Pronunciamentos

JOÃO PAULO MEDINA, Diretor e fundador da Universidade do Futebol.

Discurso

Comenta o tema: “Futebol brasileiro: visão sistêmica”, dentro do 1º painel.
Reunião 62ª reunião ESPECIAL
Legislatura 17ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 06/12/2014
Página 29, Coluna 1
Evento Ciclo de debates: Muda Futebol Brasileiro: desafios de uma renovação.
Assunto ESPORTE. LAZER.
Observação O número que acompanha o Requerimento Sem Número, constante do campo Proposições, é para controle interno, não fazendo parte da identificação da Proposição referida. No decorrer de seu pronunciamento, procede-se à exibição de slides.
Proposições citadas RQS 2802 de 2014

62ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 17ª LEGISLATURA, EM 24/11/2014

Palavras do Sr. João Paulo Medina


O Sr. João Paulo Medina - Boa tarde a todos. Inicialmente gostaria de manifestar a satisfação de estar participando deste evento, na Assembleia Legislativa. Sei que o evento é fruto de um árduo trabalho dos organizadores. Fico muito satisfeito em participar de um evento como este, onde procuramos não só fazer um diagnóstico do futebol brasileiro, mas, principalmente, buscar soluções para o nosso futebol.

No últimos tempos, mais especificamente nos últimos três, quatro anos, em que temos participado de muitos eventos, temos notado uma qualificação nos debates sobre futebol no Brasil. No Brasil - aliás, não diria só no Brasil, pois conhecemos um pouco de outras realidades e esse fenômeno do futebol passa um pouco em todos os países, pois é admirado por milhões e milhões de pessoas e praticado por muitas -, infelizmente, ele é estudado, pesquisado por muitíssimo poucas pessoas.

Vejo que hoje esse é um problema grave no Brasil, um país que, apesar de sua tradição reconhecida mundialmente, não tem tradição na questão do estudo. Somos um dos poucos países do mundo em que não se exige formação profissional específica para o futebol, em praticamente profissão nenhuma ligada ao futebol, desde o gestor, passando pelo treinador e demais áreas do conhecimento. Muitos dos bons profissionais que temos - felizmente temos um número bastante interessante de profissionais que trabalham no futebol, em várias de suas dimensões - foram buscar conhecimento de forma praticamente autodidata.

Alguns até vão para o exterior buscar conhecimentos, porque é no exterior que temos formação. Particularmente hoje, na Europa, não se pode trabalhar no futebol, em nenhuma de suas dimensões, seja na base, seja no esporte educacional, seja no esporte escolar, sem um mínimo de capacitação profissional. Vejo que esse é um dos problemas graves existentes. Não diria o mais grave, porque é difícil saber qual é o mais grave dos problemas que enfrentamos hoje no futebol brasileiro.

Eu me propus a falar de um tema um pouco espinhoso, dado o grau de reflexão crítica e até filosófica que requer. Vejo necessidade de tocar neste assunto, que considero também estratégico para o futuro do futebol brasileiro. Crescemos em conhecimento, e isso não ocorreu só no Brasil. O conhecimento, de uma forma geral, no século XX, cresceu muito apoiado na especialização do conhecimento. Ser bom profissional é saber bem a sua especialidade. Isso durante um tempo, durante o século XX praticamente todo, foi uma vantagem estratégica. Hoje, no século XXI, isso passa a ser um grande problema.

Trago isso para a questão específica do futebol. Considere hoje os clubes que teoricamente têm condições financeiras para contratar - digo teoricamente porque a situação financeira dos clubes hoje, de uma forma geral, é caótica, mas, mesmo assim, graças ao arcabouço jurídico em que se estabelecem, não há responsabilização pelos atos dos próprios dirigentes. É possível fazermos coisas, analisando e observando o orçamento, que imaginaríamos serem impossíveis. Por esse modelo do futebol brasileiro, os clubes vivem gastando geralmente ou quase sempre, salvo honrosas exceções, muito mais do que arrecadam.

