguido essa meta mostrando eficiência nos trabalhos de preparação do evento. Estamos falando de questões que vão além das obras em si, como a imagem do Estado em todo o mundo.
Essa exposição internacional é uma grande oportunidade para Minas Gerais e para o Brasil. Penso que, no caso de Minas e Belo Horizonte, por ainda não serem Estado e cidade tão conhecidos no mundo, essa é uma grande oportunidade, pois traz um legado não só de infraestrutura, mas também de imagem, de exposição internacional, de promoção turística, de eventos de negócios e turismo de lazer. Isso já foi mostrado em diversos relatórios de outros eventos internacionais e realmente gera um grande resultado positivo aos locais que sediam grandes eventos esportivos e outros tipos tratados como eventos de grande porte. Preparei uma exposição mais geral sobre a Copa do Mundo e os trabalhos vinculados a esse evento, por achar ser a melhor forma de as pessoas entenderem e pensarem em algum tipo de oportunidade. Como o palestrante anterior disse, temos diversas frentes de trabalho. A função da Secopa é, claro, acompanhar as obras, principalmente do Mineirão, ações conjuntas entre governo federal e Prefeitura, mas também estimular até internamente no governo e tentar unir as pontas para que todas as Secretarias estejam envolvidas nas ações que possam tirar proveito da Copa do Mundo. Esse é o grande objetivo.
Falaremos aqui dos legados, dos benefícios, um pouco do Mineirão e da expansão da rede hoteleira. Não gosto muito de tratar expansão de rede hoteleira pensando em Copa do Mundo, afinal, ninguém constrói hotel pensando em 30 dias de evento. Isso já era uma necessidade de Belo Horizonte e da Região Metropolitana, independentemente de Copa. A Copa do Mundo chegou trazendo oportunidades de investimento nesse setor, que é fundamental para o desenvolvimento econômico da cidade e do Estado. A Copa é o segundo maior evento esportivo do mundo e o primeiro do futebol. Teremos 12 cidades-sedes no Brasil, na Copa de 2014, além de, possivelmente, 6 cidades-sedes na Copa das Confederações. Na próxima quinta-feira, a Fifa finalmente irá se pronunciar a respeito das cidades de Recife e Salvador, que foram escolhidas com algumas ressalvas. Então, agora, no dia 8, além de anunciar a política de venda de ingressos para a Copa de 2013, a Fifa também decidirá se Recife e Salvador serão sedes. Estamos torcendo para que o sejam, porque, de novo, é a imagem do Brasil que estará sendo divulgada no mundo inteiro. Penso que, se uma sede não obtiver sucesso na preparação e for cortada da Copa de 2013, não podemos pensar que receberemos mais jogos com isso. Não. Acredito que estamos tratando de uma coisa muito maior, que é a credibilidade internacional do Brasil.
Estima-se para a Copa do Mundo 3 milhões de pessoas nos Estados; 18 milhões nas “fans fests”, que são os espaços de exibição pública dos jogos. Isso ficou muito conhecido durante a Copa da Alemanha. Foi uma iniciativa de uma empresa privada na Copa da Coreia e do Japão, em 2002. A Fifa viu o potencial daquilo, com as pessoas enchendo as ruas para assistirem aos jogos, pois nem todos cabiam no estádio. Então, a Fifa abraçou essa ideia da “fan fest”. Isso foi criado em 2006 com um enorme sucesso, por isso temos a certeza de que no Brasil será da mesma forma; 18 mil jornalistas: essa é uma grande oportunidade não só para as cidades, Estados e países, mas também para a população, para quem tem o seu pequeno, médio ou grande negócio. A grande maioria dos jornalistas estrangeiros que cobrem a Copa do Mundo não cobre apenas jogos de futebol. Eles estão atrás de histórias, de pontos de turismo e lazer, querem falar dos costumes típicos das cidades. Sendo assim, creio que Minas Gerais sai ganhando, porque tem muita coisa boa para ser mostrada e muito potencial de crescimento. Como foi dito pelo palestrante anterior, temos coisas interessantes para serem divulgadas.
