PAULO DELGADO (PT), Deputado Federal - MG. Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
Discurso
Discursa sobre o tema "Diagnóstico da Educação Superior em Minas Gerais:
Histórico, Evolução e Cenário Atual".
Reunião
44ª reunião ESPECIAL
Legislatura 15ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/09/2005
Página 42, Coluna 3
Evento Fórum Técnico "A Educação Superior em Minas Gerais: Conjuntura Atual e Perspectivas".
Assunto EDUCAÇÃO.
Aparteante Aluísio Pimenta.
Legislatura 15ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/09/2005
Página 42, Coluna 3
Evento Fórum Técnico "A Educação Superior em Minas Gerais: Conjuntura Atual e Perspectivas".
Assunto EDUCAÇÃO.
Aparteante Aluísio Pimenta.
44ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 12/9/2005
Palavras do Deputado Federal Paulo Delgado e do Sr. Aluísio
Pimenta
O Deputado Federal Paulo Delgado - Sr. Presidente, como disse, a
proposta de lei é mais ampla que a reforma universitária. A idéia
é fazer uma reforma do ensino superior precedida da atualização da
legislação do Fundo de Financiamento da Educação Fundamental,
agora com a ampliação para o Fundeb, a qual já se encontra em
discussão na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos
Deputados. Queremos expandi-la de forma a incluir a faixa etária
de até 3 anos, ou seja, a creche. Assim, o Fundeb será um sistema
nacional de educação. A intenção é abranger da creche até a escola
básica, garantindo-se recursos, ou melhor, aumentando-se
progressivamente os recursos para a educação básica nos próximos
dez anos.
Essa proposta está na Casa Civil e contém 67 artigos. Trata-se de
um projeto relativamente curto. Do ponto de vista da Comissão de
Educação da Câmara, uma característica extremamente positiva é o
fato de ter sido precedida de vários debates envolvendo diversas
entidades da sociedade brasileira. Isso quer dizer que a proposta
não foi encaminhada de forma autoritária, vertical e seca. Houve
versões preliminares, e essa é a que está sendo discutida pela
área técnica do governo, na Casa Civil. Desse debate, participam
também outros Ministérios.
Essa proposta resume cinco importantes características da luta e
das reivindicações de estudantes, técnicos-administrativos,
professores e movimentos sociais nos últimos 40 anos. Em primeiro
lugar, o anteprojeto explicita claramente que a educação tem de
ter uma função. Procura alertar-nos sobre a mercantilização da
educação, mas não de forma tão radical, como o fez o Prof. Aluísio
Pimenta. Consta a palavra “pimenta” em seu nome, logo, ele possui
essa característica positiva. O projeto alerta, então, sobre a
possibilidade de ocorrer a mercantilização, caso o marco
regulatório não seja rígido. Hoje, o debate acerca dessa questão -
o Prof. Aluísio Pimenta sabe disso - já ultrapassou as fronteiras
nacionais. Trata-se de um dos principais temas da agenda da
Organização Mundial de Comércio - OMC.
Lamentavelmente, tenta-se, há quatro ou cinco anos, introduzir,
na agenda da OMC, a educação como mercadoria, submetida às regras
do comércio internacional. Há debates, na OMC, relativos à chamada
cultura subjetiva, considerando sabores, cheiros e até o folclore
como mercadorias. Muito do perfume, que encanta homens e mulheres
em todo o mundo, origina-se de plantas brasileiras, e o Brasil não
tem capacidade de controlar suas fronteiras para impedir evasão. O
perfume é uma mercadoria, assim como o sabor de alguns produtos,
tais como o do vinho e da cerveja, para os quais há controle sobre
determinado tipo de uva e sobre determinados tipos de cevada.
Portanto, há uma marcha batida em direção à mercantilização de
tudo. Temos de detê-la, mas essa não é uma tarefa só da
universidade. É uma tarefa de toda a sociedade.
A segunda grande característica é seu caráter democrático. A
reforma passará pela Câmara e pelo Senado. Este debate da
Assembléia Legislativa é uma iniciativa extremamente positiva.
