SÉGIO EMÍLIO, Ex-Deputado Estadual. Ex-Prefeito do Município de Sete lagoas. Filho de Emílio de Vasconcelos Costa, Dr. Milito.
Discurso
Transcurso do 100º aniversário de nascimento de Emílio de Vasconcelos
Costa, Dr. Milito.
Reunião
92ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 04/12/2010
Página 136, Coluna 4
Assunto HOMENAGEM.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 04/12/2010
Página 136, Coluna 4
Assunto HOMENAGEM.
92ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 2/12/2010
Cumprimento a Exma. Sra. Deputada Estadual Gláucia Brandão, que
representa o Deputado Alberto Pinto Coelho, Presidente da
Assembleia Legislativa; a Sra. Amanda Brant Costa, minha mãe; o
Sr. Duílio de Castro, Presidente da Câmara Municipal de Sete
Lagoas e Deputado Estadual eleito; o Revmo. Sr. Pe. Dércio Márcio
Magela Abreu, santo padre e amigo, que veio nos honrar com sua
presença; o Deputado Doutor Ronaldo.
Meu caro amigo e companheiro, Vice-Presidente da Assembleia,
simpático e atuante Deputado Doutor Viana, autor desta homenagem,
o meu agradecimento todo especial pela significativa lembrança da
homenagem ao centenário de meu pai.
Srs. Deputados, meus amigos, parentes e filhos, é difícil falar
sobre o pai. Hoje, sinto-me especial, diferente. Ocupei esta
tribuna diária e incansavelmente por 12 anos, três mandatos, nas
reuniões matutinas, vespertinas e noturnas. No entanto, jamais
imaginei que algum dia aqui voltaria. Todas as vezes em que ocupei
esta tribuna para trazer os meus pensamentos, projetos, propósitos
e ideias, muitos foram os serviços prestados à comunidade mineira.
Nenhuma daquelas centenas e centenas de reuniões tiveram o
significado de hoje, quando se lembra e se homenageia um grande
homem público que também ocupou esta tribuna por três mandatos e
marcou, de forma indelével, a sua presença nesta Casa.
Como filho do homenageado, este é um dia muito especial para mim.
Entre todas as oportunidades que tive de aqui estar para falar,
esta é singular, especial, e a que mais me engrandece e honra,
pois está se fazendo justiça a um homem digno, honrado, um grande
parlamentar, merecedor de todo o nosso apreço e consideração.
Sinto-me especialmente honrado e privilegiado por ser seu filho.
Sr. Presidente, é difícil o filho falar sobre o pai, sobretudo um
pai com tantas qualidades e predicados. Poderia parecer
pedantismo. Assim, peço licença para ler algumas pequenas
passagens de uma carta a mim dirigida por um inesquecível amigo de
meu pai, o Presidente Juscelino Kubitschek.
Logo que Juscelino Kubitschek foi cassado, na ocasião em que
iríamos inaugurar a estátua de meu pai, o busto de meu pai, na Av.
Emílio de Vasconcelos Costa, que é a principal via pública de Sete
Lagoas, enviei um convite a ele para que lá comparecesse. Sabíamos
que seria difícil contar com a sua presença, porque, naquela época
da Revolução, ele estava proibido de fazer aparição pública, isto
é, de ser abraçado por sua gente e até mesmo cumprimentado. Sabia
que isso seria difícil, mas mesmo assim fiz o convite, pois era a
minha obrigação. Ele respondeu a meu convite, e gostaria de ler
apenas alguns trechos dessa resposta, porque o meu tempo é exíguo.
(- Lê:)
“A amizade do filho que tenho hoje a ventura de possuir é uma
herança da velha e fraternal estima que me ligou a seu pai, cujo
coração era muito maior que as sete lagoas dessa encantadora
cidade.”
Em seguida, Juscelino mencionava o fato histórico que o Doutor
Viana acabou de citar. Ele era o Governador e dizia o seguinte:
“Na varanda do Palácio, com alguns auxiliares, eu trabalhava no
momento em que o telefone tocou. Retirando o fone, ouvi a voz
aflita e angustiada do Milito: “Soube da tragédia que aconteceu?”