Observamos, em relação a esse aspecto do conhecimento, que uma comissão técnica de um clube grande tem no mínimo uns 20 profissionais trabalhando dentro de suas especializações. Há o treinador, um ou dois assistentes técnicos, alguns preparadores físicos, entre eles especialistas, sob alguns aspectos, na preparação física. Um trabalha mais com a recuperação, outro com a forma física da equipe, outro com a musculação. São especializações que se desdobram em outras, como o fisiologista, o fisioterapeuta, o médico esportivo, o psicólogo. Alguns clubes hoje têm o biomecânico. O número é infindável. Isso é bom por um lado, porque está trazendo conhecimento e ciência para o futebol. Por outro, a gestão disso aí é muito difícil. Primeiro, pela questão financeira. Quais clubes teriam condições de contratar todos os especialistas nessas diferentes ciências? É muito difícil.

A outra questão é a gestão do trabalho propriamente dito, do trabalho em si. Uma vez, conversando com o Parreira, há alguns anos, ele me falou sobre se era necessária tanta gente para trabalhar numa comissão técnica. Dizia ele que, às vezes, ao fazer uma preleção no intervalo do jogo, havia mais gente atrás dele do que o número de jogadores à sua frente. Fora os especialistas, estão ali os dirigentes e uma série de profissionais.

Eu me pergunto, falando sobre gestão, como está sendo feita a gestão técnica do futebol hoje. Não estou falando da gestão administrativa propriamente dita. Temos problemas não só nas questões administrativas, mas também na gestão da coisa técnica, em razão desses problemas que citei rapidamente aqui, alguns em relação ao número de profissionais, alguns em relação à própria visão.

Então, eu estava dizendo para vocês, no início, que isso me preocupa muito, embora estejamos conseguindo qualificar nossos debates. Cito aqui o exemplo de um evento que tem acontecido, e o Ocimar até pode me corrigir se eu estiver errado. Quantos encontros de especialistas da categoria de base aconteceram de três anos para cá? Treze. Tenho participado de alguns diretamente e de outros indiretamente e tenho notado uma crescente preocupação desses profissionais da base. Essa é uma associação, um movimento entre os 40 clubes das Séries A e B. Notamos que não faltam interesse e capacitação profissional desses profissionais especificamente. Ouso dizer até que há uma evolução maior dos profissionais que trabalham na base dos clubes que na equipe principal, dada a impossibilidade de se ter, por exemplo, 40 comissões técnicas ou representantes delas e das equipes das Séries A e B. Não vejo nem mesmo esse movimento. Vejo, vez por outra, um movimento de treinadores tentando fazer um sindicato, uma federação ou uma associação que, geralmente, começa com muito ânimo, com muita disposição, com muitos depoimentos e, com o passar do tempo, vai se esvaziando. Tenho visto, ao longo de algumas décadas, isso se passar no futebol brasileiro. O que trago para vocês, nesse tempo de 30 minutos, talvez seja uma reflexão em relação a algumas questões ligadas ao diagnóstico do futebol brasileiro. Viemos notando isso, embora essa qualificação das discussões no futebol ocorra na área técnica, na área de marketing e na área de governança.

Recentemente, começou-se a debater essa questão. Há um mês participei de um debate interessante e rico sobre a responsabilidade social no esporte, particularmente no futebol. Esse ainda é um tema novo no Brasil. Qual é a responsabilidade social, por exemplo, de um clube de futebol? Apesar dessa qualificação, notamos que não existe um diagnóstico do futebol brasileiro. Às vezes, alguns são impacientes e até dizem: ”Não vamos discutir diagnósticos”. Todos já sabem o que precisa ser feito. Acho que esse é um erro monumental que cometemos. Quando você faz um diagnóstico errado, dificilmente vai encontrar o remédio. Você vai encontrar remédio para um diagnóstico errado, portanto você não vai encontrar as soluções para os problemas do futebol brasileiro. O que noto é que analisamos muito o futebol pela nossa especialização, pela nossa visão.

Participei de um evento e me lembrei do Fernando Ferreira, que pilotou, coordenou e liderou o movimento chamado Futebol do Futuro. Lembro-me de que nossas discussões iniciais se voltaram para a questão do calendário, e foi um aprendizado muito bom para todos à medida que as questões foram evoluindo. Passamos a perceber que não bastava só mudar o calendário, mas também ter aquilo que chamamos de uma visão sistêmica do futebol. Para você analisar a Série A, você precisa entender as Séries B, C, D, E, além da base e da política pública da massificação do futebol que temos. É toda uma cadeia. É claro que tratar de futebol profissional não é a mesma coisa que falar de esporte, como forma de educação, como manifestação social, como uma atividade para a saúde ou entretenimento, mas uma coisa se relaciona com a outra. É preciso, sim, ter uma visão mais ampliada das coisas.