Uma terceira característica: a universidade brasileira é
desafiada a liderar um projeto de nação ou dele participar. Qual o
Brasil que consolidaremos para que se torne um País competitivo,
onde o conceito de cidadania universitária tenha vinculação com o
projeto de desenvolvimento nacional? Não basta ter um diploma. Não
podemos ampliar a frustração dos diplomados que não conseguem
emprego. A universidade não é uma instituição do mundo da ficção;
é uma instituição do mundo concreto, do mundo real.
Uma quarta característica: com a reforma, cria-se marco
regulatório para o setor privado, definindo qualidade e criando
expectativas positivas quanto ao papel regulador do Estado.
Uma quinta característica: ela se compromete claramente com a
gratuidade do ensino superior público. Essa idéia geral, sempre
presente na sociedade brasileira, nasceu de um postulado, que é a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, construído,
na segunda metade do século XX, na universidade brasileira, que
tem origem nos pressupostos da reforma de 1918, de Córdoba. Os
quatro grandes pressupostos da reforma universitária de Córdoba
estão em vigor até hoje: autonomia universitária, gestão
democrática, gratuidade do ensino superior e compromisso social.
Hoje existem outros debates internacionais. Em Bolonha, há alguns
anos, houve um grande debate sobre a universidade e sua relação
com a alta tecnologia, com o conhecimento, com o ensino à
distância e com a sua própria internacionalização.
Quanto ao alerta do Prof. Pimenta em seu artigo sobre a
possibilidade da invasão do Brasil pelo ensino superior...
O Sr. Aluísio Pimenta - ...criando 50 “campi” universitários no
Brasil com uma universidade norte-americana cujo nome não citarei.
Aí se encontra o problema: há leis, mas não são obedecidas. Posso
lhe dizer que, desses 50 “campi”, ela tem, pelo menos, seis ou
oito aqui, que são, portanto, estrangeiros.
O Deputado Federal Paulo Delgado - Não sei, professor, se o
Brasil seria objeto tão forte de cobiça de universidades
estrangeiras. Acho que, em algumas áreas, sim.
A Constituição brasileira define a possibilidade de parceria com
universidades de outros países e de convênios com base em recursos
estrangeiros. A qualificação dos nossos professores na pós-
graduação deve-se muito, por exemplo, ao recebimento de mestres e
doutores brasileiros, que completam seu conhecimento na Europa,
nos Estados Unidos, no Japão, na Ásia. Nossas universidades
recebem estrangeiros também. Não considero tão temerária ou tão
assustadora a possibilidade de que esses convênios existam. Isso
tem de ser regulamentado. É possível que em alguns setores de
excelência possa haver parcerias com o capital estrangeiro.
A idéia de projeto de nação deve incluir a diversificação
institucional da educação superior no Brasil, criando
possibilidades de expansão para o setor público, mas não
criminalizando a expansão do setor privado; pelo contrário,
regulamentando-a, porque, se o Estado abandonou a educação nos
anos 80 e 90, não podemos dizer que foi negativa a ocupação feita
pelo setor privado. “Mutatis mutandis”, fazendo uma analogia com a
criação do Geia, nos anos 50, no governo do nosso querido
Juscelino Kubitscheck, o Grupo Executivo da Indústria
Automobilística permitiu ao Brasil, prospectivamente, 40 anos
depois, ter o maior número de montadoras da indústria
automobilística mundial no País, mas não criou condições, do ponto
de vista da competitividade nacional, para que a Feneme
continuasse sendo uma empresa nacional de motores. Quer dizer, ao
expandir o mercado e a tecnologia automobilística brasileira, não
conseguimos manter a indústria nacional. Entretanto, a Força Aérea
Brasileira, a FAB, criou um parque industrial nacional em
associação com empresas estrangeiras, que permitiu ao Brasil ser
hoje um dos quatro países do mundo com indústria aeroespacial.
Fabricamos aviões e competimos. Só oito países produzem aviões
competitivos do ponto de vista comercial, e um deles é o Brasil,
porque permitiu a associação com a iniciativa privada, sob a
direção do Estado.
