LUIZ MÁRCIO RIBEIRO VIANNA, Secretário de Estado de Minas e Energia do Estado de Minas Gerais.
Discurso
Comenta o tema: "Conjuntura Energética Brasileira."
Reunião
147ª reunião ESPECIAL
Legislatura 14ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/11/2001
Página 43, Coluna 1
Evento Fórum Técnico: "Alternativas Energéticas."
Assunto ENERGIA.
Legislatura 14ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/11/2001
Página 43, Coluna 1
Evento Fórum Técnico: "Alternativas Energéticas."
Assunto ENERGIA.
147ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 18/10/2001
Palavras do Sr. Luiz Márcio Ribeiro Viana
Exmos. Srs. 1º-Vice-Presidente da Assembléia Legislativa do
Estado de Minas Gerais, Deputado Alberto Pinto Coelho, que
representa, na abertura deste seminário, o Presidente da Casa,
Deputado Antônio Júlio; Secretário da Energia do Ministério das
Minas e Energia, Eng. Afonso Henriques Moreira Santos; Prof.
Bautista Vidal, ex-Secretário de Tecnologia Industrial do
Ministério da Indústria e do Comércio e ícone da brasilidade na
energia do País; Secretário de Estrutura Urbana de Belo Horizonte,
Eng. Paulo Roberto Takahashim, representando o Prefeito de Belo
Horizonte, Dr. Célio de Castro; 2º-Vice-Presidente da Assembléia
Legislativa e Coordenador deste debate, Deputado Ivo José; Srs.
Deputados, senhoras e senhores, bom-dia, quando o Governador
Itamar Franco assumiu o Governo de Minas, em 1º/1/99, entre outros
compromissos, definiu como prioridade a defesa da CEMIG e a
definição de um ousado programa de obras de geração de energia.
Naquela época, a maioria dos projetos de implantação de novas
obras da empresa, alguns com mais de 20 anos de existência, como o
caso de Aimorés e de Queimado, estavam paralisados. A CEMIG estava
amarrada, em função de um acordo de acionistas lesivo à empresa e
principalmente ao Estado de Minas Gerais, acionista majoritário da
companhia. Vale frisar que esse acordo não foi autorizado por esta
Casa.
Na Justiça, o Governo de Minas Gerais derrubou o acordo de
acionistas, e a CEMIG pôde seguir o seu caminho e ser a peça
principal da política energética do Estado. Em 1999, ninguém
falava em apagão, em crise energética, em recessão, provocada pela
falta de energia. Sabíamos, contudo, que a situação não era nada
tranqüilizadora. O último projeto próprio de geração da CEMIG
havia entrado em operação quatro anos atrás.
Com coragem, tiramos das gavetas os projetos mais significativos
e começamos a trabalhar, fazendo a nossa parte. Assim foram
iniciadas as obras de cinco usinas: Porto Estrela, já concluída,
Queimado, Aimorés, Funil e Térmica do Barreiro.
Outros sete projetos de implantação de novas usinas estão prontos
para ser iniciados: Irapé, a mais importante obra para o
Jequitinhonha em todos os tempos; Capim Branco I e II, em parceria
com a Vale do Rio Doce, a Camargo Corrêa, a Votorantim e a Susano,
Pai Joaquim, e as térmicas Sulminas e Ouro Preto, além da
ampliação e da conversão para o gás da térmica de Igarapé.
Além dessas obras e projetos, estão em implantação no Estado,
através de outras concessionárias, as térmicas de Juiz de Fora,
Cataguases, Leopoldina e Ibirité, Fiat e PETROBRÁS, além da
Hidrelétrica de Santa Clara, da Companhia Queiroz Galvão. Minas
tem hoje, sem dúvida, o maior canteiro de obras de geração do
País.
Somente nesses empreendimentos, o poder público está investindo
cerca de R$3.200.000.000,00, para acrescentar mais 2.500MW ao
parque de geração do Estado. Essa potência é quase 50% da atual
capacidade instalada das usinas da CEMIG.
Esta crise, é importante frisar, não decorre apenas da escassez
de chuva no Sudeste, como alguns insistem em afirmar. A crise
ocorre justamente por falta de investimentos em obras de geração.
