Pronunciamentos

GUARACI DE CASTRO NOGUEIRA, Orador Oficial do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Discurso

Transcurso do 100º aniversário do vôo inaugural do 14 Bis.
Reunião 39ª reunião ESPECIAL
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 31/10/2006
Página 33, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO. CIÊNCIA E TECNOLOGIA.

39ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª LEGISLATURA, EM 26/10/2006

Palavras do Sr. Guaraci de Castro Nogueira

Na pessoa do ilustre Deputado Luiz Fernando Faria, neste ato representando o Deputado Mauri Torres, Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, saúdo toda a Mesa e a quantos aqui vieram para prestigiar esta solenidade.

Em nome do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, na qualidade de 1º Orador Oficial por determinação de nosso Presidente e de nossa diretoria, Presidente Marco Aurélio Baggio, ocupamos esta tribuna, ponto mais alto da voz democrática de Minas Gerais, para festejar o primeiro centenário do vôo do aeroplano 14 Bis de Alberto Santos Dumont, ocorrido no campo de Bagatelle, em 23/10/2006.

Repito, estamos aqui representando o Instituto Histórico e Geográfico com um número expressivo de sócios desse sodalício. E nosso Instituto, ao longo do mês de outubro, dedicou uma atenção especial às comemorações desse centenário. Talvez sejamos a única instituição mineira que, durante o mês inteiro, cultivou a grandeza desse grande filho deste país.

Esse grande acontecimento tem de ser comemorado nesta Casa, para que os feitos heróicos desse grande brasileiro cheguem aos ouvidos e ao conhecimento do povo e repercutam através da imprensa escrita, falada e televisionada em todo o território mineiro.

Desta tribuna, os legítimos representantes do povo, Srs. Deputados Estaduais, com a autoridade da representação popular, enaltecem a liberdade e sedimentam o eterno desejo mineiro de servir à Pátria sem se servir dela.

Aqui nesta Casa, os nomes dos heróis são festejados, porque Minas é mais Brasil. Dentro das paredes desse templo democrático, ressoam as vozes de Felipe dos Santos, que jogou na face do tirano Assumar o seu grito: “Morro sem me arrepender do que fiz, certo de que a canalha do Rei será esmagada pelo patriotismo dos brasileiros.

E veio o herói maior: Tiradentes. Aquele que sonhou com essa pátria livre, quando a maioria, com a espinha dorsal curvada, incensava a corte. E ele, embalado nos princípios da Revolução Francesa, aspirava à liberdade, igualdade e fraternidade, tornando-se o patrono cívico da Nação brasileira.

Não nos esqueçamos de Teófilo Otôni, o cívico herói de 1842, que, ao lado dos paulistas de Sorocaba, levantou a bandeira liberal e lutou bravamente, adquirindo significação progressista, corrente que abrigou o nascimento, em sua ala esquerda, do ideal republicano.

Essa gente mineira tem escrito páginas cívicas dessa nação heróica, neste país continental. Felipe dos Santos e Tiradentes foram gritos que sacudiram o século XVIII. Teófilo Otôni, a metade do século XIX. Mas foi no final desse século XIX que nasceu o mineiro que iria projetar, no mundo, de forma universal, o nome do Brasil. O genial Alberto Santos Dumont foi o primeiro herói desta pátria querida a ter o nome celebrado além de nossas fronteiras, não apenas como brasileiro, mas como cidadão do mundo, o qual, com sua simplicidade, quis que seu notável invento se transformasse em um divisor de águas na história da humanidade, para servir a todos os povos de todos os quadrantes e de todas as latitudes e longitudes.

Nasceu o predestinado Santos Dumont em 20/7/1873, no Sítio de Cabangu, Distrito de João Aires, Estação Rocha Dias, encravada na região da Serra da Mantiqueira, nos arredores de Palmira, em nossos dias rebatizada como Santos Dumont, em Minas Gerais. Foi o sexto filho de uma prole de oito irmãos: cinco mulheres e três varões.

A casa de Cabangu, berço de Alberto, era uma moradia simples, com teto de esteira, três janelas na fachada, um fogão a lenha na cozinha e poucos móveis nos cômodos, todos muito rústicos.