É preciso que tenhamos confiança na capacidade do Estado. Para
ter essa confiança, a realidade hoje exige a explicitação desse
nível de ensino. O que o ensino superior deve objetivar? Elevar o
nível da cultura geral e da informação para o nosso povo,
estimular a investigação científica em qualquer domínio, habilitar
o exercício de atividade que requer preparo técnico e científico
superior e vincular-se às grandes correntes de pensamento do mundo
moderno. Sem alta tecnologia e sem conhecimento sofisticado não há
necessidade de criar universidade. Não devemos criar a ilusão
universitária na cabeça das pessoas. O Cefet prestigiado e
fortalecido, os cursos técnicos de alta qualificação são tão
revolucionários quanto uma universidade de alta qualidade e
sofisticação. Essa é uma característica de um país das dimensões
do nosso.
Hoje a realidade do ensino superior brasileiro apresenta um grave
desnível de abrangência, que o nosso governo está procurando
resolver. Sou Presidente da Comissão de Educação, e, se ficar
defendendo muito o governo, meus colegas da oposição dirão que vim
aqui fazer o papel de Ministro de Estado, o que não sou, embora
tenha grande confiança no nosso Ministro de Estado, que deveria
ter vindo. Na minha Comissão, em que estão representados todos os
partidos da Câmara, há o razoável entendimento de que esse
desnível de abrangência deva ser resolvido entre o setor público e
o setor privado e de que o acesso ao ensino público seja hoje,
talvez, em algumas áreas, menos grave que o problema da
permanência no ensino público.
Fazer os que entraram permanecer e sair qualificados é um desafio
maior que criar condições para que aqueles que estão fora possam
entrar. Quem está lá merece sair com qualidade. A frustração de
sair sem qualidade é maior que a de não entrar. É um desafio, e o
governo tem responsabilidade nisso. Não me refiro ao nosso governo
especificamente. É uma história do Brasil. Como Estado, se
permitimos que uma criança, um jovem ou um adulto se matriculem,
temos de levar até o fim aquela qualificação.
A reforma do ensino superior prevê a criação de universidades,
centros universitários e faculdades. Na verdade, é a
regulamentação do que já existe - a universidade, com as suas
características e estrutura multidisciplinar; o centro
universitário, com a estrutura pluridisciplinar e autonomia
limitada; e a faculdade, instituição de ensino superior, que não
gozará de autonomia. A idéia é associar isso aos sistemas
estaduais de educação, como o debate que faremos aqui.
Os princípios gerais são a valorização da universidade pública, o
combate a esse processo de ilusão do diploma, que é o conceito de
mercantilização; a busca da qualidade de ensino; a democratização
do acesso e a implantação de gestão democrática eficiente.
Universalização: o País é muito grande, e não podemos deixar de
levar a universidade ao estudante em vez de trazê-lo para a
universidade. Assim, reduziremos o número de Kombis e “vans” que
transportam estudantes que ficam mais tempo viajando para estudar
que dentro da sala de aula. Descentralização, democratização e
controle social por meio de avaliação, esse é o grande mérito dos
anos 90, a universidade tem de ser avaliada. Integralidade: temos
de oferecer maior qualificação em centros de excelência. O Brasil
tem de avançar no que diz respeito à idéia de que alguns setores
podem ter excelência, mas que aqueles que não a possuem não têm
menos qualidade, e sim qualidade diferente. Assim não criaremos a
ilusão de que todos têm de ter o mesmo grau de excelência em todos
os lugares. Ou seja, definir um sentido de credenciamento e
descredenciamento. Daí, a reforma fala em plano de desenvolvimento
institucional num sistema federal de educação superior, num fórum
nacional de educação superior, uma inovação que permitirá essa
avaliação e o controle da qualidade permanentemente.