“Não” - respondi -.“Getúlio acaba de se suicidar, ouvi agora pelo
rádio.” Tanto quanto a ele, a notícia me apanhou em cheio e
repercutiu sobre a minha cabeça como o baque de uma desventura
pessoal”.
Era assim a amizade dos dois. Prosseguindo Juscelino em sua
carta, me dizia: “Ao saber da morte de Milito, uma tristeza imensa
me invadiu. Para ele, poder-se-ia perfeitamente aplicar um
pensamento muito comum de que os bons, os nobres, os virtuosos e
os inteligentes não morrem. Sobrevivem no pensamento dos que
ficaram. Iluminam com a luz de sua lembrança a saudade dos que
jamais os esquecerão. Horácio, em uma de suas odes, diz: “Mais
eterno que o bronze são os atos dos que inspiram a ereção dos seus
próprios monumentos”. Assim, Milito não precisa ter, em Sete
Lagoas, estátuas para imortalizar a sua passagem pela cidade. É,
entretanto, extremamente confortador o ato que vocês praticarão no
dia 20 de novembro porque as gerações, de hoje e de amanhã,
demonstrarão com isso que souberam conhecer a grandeza de seu
filho ilustre”.
Assim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, ele termina a sua carta
dizendo: “Quando Milito assumia a tribuna e se dirigia ao público
com a graça poética dos seus pensamentos, a multidão se calava.
Era como se São Francisco de Assis se reencarnasse em sua figura e
repetisse para os homens as coisas com que São Francisco aplacava
a ira das próprias feras”.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, era assim a amizade daqueles
dois companheiros com ligação íntima por meio da família Caldeira
Brant, de Diamantina, de minha mãe, e da família Vasconcelos
Costa, de Sete Lagoas. Eram dois companheiros, dois amigos que
muito lutaram pelo desenvolvimento de nossa região e de nossa
cidade.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, existe um provérbio chinês que
diz: “Aquele que quiser fazer previsão para um ano, planta milho;
aquele que quiser fazer previsão para 10 anos, planta árvore; mas
aquele...”. E agora estou abrasileirando um pouco o final do
provérbio. “Mas aquele que quiser fazer previsão para um século,
atenda aos anseios e às aspirações de sua gente, porque assim
estará construindo para o presente e também para as futuras
gerações”.
Parece que Emílio de Vasconcelos assimilou perfeitamente esse
pensamento chinês, pois ele construiu para aquele presente e
também para as futuras gerações. Sra. Presidente, basta que hoje
em nossa Sete Lagoas se chegue em casa e se acenda o apagador de
luz.
A sua casa ficará iluminada pela luz da Cemig, que foi instalada
por Emílio de Vasconcelos junto com o Governador Juscelino
Kubitschek.
Hoje, para que se vá a Sete Lagoas, milhares passam pela antiga
MG-1, ligando Sete Lagoas a Belo Horizonte, que também foi obra de
Emílio de Vasconcelos. Então milhares de pessoas recebem diaria e
constantemente os benefícios e o atendimento dos trabalhos
realizados por Emílio de Vasconcelos Costa. E ele fez tantas
obras, que demoraríamos um longo tempo para mencioná-las todas,
tendo já o Deputado Doutor Viana gentilmente citado parte delas.
Para terminar, gostaria ainda de dizer que Emílio de Vasconcelos,
em um de seus belos pronunciamentos, referindo-se a sua terra
materna, Sete Lagoas, que ele tanto amava, dizia: “Em Sete Lagoas,
eternas serão as flores de nossos jardins, as águas de nossos
lagos, e eternamente ficarão aqueles homens que fizerem pelos
menos felizes”. Quando disse isso, não sabia que também se
eternizaria porque ninguém trabalhou mais pelos menos felizes do
que ele próprio. Obrigado, Sra. Presidente.