Seu pai já cultivava a mineiridade. A casa era simples como convinha a uma família mineira e era do gosto dos seus habitantes.

Henrique Dumont, chefe dessa grande família, era também mineiro, nascera em Diamantina aos 20/7/1832. Uma curiosa sincronicidade natalícia entre o pai e o sexto filho. O pai no dia em que completou 41 anos, recebeu de presente seu sexto filho.

No Rio de Janeiro, Henrique, o pai, estudou no Colégio D. Pedro de Alcântra, em Botafogo, e, após concluir o curso, embarcou para a França, onde realizou seus estudos superiores, formando-se aos 21 anos de idade na tradicional École Centrale des Arts et Métiers, em Paris. Retornou ao Brasil logo após a formatura e assumiu o cargo de engenheiro de obras públicas em Ouro Preto. Aos 6/9/1856, casou-se com D. Francisca de Paula Santos, filha do respeitado Comendador Francisco de Paula Santos, cerimônia realizada na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar, na querida Vila Rica, em Ouro Preto. Esse Comendador foi Deputado à Assembléia Provincial, defendeu contra o Cônego Bhering os direitos da Diocese de Mariana sobre o seu seminário, onde estudaram vários de seus parentes no passado. Habilitou-se, então, ao reconhecimento dos católicos mineiros.

O avó paterno de Alberto era o francês François Dumont - alguns dizem ter sido boticário -, casado com Eufrásia Honorata Dumont, filha, como ele, de um ourives.

O nome Dumont, francês, tornou-se a bandeira da família. Todavia é preciso reconhecer o lado materno de Alberto, a quem o destino consagraria como o Pai da Aviação, nascido em um Brasil imperial, cuja força de trabalho estava centrada na agricultura, baseada na mão-de-obra escrava, em torno do que se constelavam os demais setores da economia brasileira. Falo do lado materno Santos, de sua mãe. Em Paris, o grande brasileiro era conhecido como o Sr. Santos, talvez mais do que como da família Dumont. Já publicamos, na Revista do Instituto Histórico de Minas Gerais, em duas oportunidades, a genealogia de Santos Dumont, apresentando os seus antepassados portugueses, até então desconhecidos. Diremos apenas que o inventor do avião, ilustre brasileiro, o Pai da Aviação, é por sua origem portuguesa e mineira pelo lado Santos, lá dos barranqueiros do Rio Paraopeba, tetraneto de Manoel Machado, um dos fundadores da tradicional cidade de Bonfim, e tetraneto, por afinidade, de Manoel Teixeira Sobreira, principal fundador de Bonfim, cuja fazenda ainda está em Bonfim, aliás, em ruínas. O patrimônio nacional não devia deixá-la cair no chão. Manoel Machado, o tetravô, fora batizado em 15/6/1698, na povoação de Rua da Lixa, freguesia de São Miguel de Godim, arcebispado de Braga. Filho legítimo de Francisco Machado, pentavô de Santos Dumont, batizado em 15/6/1655.

Nosso biografado era hexaneto de Antônio Gonçalves e João Francisco, portugueses do início do séc. XVII. O lado Santos, em termos de Brasil, era mais importante do que o lado Dumont. Desculpem-me, pois o genial bandeirante dos ares era trineto de Maria da Conceição de Jesus, a bisavó do Dr. Francisco Antônio Ribeiro Sales, casado com Leocádia Felisbina de Oliveira. Esse advogado foi membro do Congresso Mineiro em 1891, Deputado Constituinte e Secretário de Estado das Finanças no governo de Bias Fortes, em 1895. Vejam os parentescos de Santos Dumont com ilustres personalidades mineiras.

E, mais, esse trineto de Manoel Machado, tetravô de Santos Dumont, Francisco Sales, além de Prefeito da Capital, foi Presidente do Estado de Minas Gerais. Importa registrar, para orgulho dos bonfinenses, barranqueiros do Paraopeba, esse auspicioso fato: trineto de Manoel Machado, fundador de Bonfim, foi Presidente do Estado de Minas Gerais.

