LUIZ CARLOS GOMES, Presidente da Amce
Discurso
Legislatura 19ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 12/11/2019
Página 14, Coluna 1
Assunto COMUNICAÇÃO. ESPORTE E LAZER. HOMENAGEM.
Proposições citadas RQO 318 de 2019
40ª REUNIÃO ESPECIAL DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 8/11/2019
Palavras do Sr. Luiz Carlos Gomes
O Sr. Luiz Carlos Gomes - Exmo. Sr. Deputado João Vítor Xavier, coautor do requerimento que deu origem a esta homenagem, neste ato representando o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, deputado Agostinho Patrus – muito obrigado, João Vítor, sou seu fã; Exmo. Sr. Deputado Mário Henrique Caixa, coautor do requerimento que deu origem a esta homenagem – Mário Henrique Caixa disse que eu estou a mesma coisa de 30, 40 anos atrás; você melhorou muito, era magrinho quando chegou à Rádio Globo, era um fiapo, tinha um rádio desse tamanho e, graças a Deus, virou ídolo; Exmo. Sr. Deputado Zé Guilherme, o Lito – não consigo chamá-lo de deputado Zé Guilherme, é o Lito, que tem grandes jornadas por aí; Exmo. Sr. Secretário de Comunicação Social, Roberto Bastianetto – obrigado, secretário, leve o nosso abraço ao governador, que nos recebe sempre com muito carinho; e Sr. Vice-Presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos, Abrace, Afonso Alberto Teixeira dos Santos – meu guru, pessoa que me ajuda muito. Nós tivemos umas brigas aí com os outros, com o clube, com a CBF. Entre nós, não; somos todos amigos. Sr. Presidente Executivo da Federação dos Clubes do Estado de Minas Gerais, Marcolino de Oliveira Pinto Júnior, que é também diretor da Amce – muito obrigado, Marcolino; e Sr. Presidente da Rádio Itatiaia, Emanuel Carneiro, guru.
O pessoal do esporte, do futebol, improvisa muito. Eu escrevi, porque pensei: “A emoção vai tomar conta, eu não vou conseguir falar de improviso para os senhores”. Nós só temos motivos para agradecer. Antes de tudo, em primeiro lugar, a gente quer agradecer aos fundadores da nossa entidade. Era um grupo de jovens idealistas que lá em julho de 1939 teve esse sonho de criar uma associação para agregar alguns poucos amigos que iniciavam o trabalho de cobertura jornalística nos esportes praticados aqui em Belo Horizonte, aqui em Minas Gerais. Então, permitam-me citar o nome dos nossos fundadores, conforme está registrado, guardado na ata de fundação da Amce. Todos não estão mais entre nós, mas continuam recebendo o nosso respeito, o nosso carinho e a nossa homenagem. São eles o Álvaro Celso da Trindade, Badaró; Domingos D’Ângelo; José de Araújo Cotta; Júlio Correia de Melo; Ney Otaviani Bernis; Rui de Castro Miranda; Canor Simões Coelho; Joaquim Brum de Almeida; José Olinto Mourão Prado; Marcelo Coimbra Tavares e Osvaldo Bráulio Vilhena. Estes fundaram a Amce em julho de 1939.
O Álvaro Celso da Trindade era conhecido como Badaró. Não sei se alguém o conheceu, pois faz muitos anos. Você o conheceu, não é Assad? Há uma história muito interessante que seus familiares me contaram. Ele já tinha falecido, eu não o conheci, mas conheci alguns de seus familiares, há alguns anos, que disseram que ele era americano e transmitia os jogos do América do Estádio da Alameda, não é isso, Emanuel? Não é do seu tempo também não, não é? O interessante é que ele ia sozinho para o estádio, instalava o equipamento, narrava o jogo, comentava o jogo e era o repórter também. Era melhor do que o Afonso Alberto; fazia tudo. Ele foi proibido de entrar no estádio porque tirava seu público, o torcedor, que não ia mais ao estádio, ficava em casa ouvindo a Rádio Mineira, não é Afonso Celso? Vocês veem que coisa impressionante! Naquele tempo, em 1939, 1940, o público não ia ao estádio assistir ao jogo para ficar em casa ouvindo-o pelo rádio. Segundo registros e depoimentos, essa rapaziada fundou a associação com o intuito de promover festas e organizar eventos esportivos, principalmente de remo, vôlei, basquete, natação e atletismo.
A Amce foi fundada, segundo me contaram também, para fazer campeonato de remo no Rio Arrudas, que era navegável. E dizem que o Flamengo foi o padrinho da Amce. Veio um cara, diretor do Flamengo, do Rio, porque havia competição; o Clube de Regatas do Flamengo, o Botafogo de Futebol e Regatas e a Amce disputavam canoagem lá – não sei como era o negócio – no Rio Arrudas. Tempo bom. Havia também vôlei, basquete, natação, atletismo, futebol amador, que era muito forte na época, e o futebol profissional estava engatinhando, estava apenas começando.
A partir dos anos 1940, a Amce começou a tomar corpo. O número de associados aumentou de forma considerável: de meia dúzia, passou a haver 30 associados – está lá registrado na ata. A primeira grande ação foi mobilizar os desportistas, autoridades e população para colocar Belo Horizonte como uma das sedes da Copa do Mundo de 1950. O movimento deu resultado, e a cidade não só foi oficializada como uma das sedes da Copa do Mundo, como ganhou um belo estádio, o maior de Minas, o tradicional Estádio Independência, o Gigante do Horto, que, durante anos, foi palco de grandes jogos, grandes decisões. Aliás, até hoje, depois de várias reformas, continua servindo – e bem – ao nosso futebol.