Investimentos em geração que a CEMIG tem priorizado realizar, de
forma isolada, mas, principalmente, em parceria com a iniciativa
privada, ou seja, em Minas, os empresários, principalmente os da
mineração, têm trazido sua contribuição, associando-se à CEMIG
nesses empreendimentos, que, sem dúvida, vão ajudar a diminuir a
crise energética.
Senhoras e senhores, com a atual crise, que nos impôs uma redução
muito acima de 20% do consumo de nosso mercado, a CEMIG e o
Governo do Estado, como não poderia ser de outra forma, passaram a
sofrer com a diminuição de suas receitas; contudo, não se medirão
esforços para manter as atuais obras de geração.
Trata-se de mais um desafio, que, temos certeza, será superado
pela liderança que o Dr. Djalma Moraes imprime à empresa e pela
liderança política do Governador Itamar Franco, pois Minas Gerais
precisa continuar contribuindo, para que possamos sair desta crise
e o País volte a crescer.
Os relevantes temas a serem discutidos durante estes trabalhos
podem ser grupados dentro do conceito de geração distribuída.
Entende-se como geração distribuída todas as instalações de
produção de energia elétrica que possam ser consideradas de
pequeno porte em relação ao sistema elétrico que atende a uma
região, normalmente divididas em: - Pequenas Centrais
Hidrelétricas - PCHs; geração eólica; sistemas de co-geração; -
aproveitamento de resíduos diversos, o que chamamos,
carinhosamente, em nossos escritórios, de energias complementares.
Os sistemas de co-geração utilizam o calor desperdiçado em m
processo industrial, para gerar energia elétrica. Em muitas
situações, o calor que seria desperdiçado em uma geração de
energia passa então a ser fornecido a um processo industrial.
A geração distribuída tem impacto positivo no comportamento dos
sistemas elétricos, propiciando as seguintes condições de melhoria
do desempenho: redução das perdas de calor nas linhas de
transmissão; manutenção de níveis de tensão mais constantes ao
longo do dia, dada a capacidade natural dos geradores distribuídos
em regular a tensão regional, além da redução das perdas;
possibilidade de manter pelo menos parte do sistema elétrico
local, quando da ocorrência de desligamentos extensos; redução nos
investimentos em transmissão e geração, ou redirecionamento desses
recursos para regiões mais carentes.
É importante ressaltar que a estrutura atual do sistema elétrico
brasileiro incentiva a adoção das geradoras por parte de
consumidores autoprodutores e produtores independentes. A
ELETROBRÁS está se dispondo a assumir as etapas de comercialização
da energia dos pequenos consumidores. No caso específico das PCHs
o número inicial - que está sendo questionado pelos interessados -
seria de R$57,00/MWh de energia firme.
A co-geração pode ser antevista como a implantação dos seguintes
tipos de geradoras: - aproveitamento de subprodutos dos processos
industriais, com a utilização de turbinas a vapor ou a gás ou em
ciclo combinado; resíduos agroindustriais (bagaço de cana, palha
de arroz, cavacos de madeira); gases siderúrgicos - por simples
passagem ou por queima; integração entre os processos de produção
de vapor e a geração de energia; - implantação de geração no local
de utilização, com a utilização de células a combustível
(provavelmente dentro de quatro anos esta técnica já será
economicamente viável); aproveitamento de outras fontes de
energia, tais como lixo urbano, gases de tratamentos de diversos
processos, desde que economicamente viáveis.
Os diversos processos têm de ser ambientalmente aceitáveis.
O Estado de Minas Gerais tem hoje 30 PCHs conectadas ao sistema
elétrico, com uma potência instalada de 133,4MW, além de outras
operadas por autoprodutores.
Entretanto temos ainda os seguintes potenciais nas diversas
regiões do Estado:
Vale de Potencial
rio MW
Paranaíba 28
Mucuri 41
Grande 175
São 193
Francisco
Paraíba do 318
Sul
Doce 859
Total 1.614
Já está autorizada pela ANEEL a implantação de 38
aproveitamentos, totalizando 558,5MW. Atualmente, grande parte
desses projetos já está em fase de licenciamento ambiental junto à
FEAM, para terem sua construção iniciada.