Santos Dumont tinha noção do equilíbrio e ponderava a igualdade dos dois nomes familiares que ostentava. Fazia questão absoluta de assinar o nome Santos = Dumont. Todas as suas assinaturas tinham esse sinal de igualdade para mostrar que se sentia orgulhoso com ambos os nomes: o brasileiro mineiro de origem portuguesa e o francês.

O eng. Henrique Dumont, homem de espírito empreendedor, cônscio de que o café era o verdadeiro ouro preto desta terra, decidiu, tão logo completasse o trecho que lhe cabia nas obras ferroviárias, mudar-se, com a família, da Província de Minas Gerais para a de São Paulo, indo morar em Ribeirão Preto, onde se estabeleceu como fazendeiro do café.

Alberto tinha completado 6 anos quando seu pai adquiriu, por 300 contos de réis, a Fazenda Arindeúva, com 80 escravos, numa grande extensão de terras roxas, e transformou-a na mais moderna fazenda de toda a América Latina. Dotada de estrada de ferro própria, com 96km de linha, distância maior do que daqui a Itaúna, minha terra, foi construída com recursos exclusivamente seus. Facilitava o escoamento de uma produção originária de 5 milhões de pés da rubiácea. Era o rei do café.

Foi aí que se revelou, desde cedo, o grande interesse de Alberto Santos Dumont pelos segredos da mecânica e pelo manejo das máquinas. Na fazenda, estavam as mais modernas máquinas.

Fazendo-se de aprendiz de mecânico, procurava tomar conhecimento de tudo o que se relacionasse com máquinas e equipamentos, principalmente as movidas a vapor. Ele analisava detidamente as engrenagens, procurava compreender seus mecanismos e o funcionamento das polias. Aprendeu sozinho a operá-las e a repará-las.

O relacionamento entre Henrique e Alberto, pai e filho, era afetuoso e franco. Existia entre eles grande amizade. Viviam ambos conversando, trocando idéias sobre vários assuntos, incluindo a família, a política, a proximidade da República, a Europa e o mundo de sua época.

Procurando educar aquele menino inteligente da melhor maneira possível, o engenheiro contratou ótimos professores para alfabetizá-lo e educá-lo também com o propósito de lhe ensinarem a falar o inglês e o espanhol, visto que o francês já se aprendia cotidianamente no seio da família. Era um grande leitor, particularmente de ficção cientifica, gênero literário emergente, com Júlio Verne, obras que o levavam várias vezes até a Lua ou às profundezas do mar. Esse fato, sem dúvida, contribuiu imensamente para despertar naquele adolescente sua paixão pelos balões e o desejo de poder voar em um aparelho mais pesado que o ar e que pudesse ser guiado no céu com suas próprias mãos: uma máquina voadora de verdade!

Alberto estudou em Campinas e no Rio de Janeiro até os 15 anos. Finda a primeira etapa educacional, quis seguir a carreira do pai e matriculou-se na Escola de Minas, em Ouro Preto, então já famosa, onde iniciou o curso de engenharia. Entretanto estava escrito nos céus que ele não completaria o curso. Uma desgraça familiar colaborou para isso. Henrique Dumont, segundo um de seus biógrafos, muito esportista, como de hábito, ia de sua fazenda a Ribeirão Preto, em pé numa espécie de charrete, puxada por quatro fogosos cavalos ao lado, apostando corrida com a locomotiva. Na tentativa de fazê-los correr mais, a corda do chicote tocou uma caixa de marimbondos em uma árvore. Os cavalos, endoidecidos, projetaram-no para fora da carruagem. A queda lhe provocou um insulto cerebral decorrente de traumatismo craniano e o deixou para sempre hemiplégico.

Considerando, com serenidade, a inusitada situação que a vida lhe impunha, o engenheiro resolveu vender suas terras e mudar-se para o velho mundo, esperançoso de que pudesse, na França, berço de seu pai, submeter-se a um tratamento mais eficiente, posto que, naquele país, havia os melhores recursos médicos da época. Sua saúde melhoraria muito pouco na Europa. Mas Alberto apaixonou-se, à primeira vista, por aquela cidade, que lhe guardava um espetáculo novo em cada esquina. Maravilhou-se com a Torre Eiffel, símbolo máximo dos avanços tecnológicos da França. Visitando com seu pai o Palácio das Indústrias pela primeira vez, deparou com algo que lhe expandiria o horizonte em sua precoce idéia de voar: um motor a petróleo em funcionamento, uma pequena maravilha. Ficou completamente fascinado. O engenho mecânico já era usado no automóvel. Alberto não resistiu e fez seu pai adquirir um. Segundo consta, foi o primeiro automóvel que desembarcou na América do Sul e se transformou na máxima atração das ruas de São Paulo.