Ministério do turismo alemão estimou, no primeiro bimestre de 2006, 2,4% de acréscimo no PIB em relação ao mesmo bimestre do ano anterior. Isso está realmente vinculado à Copa. Aí vemos a importância de um evento e tudo que gera em termos de geração de renda. Por causa da geração de empregos, as construções são feitas, e o próprio turismo traz capital externo para o país-sede. Modernização de estádios, com seus custos, na Alemanha, construção de estádios ou reformas. Mais à frente, vou detalhar o caso do Mineirão. A injeção na economia na África do Sul foi de R$2.900.000.000,00 bilhões durante a Copa do Mundo, com um crescimento do PIB de 1,7%, além da estimativa de um acréscimo de 2.200.000 turistas no País de 2008 a 2015. O Brasil tem uma estimativa, feita há dois ou três anos, pelo Ministério do Turismo, de 600 mil turistas estrangeiros visitando o Brasil durante a Copa do Mundo. Temos de lembrar também o turismo doméstico, brasileiros circulando entre as cidades-sedes ou outras cidades no Brasil em virtude da Copa do
Mundo. Essa é uma estimativa que varia entre 1,2 a 1,5 milhão de turistas. Então, realmente, é uma injeção de ânimo na economia nacional. No Brasil, num estudo feito pela Ernst & Young, há uma previsão de movimentação adicional de R$142.000.000.000,00 de 2010 a 2014, de forma direta e indireta, e geração de 3.600.000 ocupações durante um ano. O investimento em infraestrutura, num dado do Ministério do Esporte, é de R$33.000.000.000,00. Pegaram as obras e ações que estão vinculadas à Copa do Mundo, vínculo que se dá por meio da matriz de responsabilidades do governo federal, que listou nas 12 sedes obras de estádios e de mobilidade urbana. No caso da nossa cidade-sede, temos obras do Mineirão e oito obras de mobilidade urbana. Estudos demonstram que a Copa vai impulsionar o crescimento do PIB em torno de 0,7% e as oportunidades de emprego em torno de 0,5%. Com a nossa base, que já é consideravelmente grande, é um número relevante. Para Minas Gerais, para a Capital Belo Horizonte, há um estudo da universidade federal que estima um crescimento de 1% e a criação de 38 mil empregos diretos e indiretos. Esse é um dado importante para quem produz algum produto típico ou não, mas que pensa no consumidor final. Pouca gente sabe, mas os maiores compradores de ingressos e visitantes estrangeiros em Copa do Mundo são os americanos. Foram eles que compraram mais ingressos na África do Sul, na Alemanha, na Coréia e no Japão. Isso tende a crescer em virtude de um vínculo direto com o desempenho da seleção americana no futebol, que vem melhorando muito. O próprio Reino Unido, a França e a Alemanha têm números expressivos. Temos de lembrar que a Copa do Mundo no Brasil pode ser encarada como a copa da América do Sul, em virtude de haver muito tempo que não recebemos a Copa aqui, portanto argentinos, paraguaios, uruguaios, com certeza, pela proximidade, devem vir muito ao Brasil.
Sobre o Mineirão, pretendemos receber a obra no dia 21 de dezembro. Esse é o compromisso do consórcio que está construindo e que vai operar o estádio nos próximos 25 anos. A entrega está marcada, então, para o dia 21 de dezembro. A capacidade do estádio ficará em torno de 64 mil assentos. Esse número não está 100% fechado. Como o anel superior do Mineirão teve de ser preservado, por questão de patrimônio, na colocação dos assentos, agora todos os lugares terão assentos, estamos percebendo algum tipo de variação numa parte do anel superior para outra parte. Esse número provavelmente ficará um pouco abaixo de 64 mil para priorizar o conforto, distância mínima para o assento da frente e para o assento do lado. Haverá também camarotes, restaurante panorâmico, capacidade de receber 3 mil jornalistas durante a Copa do Mundo.
O Mineirão tem dois cenários, o estádio para a Copa e o estádio legado. A Copa exige uma estrutura muito maior do que o dia a dia normal do estádio, com os Campeonatos Mineiro e Brasileiro, as Copas Libertadores e do Brasil, exige. Então, faz-se uma estrutura modular, tanto interna quanto externamente, para atender à Copa do Mundo, o que gera uma economia. Quando a Copa termina, o estádio fica um pouco diferente em termos de capacidade jornalística, por exemplo. Não precisamos ter a capacidade de atender a 3 mil jornalistas no dia a dia do Mineirão. Haverá 2.600 vagas de estacionamento. Um grande valor agregado ao Mineirão, uma novidade, é a Esplanada, que as pessoas poderão conhecer. A nossa ideia é abrir no próprio dia 21 o Mineirão para a população conhecê-lo. A Esplanada, realmente, será uma grande praça de convivência e para eventos, cumprindo um papel importante, em razão de uma carência atualmente existente de espaço para eventos. Para a Copa do Mundo teremos, então, quatro jogos da fase de grupos, na primeira fase da Copa. O sorteio desses jogos será em dezembro de 2013, sempre seis meses antes. Haverá um jogo nas oitavas de final e outro na semifinal. Este é de uma importância tremenda; semifinal movimenta muitos estrangeiros. Mesmo que as seleções que jogarão a semifinal não sejam o Brasil ou a Argentina, o jogo, em nível de importância, só perde para o da abertura e o da final. Então, nesse jogo a Fifa apresenta muita exigência, porque receberemos aqui Chefes de Estado e muitos turistas que o acompanharão e também as “fan fests”. Na Copa das Confederações, teremos dois jogos na fase de grupos e também a semifinal.