Outro fato que se apresenta é que costumamos separar muito - e sou totalmente contra essa ideia - a política do futebol, da técnica. Tem tudo a ver. O que muda é a política. Se não entendermos como é o mecanismo de poder do futebol e das coisas, vamos ingenuamente sempre achar que isso é melhor do que aquilo, que basta mudar o calendário, que basta ter profissionais mais competentes, que basta isso ou aquilo. O jogo de mudanças passa por uma análise da dimensão política. Se não entendermos isso, ficará difícil. Se não entendermos quem quer manter a situação; quem quer mudá-la; quem quer mantê-la e por que; quem quer mudá-la e por que, vamos sempre ingenuamente achar que temos a solução para o futebol brasileiro, e não a temos. O jogo é político, e temos de nos posicionar claramente em relação a isso.

O nosso papel é continuar trabalhando. Hoje vejo a comunidade aflita e inquieta. O resultado catastrófico da nossa seleção na Copa do Mundo será um legado na medida em que utilizarmos esse desastre para repensar o nosso futebol em todas as suas dimensões. Acho que está posta essa situação. Imagino que não precisemos não nos classificarmos para uma próxima Copa do Mundo para aprendermos as lições que tivemos até aqui. Considero essa uma questão fundamental. Cabe a nós, que muitas vezes não temos o poder político, continuar trabalhando, capacitando-nos, facilitando os caminhos. Quem detém a questão política muitas vezes não têm a compreensão dos fatos. Lembro, por exemplo, o próprio presidente da CBF, antes da Copa, que, em uma entrevista, disse que não tínhamos nada a aprender com ninguém, que o Brasil era o País do futebol. Por que o presidente da CBF fala uma coisa dessas? Ele deve falar acreditando que é assim mesmo.

Então, é preciso que nós, profissionais, contribuamos com essa discussão, com esse debate de transformação do futebol brasileiro. Muitas coisas só nós sabemos. O dirigente não sabe. Ainda mais com um modelo que temos hoje de clubes de futebol que está quase na contramão da profissionalização do futebol. É proibido ser profissional, dada a estrutura que o clube de futebol brasileiro tem hoje. O dirigente, o estatutário não pode ser remunerado - o Ocimar falará muito bem sobre essa questão. A Abex é uma associação que foi criada recentemente, e isso é um avanço dentro de enormes dificuldades. O executivo hoje tem pouca possibilidade de fazer o que realmente gostaria de fazer com essa estrutura. O mesmo se passa com outros profissionais, com os próprios atletas. O Ruy vai falar, e o Tinga está aqui representando os jogadores de futebol. A gente enfrenta muito a situação de não poder falar a verdade no futebol brasileiro. O jogador que fala a verdade paga o preço. São poucos que têm essa coragem. E quando têm coragem, pagam um preço altíssimo por falar algumas coisas que são verdadeiras. Essa é uma correlação de forças desigual.

Quando se cobra muito uma atuação do Bom Senso... E a gente que tem a oportunidade de dar consultoria e orientar naquilo que está nas possibilidades da Universidade do Futebol, nas questões mais técnico-científicas - por exemplo, no calendário vemos isso acontecer: por que hoje jogar 80 partidas por ano é um total absurdo? - tem de dar elementos aos atletas. Eles sentem no corpo, mas muitas vezes não têm condições de explicar o que acontece de maneira mais técnica, mais científica.

Então temos dado esse suporte, mas, ao mesmo tempo, temos notado a dificuldade que é convencer, às vezes, até a própria opinião pública. Noto que, quando surgiu o movimento, foi identificado como um movimento liderado e motivado por interesses apenas dos jogadores que jogam nos times grandes. Na verdade, o movimento não é isso. Então, estou antecipando um pouco o assunto do Ruy, mas não vou tirar sua fala, viu? Apenas quero introduzir essa questão por entendê-la fundamental.