A essa altura de nossa fala, resolvemos abandonar, em pormenores, todo o esforço, todas as façanhas do brasileiro voador, e recapitular, de forma rápida, toda a saga de seu heroísmo, a começar pelo Balão Brasil, em 1898; depois o L’Amerique, o número 1, dirigível, base para as suas outras aeronaves; o número 5, em 1901, que, ao tentar a volta na Torre Eiffel, sofreu um acidente; o número 6, que, em 19/10/1901, decolou, contornou a Torre Eiffel e pousou em 3O minutos, proporcionando-lhe o prêmio de 100 mil francos, os quais ele repartiu com seus colaboradores e pobres de Paris. E prosseguiu aperfeiçoando as suas máquinas: o número 12 era um helicóptero; e o número 14, acoplou-se ao 14 Bis.

Finalmente, como era de esperar, na tarde de outono de 23/10/1906, diante da sociedade parisiense reunida no Campo de Bagatelle, a estrutura de bambu e madeira e revestida de seda do 14 Bis se posicionou, correu sobre a grama e, delicadamente, ergueu-se no ar.

Que coisa maravilhosa! E foi um vôo curto, 60m em linha reta, a 3m do solo. Pela primeira vez na história, o mais pesado que o ar, máquina construída pelo homem, era capaz de vencer a gravidade e levantar seu vôo sem o auxílio de nenhuma força externa. Grande vitória do herói brasileiro Santos Dumont.

Vieram, em seguida, outros modelos, até o famoso Bagatelle, que era chamado a Libélula da Perfeição, obra-prima do inventor, base para os aviões modernos.

O mais importante é que Santos Dumont disponibilizou gratuitamente seu projeto para toda a humanidade. Não há dúvida alguma, sua intenção foi a difusão e o aperfeiçoamento da ciência, sem nenhum interesse financeiro de sua parte.

Queremos deixar aqui um grito, um protesto contra os que ainda não se curvaram diante do heróico brasileiro, verdadeiro e único inventor do avião. A polêmica estabelecida com relação à prioridade do vôo do “mais pesado que o ar”, envolvendo o brasileiro Santos Dumont e os americanos Irmãos Wright, deve ser apreciada com a atenção que merece, tendo em vista a documentação da época e as pesquisas desenvolvidas por diversos historiadores. Aceitamos uma delas e a tomamos como a mais próxima da verdade: o relato do brasileiro Cel.-Av. Fernando Hyppólito da Costa.

Já vimos que o primeiro vôo de Santos Dumont ocorreu em 23/10/1906. O primeiro vôo alegado pelos Irmãos Wright foi em Ohio, na data indicada: 17/12/1903 - 2 anos, 10 meses e 18 dias antes. No vôo pioneiro de Santos Dumont, milhares de pessoas dirigiram-se para o Campo de Bagatelle, em decorrência das notícias divulgadas pela imprensa local. Esse vôo foi filmado por uma empresa cinematográfica, a Companhia Pathé, e todos os preparativos do vôo foram fotografados. A grande vitória alcançada por Santos Dumont foi noticiada pelos mais importantes jornais do mundo. O Aeroclube da França registrou o acontecimento em ata especial!

No vôo dos Irmãos Wright, segundo sua própria biografia, estavam presentes cinco testemunhas. Nada foi filmado e noticiado na imprensa norte-americana. Somente alguns anos após, eles exibiram fotografias da “decolagem”, entre aspas, de seu avião, dizendo que foram batidas em 1903.