Ainda nos anos 1940 e 1960, a Amce tem registros de participação ativa na divulgação e valorização dos mais variados esportes em Minas Gerais, tanto na capital como no interior; tudo isso graças ao idealismo e trabalho duro dos dirigentes da Amce de cada época, a quem, mais uma vez, agradecemos de coração.
Mas a Amce mostra na história que sempre gostou de desafios, e nós temos vários registros lá – inclusive, livros do Dr. Afonso Celso Raso – de que, nos anos 1960, seus dirigentes mais uma vez arregaçaram as mangas e mobilizaram a opinião pública e as autoridades para uma ideia que na época parecia meio maluca: a construção de um estádio enorme, um estádio imenso em Belo Horizonte. Nem é preciso dizer que a ideia ganhou força e virou realidade.
Em 1965 foi inaugurado o Mineirão, o Gigante da Pampulha, que até hoje é um palco majestoso do nosso futebol. A partir do Mineirão, o futebol mineiro mudou de patamar. Vieram os grandes craques, as grandes conquistas, tanto em âmbito nacional como internacional. Nos esportes especializados, também crescemos muito, conquistamos muitos títulos. A imprensa esportiva mineira acompanhou esse crescimento. Surgiram mais veículos de comunicação, que passaram a cobrir o esporte, em especial o futebol. Grandes equipes esportivas foram formadas nas rádios, jornais e tevês. Em todos os jogos, em todas as disputas, a Amce sempre marcou presença, ajudando a organizar, apoiando as iniciativas, credenciando os profissionais e, o mais importante, divulgando os eventos por intermédio dos seus associados.
Dessa época até os dias de hoje, a Amce continua firme e forte em sua missão de reunir os cronistas esportivos, colaborar com os realizadores dos eventos e buscar a melhor qualificação dos profissionais. A Amce realizou dois grandes congressos de cronistas esportivos em Belo Horizonte, reunindo profissionais de todo o Brasil e até mesmo do exterior. A Amce vem organizando ou participando de centenas de congressos, palestras, seminários, cursos e reuniões sobre os mais variados temas esportivos; participa sempre de reuniões na CBF e na Federação Mineira de Futebol, e tem assento quase que permanente em todas as reuniões, para viabilizar as melhores condições de trabalho para seus associados nas praças esportivas.
É uma luta constante. Por essa razão, mais uma vez, aproveitamos a oportunidade para agradecer aos companheiros que dedicaram – ou ainda dedicam – parte considerável de suas vidas a ajudar nas ações da Amce – lembrando que é e sempre foi um trabalho voluntário, de pura doação, de puro amor à nossa classe e à nossa causa.
Evidente que busquei resumir ao máximo as histórias sobre a Amce, mesmo porque contar 80 anos de histórias, fatos e ações tão intensas e emocionantes levaria, pelo menos, outros 80 anos. Grande parte desta história da Amce está registrada em várias matérias, fotos, depoimentos, crônicas, atas e livros em nossa sede. O nosso desejo é transformar este acervo em um memorial. Para tanto, contamos com o apoio de todos.
Mas meus amigos, minhas amigas, o importante mesmo é destacar que, apesar dos seus 80 anos, a Amce continua jovem, forte e saudável. Nós temos uma charmosa sede própria no tradicional Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde desenvolvemos a administração da entidade e várias atividades sociais e recreativas. Todos estão convidados a ir em nossa sede tomar um cafezinho.
Nós temos associados – radialistas e jornalistas – em todas as regiões de Minas Gerais, distribuídos em sete diretorias regionais. Nós agregamos ao nosso quadro de associados os profissionais das áreas técnicas das empresas de comunicação que cobrem o esporte, porque são profissionais fundamentais para o nosso trabalho. Sem o operador, sem o técnico, a gente não funciona.
Nós conquistamos – a Amce, ao lado das demais associações estaduais de cronistas esportivos e das associações nacionais – a Lei Federal nº 12.395/2011, que nos dá o direito de acesso livre em todos os estádios e praças esportivas, mediante apresentação da nossa credencial oficial. Nós trabalhamos em perfeita parceria com as confederações, federações, clubes, administração dos estádios, com as autoridades para o pleno êxito dos eventos esportivos e o livre exercício da nossa profissão. Tudo isso e muito mais representa o esforço voluntário de muitos companheiros que dedicaram ou ainda dedicam boa parte da sua vida, do seu tempo para servir a nossa entidade.
Para finalizar, os nossos sinceros agradecimentos aos funcionários da Amce. A Amce funciona como uma empresa, de segunda a sexta-feira, de 9 horas da manhã as 6 horas da tarde. Aos sábados e domingos, nos dias de jogo, nós temos plantão nos estádios, não só em Belo Horizonte como também no interior. Temos parceria com a federação para tudo funcionar direitinho. Agradecemos aos companheiros de diretoria, aos associados, aos desportistas, às autoridades, aos amigos que sempre apoiaram a nossa querida entidade.
Todos devem ter notado que evitei citar muitos nomes, tantos são aqueles que deveriam ser citados. Eu justifico, pedindo perdão e declarando que todos devem ser considerados homenageados. Agora quem não estiver de acordo, pode até recorrer ao VAR para pedir uma revisão. Não tem problema.
Em nome da Amce – Associação Mineira de Cronistas Esportivos –, o nosso sincero agradecimento a esta Casa, Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelo reconhecimento. De forma muito especial e com a devida licença aos demais deputados desta Casa, o nosso carinho e o nosso reconhecimento aos companheiros e deputados João Vítor Xavier e Mário Henrique Caixa pela honrosa iniciativa de homenagear a nossa querida Amce. Muito obrigado.