Foi muito interessante quando a presidenta Dilma chamou o movimento Bom Senso para uma audiência em Brasília. O movimento levou cinco representantes da elite - como dizemos, né, Ruy? Na época, os boias-frias era representado pelo Ruy. Ele é um jogador que já participou dos dois mundos: o mundo vip e o mundo dos boias-frias. Ele é uma voz incansável em defesa dos interesses desses jogadores que representam 80% do profissionalismo do futebol brasileiro, em termo de atletas. É uma situação bastante ruim. Vocês poderão ouvir do Tinga e de outros participantes da Mesa mais detalhes sobre essa questão.

Ainda falando sobre diagnóstico, costumo dizer assim: “Ninguém tem a necessidade daquilo que desconhece”. Frase de Vítor Frade, um pedagogo e cientista do esporte que presta seu serviço há muitos anos ao Futebol Clube do Porto e inspirou também um pouco o trabalho do treinador José Mourinho. Realmente notamos que não temos necessidade daquilo que desconhecemos. Muitas vezes analisamos o todo pelo nosso conhecimento específico. Mas, no meu modo de entender, está faltando compreender um pouco mais como é que as coisas funcionam no futebol e termos uma compreensão melhor dessa correlação de forças para que as nossas boas ideias possam ter sentido. Acho que é um pouco esse o nosso dever. Também em relação a essa questão, não vemos as coisas como elas são: vemos as coisas como somos. Ver a realidade pode exigir um sacrifício extra que muitas vezes deixamos de lado.

Então, gostaria de trazer aqui para reflexão de vocês esses desafios que temos hoje no futebol. Um deles está relacionado ao próprio conhecimento que temos do futebol. Ninguém sabe tudo sobre coisa alguma e no futebol não é diferente. Acho que nos próximos anos teremos tempo para fazer esse exercício, porque acredito que serão anos muito difíceis para o futebol brasileiro.

Conversando hoje, pela manhã, percebi que o ano que vem será um ano terrível, mas que sirva para que possamos fazer o dever de casa e começarmos a fazer isso desde já. Acho que ainda não vamos conseguir resolver a situação do clube. No meu modo de entender, o jogador é o artista e o clube é a célula mater onde se desenvolve o futebol. Enquanto tivermos clubes doentes - como é o que temos hoje - dificilmente poderemos pensar em resgatar, restaurar ou trazer novamente o Brasil para a hegemonia do futebol mundial. Quando falo em hegemonia, não falo apenas na seleção, porque acho que até pelo grande número de atletas que temos, ainda conseguimos formar uma seleção capaz de ganhar, inclusive, uma Copa do Mundo.

O problema é que esse chamado celeiro inesgotável de talentos está mudando drasticamente nas últimas décadas. Não estamos nos dando conta disso e, se nos damos conta, não fazemos o trabalho de casa. Costumo dizer que a Europa faz, in vitro, o que não conseguimos mais fazer in natura. Durante muito temo usufruímos da formação de talentos. A Europa, que não tinha o que tínhamos, foi buscar isso de outras formas, por meio de estudos, de metodologias. Há pessoas que ainda defendem que somos essa fonte inesgotável de talento, mas digo: não somos só nós aqui. Outro dia mesmo, depois da Copa, vi o Beckenbauer dizer que aqui nasce jogador em árvore. Não é porque um estrangeiro diz que vamos acreditar numa coisa que não é verdadeira. Se você pegar, por exemplo, os 50 melhores jogadores de futebol do mundo em 1982, 1983, tínhamos 10, 12 - temos um estudo a respeito na Universidade do Futebol. Eram sete, oito atacantes nessa relação. Se você pega a relação dos 50 melhores jogadores do mundo de 2013, há três jogadores brasileiros, sendo apenas um atacante. É uma relação que pode ser sujeita a críticas aqui e ali, mas mostra a necessidade de reformular totalmente os nossos conceitos, a nossa formação, os nossos posicionamentos, para termos os elementos de transformação do nosso futebol.

Nós, da Universidade do Futebol, temos oportunidade de estudar as outras escolas. Há dois, três anos já percebíamos que havia a possibilidade de um novo legado no futebol brasileiro, estudando um pouco o que vinha acontecendo na Espanha e na Alemanha. A Alemanha também passou por crises. Foi em função de fazer um bom diagnóstico de sua crise e estabelecer políticas adequadas para o futebol que eles conseguiram resultados extraordinários. Não só os que vemos em função das conquistas de sua seleção, mas em função da própria prática de seu futebol de alto rendimento, de base, na massificação do futebol no país.