A expectativa quanto ao provável vôo de “um aparelho mais pesado que o ar” era tão latente que, em julho de 1906, havia dois prêmios de aviação a disputar: um oferecido pelo Aeroclube da França, de 1.500 francos para um vôo de 100m de distância, e outro oferecido pelo Sr. Ernest Archdeacon, o Mecenas da Aviação, que ofereceu 3.000 francos para 25m de distância. Eu falei 25m! O fato de existir, em 1906, um prêmio para um vôo de 25m de distância comprovava que, até então, nenhuma pessoa conseguira cumprir tal missão usando exclusivamente os recursos de bordo.

Se os Irmãos Wright “voaram” desde 1903 e eram ávidos por dinheiro, por que não se candidataram aos valiosos prêmios?

Os Estados Unidos tinham uma representação diplomática em Paris, para a qual não deveria constituir segredo o “êxito” dos Wright. Por que não esclareceram o Aeroclube da França a respeito?

Os únicos monumentos erigidos em Paris, homenagendo-se um estrangeiro, no caso Santos Dumont, foram inaugurados em 1910 - um marco de granito, no próprio Campo de Bagatelle - e outro, em 1913 - o “Ícaro de Saint-Cloud”, na Praça Santos Dumont -, ambos sob o controle do Aeroclube da França. Santos Dumont escreveu: “Não posso deixar de ficar espantado pelo feito inexplicável dos Irmãos Wright, único, desconhecido: durante três anos e meio, os Wright realizaram inúmeros vôos mecânicos, e nenhum jornalista da tão perspicaz imprensa dos Estados Unidos se abalança a ir a eles, controlá-los e aproveitar o assunto para a mais bela reportagem da época. Como imaginar, então, que, na época dos Irmãos Wright, descrevam círculos no ar, durante horas, sem que ninguém disso se ocupe?”.

Os prêmios estabelecidos na França referiam-se ao vôo de “um aparelho mais pesado que o ar” - o avião -, saindo do chão com os próprios recursos a bordo. O 14 Bis fez sua corrida no solo, saiu do chão, ganhou altura e pousou em seguida, usando trem de pouso - duas rodas -, como todos os aviões.

“O tempora! O mores! Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?” O “avião” dos Wright não decolava, era catapultado. E somente voava quando havia vento... Os Wright usaram a catapulta das Guerras Púnicas, utilizadas para atirar bolas de fogo contra as fortificações inimigas, isso durante 100 anos, em três conflitos entre Roma e Cartago, até que Cipião, o Emiliano, com o grito de guerra “Delenda est Cartago”, eliminou o poderio de Amílcar e de seu pai Aníbal, na costa da África. Coisa dos tempos antes de Cristo!

Os Irmãos Wright, em 1904, convidaram 12 repórteres para assistirem a um vôo seu, pois eram acusados de manterem suas atividades envolvidas em “mistério”. O avião não voou, conforme artigo publicado na revista “Century Magazine”. Regressaram no dia seguinte, a pedido, e os jornalistas presenciaram novo fracasso!

Quando os Wright surgiram em Paris, em 1908, dois anos após os vôos pioneiros de Santos Dumont com o 14 Bis, a engenhoca deles ainda não tinha rodas! Não alonguemos a narrativa. A história não falha: a prioridade de Santos Dumont é legítima, acima de qualquer dúvida!

Façamos um propósito! Ao sairmos daqui, levemos conosco um lema: “delenda” esta mentirosa pretensão dos Irmãos Wright. Uma campanha cívica, justa e necessária. Levemos ao conhecimento dos povos “comandados pelos súditos de Bush, ‘cowboy’ que quer dominar o mundo, a verdade, e anulemos ‘a mentira americana!”. É hora de aplaudir o que o ex-Presidente Bill Clinton disse, quando aqui esteve em visita oficial, numa entrevista concedida aos jornalistas em Brasília, gravada, filmada e transmitida pelos canais de televisão: “O Pai da Aviação é Santos Dumont!”.

Rejeitemos, com todo o nosso amor patriótico, a lenda forjada pelo dinheiro dos capitalistas do Norte: dólar não compra tudo! Gritemos aos quatro ventos: “delenda” a versão mentirosa dos Irmãos Wright! Santos Dumont é o único e verdadeiro Pai da Aviação!.