É preciso fazer aqui o registro do empenho do Secretário de
Energia do Ministério de Minas e Energia, nosso conterrâneo, Dr.
Afonso Henriques, e do empenho do Governo de Minas em fazer com
que essas licenças ganhem velocidade, para que tenhamos o
resultado alcançado no menor prazo possível e fazendo com que os
princípios de ambiente ecologicamente preservados sejam mantidos.
Energia eólica: desde a década de 60, a CEMIG vem efetuando
medições anemométricas em 60 locais do Estado. Foram identificados
sete locais com velocidade de vento superior a 5,2m/s e períodos
de calmaria inferiores a 21,5%.
Em agosto de 1994, entrou em operação a Usina Eólica do Morro do
Camelinho (próxima à PCH de Paraúna e à cidade de Gouveia), numa
altitude 1.328 m, um pouco além de Curvelo.
Esta usina tem quatro aerogeradores montados a 30 m do solo e com
uma potência total instalada de 1MW.
É uma instalação experimental, destinada a fornecer subsídios
técnicos diversos para o estudo, o projeto e a instalação de
outras instalações eólicas.
Cumpre ressaltar que os equipamentos mais recentes destinados às
usinas eólicas apresentam características tecnológicas superiores
aos instalados no Camelinho, além de já serem produzidos no
Brasil.
Energia da biomassa: os maiores esforços da Secretaria de Minas e
Energia no momento estão concentrados na utilização do gás de topo
dos altos-fornos de gusa para a produção de energia elétrica. Por
enquanto, muitos desses fornos lançam esses gases residuais na
atmosfera sem nenhum tratamento e com a conseqüente emanação de
grande quantidade de particulados. Um estudo inicial elaborado por
essa secretaria e pela FEAM mostra que é possível associar-se a
cada alto-formo típico (300t gusa/dia) uma geração de 1,5MW a 7MW
(turbinas a vapor de baixo rendimento a turbinas a gás de
rendimento moderado), a partir de um gás previamente tratado e
limpo. Sabendo-se que somente em Sete Lagoas existem 36 desses
altos-fornos instalados, poderíamos ter ali uma geração elétrica
associada entre 54MW e 290MW de energia firme, o que
corresponderia a uma hidrelétrica de 108MW a 580MW.
Energia solar: neste aspecto, temos de trabalhar com duas
vertentes:
1 - Fotovoltaicas: a conversão direta da luz solar em energia
elétrica está sendo empregada, na fase atual, para o suprimento de
comunidades isoladas em que a energia convencional ainda não pôde
atender ao direito desses cidadãos. Os esforços atuais estão
direcionados para a iluminação de escolas rurais, dando-lhes
condição não apenas de ter aulas noturnas, mas também de receber
imagens de TV (programas educativos), e esperamos que, em curto
espaço de tempo, possam também possibilitar conexão à Internet.
Esse sistema também está sendo empregado no bombeamento de água
para o suprimento de comunidades isoladas, proporcionando água de
boa qualidade, sem se ter de buscar a longa distância.
2 - Termossolares: o aquecimento de água com os painéis solares é
hoje uma realidade técnica. Somente em Belo Horizonte, considerada
a capital de energia solar no Brasil, calcula-se que os sistemas
instalados já reduzem a ponta de carga do sistema elétrico em
2,1MW. Entendemos que a sua fase pioneira já foi ultrapassada e
que chegou a hora de levar seus benefícios para a população de
baixa renda. Neste caso, o mais indicado - pelo menos no início -
seria incluir esses sistemas quando da construção dos conjuntos
habitacionais como já estamos fazendo, de modo que o inevitável
aumento da prestação seja inferior à economia (em reais) a ser
obtida na conta de energia elétrica.
Feito esse intróito, senhoras e senhores, convido-os em nome do
Governo e do povo de Minas a desenvolver esses temas importantes
para o trabalho, a riqueza e uma vida melhor para todos nós.
Daqui do Palácio da Inconfidência, sede do parlamento mineiro,
onde também se constrói um país, e invocando a figura de Teodomiro
Santiago, saúdo esse esforço de pensamento para um Brasil mais
brasileiro, o Brasil de nosso próximo futuro. Muito obrigado.