O tempo está terminando. Gostaria aqui de falar um pouquinho sobre o quão complexo é entender o futebol. Veja só como hoje se faz gestão. Confesso que tenho uma preocupação muito grande com o treinador, com o próprio executivo de futebol, que tem de lidar com 100 variáveis para fazer a gestão de um clube. O treinador recebe a influência do empresário. Hoje há clubes que não têm participação nenhuma sobre seus jogadores, é tudo fatiado. A própria imprensa tem usado - não é, Mário Marra? - a expressão “jogador pizza”: cada fatia de um, e nenhuma do clube às vezes - não é, Ocimar? Vários clubes não têm uma participação. Quer dizer, o que chamamos de célula mater do futebol está nesse estado, na dependência dessa atividade.

Não sou contra o empresário, mas essa é uma atividade que está totalmente distorcida. Não acredito que esse ato da Fifa de banir o empresário vá vingar, acho que será apenas uma moeda de troca para se regulamentar a profissão. E, se ela for regulamentada, vamos ter um grande avanço. São essas questões que vejo como fundamentais.

Temos de equacionar o problema da nossa comunicação. Hoje não temos nenhum código para conversar sobre futebol. Noto isso muito na questão técnica, quando se fala em modelo de jogo, em aspectos mais específicos, em periodização tática, em princípios de jogo. Fico imaginando, quando se fala em modelo de jogo, o que cada um de nós ligados ao futebol pensa. Sei que cada um pensa uma coisa. Como conversar se não temos nenhum vocabulário comum para falar da nossa especialização, do futebol? Vejo isso como um problema muito sério. Infelizmente, não temos tempo para falar muito sobre essa questão.

Chegando ao final da minha fala, que tipo de contribuição podemos dar para superar a atual crise e construir um novo cenário para o futebol brasileiro? Essa é a questão que se discute hoje. Vamos ter de continuar fazendo eventos como este. Fico muito contente que o João Leite tenha dito que é preciso continuar discutindo e que esse fórum será permanente. Acho que isso já está acontecendo em outros setores.

Eu, particularmente, faço o convite a todos vocês. A Universidade do Futebol, em parceria com o Bom Senso Futebol Clube, está buscando um diagnóstico do futebol brasileiro. Esse fórum já se dispôs a contribuir com todas as conclusões tiradas aqui para municiar nosso documento. Outros eventos virão. Há muita coisa para ser feita.

Converso um pouco com alguns advogados, como o Dr. Panhoca, que está presente e é um estudioso desse assunto, um dos pilares da Lei Pelé. Essa é outra questão fundamental: o nosso enorme desconhecimento da legislação esportiva, que às vezes é difícil de ser entendida. Ao mesmo tempo, precisamos conhecer um pouquinho mais as questões legais, mas reconheço que é difícil. Muitas vezes converso com o Dr. Panhoca, que me dá uma aula de direito esportivo e fala tudo ao contrário do que já tinha ouvido de outro advogado. Os dois têm a lei a favor dos seus argumentos. Nós, que somos simples mortais, continuamos com as dúvidas, porque essa é uma área realmente que exige especialização. Tenho uma crítica à postura de muitos advogados: temos de nos capacitar, mas os advogados precisam nos orientar um pouco melhor em relação a como compreender e como saber o que fazer para melhorar essa área, esse arcabouço jurídico desportivo do futebol brasileiro.

Para encerrar, gostaria de contar uma historinha para vocês. Depois estarei à disposição, caso haja alguma pergunta. É uma história familiar. Tenho uma filha chamada Patrícia, que mora na Espanha e é casada com um espanhol, Javier. Eles se casaram, então nasceu meu netinho, que é espanhol.

Naturalmente, a família toda do Javier é ligada ao Real Madrid. Então, colocaram uma camisa nele. Começou, então, o Mundial torcendo para a Espanha. Como ela saiu logo no início, minha filha convenceu o filho a vestir a camisa brasileira. Vemos, então, a foto dele antes e depois do 7x1. Muito obrigado.

- No decorrer de seu pronunciamento, procede-se à exibição de slides.