O processo de eleição direta e a democratização estão como regras
no estatuto. Não gosto da idéia de autonomia no sentido de que
devemos fazer lá dentro eleição direta. Não, a universidade, com
autonomia, define como elegerá o seu Reitor. Acho que deve ser
entregue uma lista tríplice ao Presidente da República, que deverá
escolher o Reitor. Necessariamente, não é regra o mecanismo da
eleição direta ser mais democrático que numa universidade de alta
especialização científica. Não faz sentido uma competição
eleitoral. Como disse o Norberto Bobbio, tudo é política, mas a
política não é tudo. Pode-se escolher um Reitor por qualificação.
As universidades têm de desenvolver plenamente a sua autonomia. Se
quiserem autonomia plena, precisam enfrentar o Regime Jurídico
Único. A universidade tem de ter poder para demitir professor que
faz mestrado e doutorado no exterior e não quer dar aulas; e punir
professor que não quer dar aula para muitos alunos.
Há universidades na Itália com 400 alunos. Por que o Brasil não
suporta uma sala com mais de 40 alunos? Com essa alta tecnologia
de televisão, som e microfone, não há sentido em não haver
universidades de massa no Brasil, já que existem, com grande
qualificação, na Itália, na França e nos Estados Unidos. São temas
que a autonomia tem de discutir, mas a regra não pode vir de cima
para baixo. Autonomia é autonomia. Ou se tem, ou não se tem.
A idéia dos recursos protegidos é um grande avanço em que se
definem a vinculação e a subvinculação para as universidades
federais. A idéia de manter políticas de inclusão social é um
avanço, mas devem ser fixadas nacionalmente. A realidade de cada
região do País é que as definirá, porque, antes da lei, algumas
universidades já o faziam e bem. A lei pode atrapalhar se
determinar que será um caminho de mão única. Cada um faz como
quiser ou como entender que se produz a inclusão social sem
importar regras das enfastiadas sociedades democráticas americana
e européia. O Brasil não precisa de copiar as regras de ação
afirmativa da Europa e dos Estados Unidos, porque não deve ter
esse complexo de culpa em relação aos processos de inclusão
social. Nossos problemas são de inclusão econômica, de renda, não
de confronto com a realidade mais profunda do nosso povo. Essa é
uma característica mais elevada da cultura brasileira. Nossas
áreas de igualdade na cultura são mais amplas que as de
desigualdade. Na economia e na renda familiar é um escândalo. É
uma das mais escandalosas e injustas sociedades do mundo. Mas, na
área cultural, não há país mais rico, que tenha um padrão de
harmonia cultural maior que o nosso. O que não deixa o Brasil
explodir são essas áreas de abrangência cultural. Temos de ter
isso como valor.
Por que o ProUni deu certo? Porque, em vez de o Estado brasileiro
punir os que não pagam impostos, que já eram recorrentes na
inadimplência, no não-pagamento de impostos, fez uma proposta
fiscal e tributária ao setor privado: as dívidas que tinham com o
Estado seriam transformadas em vaga. A criatividade do ProUni
consiste em ampliar a possibilidade de legalização de setores em
confronto com a lei e ajudar a sociedade brasileira a aumentar a
inclusão social. Em vez de entrar na universidade para punir
alguém que não cumpria uma regra, chegaram à universidade, no
centro universitário, na faculdade, propondo uma forma de
integração, e não uma forma de exclusão pela punição. Esse é o
papel de um Estado educador, que não tem medo do seu poder e que
não precisa aparecer como um deus furioso do Velho Testamento,
metendo a espada na mão de todo gestor.
Por isso a reforma tem de levar em conta que o modelo de gestão
para o setor público não deve ser imposto ao setor privado. Ao se
fazer isso, invadimos a competência de gestão de um setor
sustentado por investimentos e garantido pela Constituição
brasileira desde a década de 30. Não se deve criar uma guerra não
existente. Se deixarmos o setor privado se organizar, temos de
entendê-lo como um setor a ser regulamentado, fiscalizado e
avaliado periodicamente. Se deixarmos o setor privado entrar na
área da saúde, não podemos desqualificá-lo ou criminalizá-lo, mas
sim fiscalizá-lo, garantindo e cobrando eficiência. Tudo tem de
ser radicalmente democrático, do contrário, não funciona. São
idéias do Presidente da Comissão de Educação, que representa a
média dos colegas, membros da minha Comissão. Poderia vir aqui e
defender posições do meu partido político, mas, representando uma
instituição mais ampla que o meu partido político, devo
representar a média da posição dos meus colegas.