No Mineirão, o governo do Estado adotou o modelo da parceria público-privada. Para assegurar a reforma e atender a todas as recomendações da Fifa. O estádio seria do nível do das melhores arenas do mundo, principalmente a fim de atender ao novo paradigma do futebol. Percebemos, mundo afora, que o futebol está, cada vez mais, profissionalizado e sendo encarado não só como esporte, mas também como entretenimento. Então, devemos encarar o torcedor como cliente e apresentar indicadores de conforto e segurança. Todos os indicadores serão atendidos no Mineirão, e a operadora será cobrada pelo governo do Estado para o atendimento desses indicadores, afetando até sua remuneração. Então, o novo Mineirão, sem dúvida alguma, possibilitará o retorno das famílias ao estádio a fim de acompanhar o futebol. Essa parceria público-privada também nos garantiu uma operação profissional. Então, haverá um operador privado. O governo não deve ter como um dos objetivos principais gerir um estádio de futebol, uma arena multiuso. Há órgãos e empresas privadas muito mais especializadas nisso, e o governo atua como um órgão de controle, um órgão de fiscalização. Então, o Mineirão estará sempre aberto ao público na sua área externa, na esplanada que comentei. Nos dias em que não ocorrerem eventos, haverá ali um espaço de convivência para as famílias e os turistas. Então, a Pampulha está ganhando um belo equipamento de turismo. Acabará aquilo de dizer, quando passávamos próximo ao Mineirão, que o estádio está adormecido. Haverá lojas e restaurantes abertos durante o dia. A operadora Minas Arena já está pensando nessa operação do Mineirão. Como eu disse, o complexo será usado durante os 365 dias do ano; além do futebol, “shows” e outras atividades poderão ser realizadas no local.
Um eixo importante da obra de modernização do Mineirão e da Copa do Mundo é a questão da sustentabilidade, que fica apenas como uma estratégia de “marketing”. O Mineirão está lutando para conquistar o Certificado Leed, que é mundialmente reconhecido. Para isso, vem atendendo, desde o seu projeto básico executivo, a algumas exigências. Houve o aproveitamento dos resíduos e de tudo que foi retirado de lá. Toda a terra retirada para o rebaixamento do gramado em 3,4m e também a parte demolida foram reaproveitadas. A cobertura terá placas fotovoltaicas para o aproveitamento da energia solar. A Cemig tem uma importante parceria com o governo e a Minas Arena nessa ação. Haverá o reservatório para o aproveitamento de água da chuva. Tudo isso será atendido para que o Mineirão conquiste essa certificação Leed, que gera um importante legado para o Estado. Na rede hoteleira, como disse, foi vista uma oportunidade de expansão não só em termos quantitativos, mas também qualitativos. O cenário que acompanhávamos era de poucos hotéis com um melhor padrão e cobrando preços nem sempre tão justos para aquilo que estavam oferecendo em termos de qualidade de serviço, conforto e segurança. Então, houve um estímulo à expansão da rede hoteleira.
Dessa forma, evitaremos perder tantos eventos como os que bateram à porta em Belo Horizonte e Minas Gerais. Em razão da carência de hotéis, esses eventos escolheram outras cidades. Acho que toda essa expansão também serve para um ajuste do mercado atual. Já vimos que hotéis existentes estão se remodelando e investindo em qualidade e expansão. Isso é importante, além de toda geração de emprego diretamente vinculado à expansão da rede hoteleira. Na questão da capacitação, esse levantamento está sendo atualizado, mas o último número demonstra que existiam 15 mil pessoas em processo de treinamento no Estado, sendo coordenadas por diversas frentes: pela Prefeitura; pelo Estado; pelas parcerias com o governo federal ou com outros órgãos e instituições como o Senac e o Sebrae e os diversos programas de capacitação; pela Abrasel e pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis. É claro que todo esse aprendizado será permanente para as pessoas que dele estão usufruindo e será usado na Copa do Mundo e posteriormente para melhorar o conhecimento, o que ajuda a conquistar melhores empregos. Agradeço e estou à disposição. Muito obrigado.
- No decorrer de seu pronunciamento, procede-se à exibição de “slides”.