Pronunciamentos

MARCELO GUIMARÃES RODRIGUES, Desembargador do TJMG

Discurso

Agradece, na condição de homenageado, o título de Cidadão Honorário do Estado.
Reunião 3ª reunião ESPECIAL
Legislatura 19ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 26/03/2019
Página 4, Coluna 1
Assunto HOMENAGEM. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (TJMG).
Proposições citadas RQO 100 de 2019

3ª REUNIÃO ESPECIAL DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 21/3/2019

Palavras do Sr. Marcelo Guimarães Rodrigues

O Sr. Marcelo Guimarães Rodrigues - Boa noite a todos. Exmos. Srs. Deputado Antonio Carlos Arantes, 1º-vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, aqui representando o presidente desta Casa, deputado Agostinho Patrus; desembargador Nelson Missias de Morais presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, meu colega e grande liderança da magistratura mineira e brasileira; deputado federal Rodrigo de Castro, representando a Câmara dos Deputados; deputado Roberto Andrade, meu dileto amigo e autor do requerimento que deu origem a esta homenagem; Durval Ângelo, conselheiro ouvidor do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, representando o conselheiro presidente Mauri Torres; e Cel. Charles Baracho, representando o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, Cel. Giovanne Gomes da Silva.

Meus amigos, é uma trajetória de quase 32 anos. Aportei, no Estado de Minas Gerais, praticamente como, vou-me permitir dizer, um menino. Cheguei aqui com 26 anos de idade. Saí da minha cidade natal, o Rio de Janeiro, tendo logrado êxito no concurso para ingresso no Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Então aqui cheguei cheio de sonhos e esperanças, desejando, no meu íntimo, tão somente corresponder, isto é, estar à altura de corresponder às responsabilidades do meu cargo.

Iniciando essa trajetória, aportei em Minas Gerais, sem nunca antes ter tido a oportunidade de pisar neste solo mineiro, histórico e sagrado. Pois bem, daqui, eu nada conhecia; daqui, ninguém eu conhecia. Vim com a cara e a coragem. Tive a felicidade e a alegria de escolher, como minha primeira comarca, a comarca de Prados, muito próxima a São João del-Rei, e, lá chegando, em agosto de 1987, tive essa grande alegria, essa grande sorte de conhecer esse casal maravilhoso que aqui está presente: Cássio Eduardo Rosa Resende e Margarida Resende. O Cássio era o promotor de justiça de São João del-Rei, o mais antigo promotor, e a liderança do Ministério Público da região do Campo das Vertentes. O Cássio foi me receber, naquela tarde de agosto, no fórum da comarca de Prados, e lá nos conhecemos. Foi a minha primeira e grande sorte. Devo ao Cássio e à Margarida o acolhimento que poderia debitar apenas a uma situação de parentesco muito próximo, porque me trataram como se eu fosse um filho. Não vou dizer que eu seria um filho porque eles não são tão velhos assim, por isso digo que me trataram como um verdadeiro irmão e me acolheram na casa deles, na residência deles durante vários meses. Fui acolhido por esse casal.

A partir daquele momento, comecei vivenciando essa alegria contagiante do ser mineiro. Então posso dizer que, em boa medida, toda essa trajetória percorrida, nesses mais de 30 anos, iniciou-se por essa benção da oportunidade de ser acolhido, conhecer e desfrutar dessa amizade duradoura e leal de Cássio e Margarida.

Pois bem, segui o meu caminho. Fui promovido para outras comarcas e, posteriormente, decidi fazer concurso para ingresso na magistratura e logrei êxito no concurso. Segui a minha carreira. Nunca escolhi comarca e sempre enfrentei os desafios que me eram colocados, tanto é que posso dizer, com muita alegria, que este carioca, nascido na Zona Sul do Rio de Janeiro, conheceu boa parte do território mineiro. Estive no sertão das Minas Gerais, quase no Norte do Estado de Minas Gerais; estive no pontal do Triângulo Mineiro e no Campo das Vertentes, ou seja, em regiões muito diferentes. A partir dessa vivência, pude compreender, na vida real, aquilo que Guimarães Rosa já dizia, com muita propriedade: “Minas são muitas”. Aprendi e venho aprendendo, até hoje, a riqueza que é ser mineiro, a alegria que é saber a mineiridade. Aliás, neste momento, não digo que já seria um mestre da mineiridade, mas acho que já aprendi boas lições e, não me canso de dizer, que, no primeiro momento, aprendi a respeitar a cultura, a tradição e a sabedoria do mineiro; depois aprendi a admirar, e hoje tenho a imensa alegria de compartilhar o ser e o saber mineiro. Sinto-me, de fato, mineiro.

Hoje tenho a grata felicidade de ter a minha certidão de nascimento mineira. (- Palmas.) Vou pedir para meu filho, que já é tabelião de notas, para lavrar a ata notarial. Realmente para mim foi um fato marcante, que mudou minha vida completamente. Hoje me sinto uma pessoa muito rica de experiência, de valores, de amizades e de conquistas. Sem dúvida alguma, a magistratura me propiciou todas essas oportunidades. Sou muito grato à carreira que escolhi seguir na minha vida, seguir a magistratura mineira.

Apenas para finalizar, gostaria de lembrar um outro carioca, Alceu Amoroso Lima, cujo pseudônimo era Tristão Ataíde, que refletiu, em poucas palavras, essa essência tão rica e tão ímpar da mineiridade. Os mineiros são propriamente conhecidos pelos excessos de suas qualidades. Mineiro não é pessimista, ele é previdente. Mineiro não é desconfiado, ele é reservado. Mineiro não é pão-duro, ele é precavido. Amor à conversa e tédio à controvérsia. Muito obrigado a todos.