A reforma está no bom caminho. Uma de suas características mais
interessantes é a decisão de realizar, periodicamente, uma
conferência nacional de educação superior. As idéias do controle
social, do controle de qualidade e da democratização são
componentes fortes desse projeto. Por isso vejo todas as
possibilidades de ele ter sucesso. Muito obrigado.
O Sr. Aluísio Pimenta - Creio que houve um equívoco por parte do
grande Deputado Paulo Delgado. Não sou contra. Ao contrário, sou
plenamente favorável aos convênios com todas as universidades do
mundo. Desculpe-me, Deputado Paulo Delgado, mas gostaria de lembrá-
lo que sou professor universitário há praticamente 60 anos. Temos
de acabar com o “cherchez l´argent”. As universidades vêm buscar
dinheiro. Enquanto tiver vida, lutarei contra, por exemplo, a
vinda da Harvard para o Brasil. Embora seja uma universidade de
alto nível, vem aqui apenas para ganhar dinheiro.
Reconheço a importância dos convênios, a importância de que as
pessoas façam doutorados fora do País, como fiz, e a importância
de um contato mais amplo com universidades de todo o mundo. Isso é
fundamental. Não aceito o “cherchez l´argent”. Deputado Paulo
Delgado, donos de universidades brasileiras que cobram R$3.600,00
por mês têm aviões particulares, enquanto a sociedade está com a
língua de fora, pagando essa quantia exorbitante sem ter dinheiro
para comer e vestir.
O Deputado Federal Paulo Delgado - Meu mestre e grande amigo
Prof. Aluísio Pimenta, gostaria que isso se transformasse numa
realidade e tivéssemos de enfrentar esse problema. Gostaria que o
mercado educacional brasileiro, usando uma expressão polêmica,
fosse atrativo para Harvard ou para Sorbonne. Não acredito,
infelizmente, que isso ocorrerá. Com o nosso padrão de
desenvolvimento econômico, para que sejamos atrativos ao mercado
internacional de educação, o País terá de cortar muito os juros,
mudar sua política econômica e aumentar investimentos sociais.
Não temos ninguém nas universidades: somente cerca de 9% dos
brasileiros em idade escolar, de jovens adultos. Não estou falando
de adultos que gostariam de haver cursado uma universidade e não o
fizeram. A estatística brasileira de educação superior é um
escândalo. É pior que a da América Latina, cuja situação é pior
que a do Brasil. Sou contra a idéia da competição comercial pela
educação.
Não vejo como negativa a possibilidade de o Brasil se tornar
competitivo na área do ensino superior. Gostaria, mas não é para
nosso horizonte. Para terem uma idéia, o Fundeb está agarrado na
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara há três meses. Qual é
o grande problema da Câmara? É sua agência delinqüencial. A
delinqüência tomou conta da Câmara dos Deputados. Então, não se
vota o financiamento de educação básica. Se não é votado, não há
financiamento para o ano que vem. Esse projeto de reforma do
ensino superior que vem em seguida também não virá. Nossa agenda é
de crise permanente. Gostaria que o Brasil trabalhasse mais com os
conceitos de estabilidade, e menos com os de ruptura. O conceito
de estabilidade produziu o fim da inflação brasileira e tem um
fator de inclusão social muito maior que os de ruptura. O que é um
pessimista? O Prof. Aluísio Pimenta entende disso. O pessimista é
um otimista informado. O que é um otimista? É um pessimista
desinformado. Não sou pessimista, sou otimista. O Brasil tem
problemas de competição internacional graves, mas o Estado deverá
ter condições de regulá-los na área da educação. Este não é o
momento brasileiro, a realidade brasileira.