254ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª LEGISLATURA, EM 12/6/2001 Palavras do Deputado Germán López O Deputado Germán López - Exmos. Srs. Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Antônio Júlio; Cônsul Geral da República da Argentina em Belo Horizonte, Emílio Júlio Nefa; ex-Ministro da República Argentina e padrinho político, Dr. Federico Storani; Presidente da Comissão do MERCOSUL da Assembléia Legislativa, Deputada Elbe Brandão; Presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Assembléia Legislativa, Deputado João Paulo, senhoras e senhores legisladores, começo com muito sentimento, agradecendo a este maravilhoso povo a recepção que tivemos nestes dias e a hospitalidade deste Estado. Não fazem mais do que dar alento ao meu coração a boa-vontade e o carinho que temos recebido por nossa atividade constante em reuniões anteriores de trabalho. Sou um Deputado da Província de Buenos Aires que teve a sorte de ocupar cargos eletivos desde 1983, data em que nosso país se abriu para a democracia, seguindo os princípios que regem a sociedade organizada: liberdade, fraternidade e igualdade. Permitam-me declarar que esta condecoração que recebi nesta belíssima cidade de Belo Horizonte, deste Poder Legislativo, faz com que renove minhas forças e vocação de prestação de serviços à comunidade. Quando mais de uma vez estivemos reunidos, nós, parlamentares do MERCOSUL, investindo na possibilidade de acordos, estávamos cumprindo, não tenho dúvida, a missão dos pais de nossa América Latina, como o são O´Higgins, Bolívar, San Martin, Artigas e Tiradentes, que são aqueles que buscavam a irmandade, a liberdade e a igualdade como base da felicidade dos povos. Mas estamos diante de uma situação mundial que não podemos desconhecer, que é o que hoje conhecemos, e que é o mais importante, que é a globalização. Nestes vinte anos, os países capitalistas centrais conseguiram estabelecer um processo de regulação verdadeiramente inédito. Processo que sem dúvida repousa sobre a base da decisão política do capital, que motivou uma seqüela de desemprego sumamente interessante e importante que nos divide, que prejudica a todos os habitantes de países como os nossos, que estão em via de desenvolvimento. Essa concentração não deve contrapor a esfera privada à pública. Seria muito perigoso, já que uma depende da outra. As sociedades se organizam com base na eficiência e na solidariedade. Por isso é necessária a formulação de políticas inteligentes, de Estado, com um Estado moderno, dinâmico, capaz de resolver através da associação das faces pública e privada. Esse novo papel, não há dúvida, seguido pelas políticas centralizadas dos governos corresponde hoje, mais do que nunca, ao dos Estados, ao das Províncias ou ao das Prefeituras. É por isso que, além da legislação parlamentar, estamos avançando nesse terreno, nesse caminho. Recentemente conversamos com a Presidente da Comissão sobre a importância que têm tido nossos encontros parlamentares, ocasião em que chegamos a uma agenda precisa, em que se pôde encontrar, como era necessário naquele momento, uma Presidente das comissões que trabalham com organizações não governamentais dos países que integram o MERCOSUL, que trabalham em favor dos seus avós ou de suas crianças, que são, na maioria dos casos, verdadeiramente, os que se pode chamar de despossuídos dessa globalização. O MERCOSUL concebido por muitos como questão meramente comercial, econômica, não é isso para nós. É a criação definitiva de uma cultura integradora, que temos de ter e que se encontra na cultura, no social, nos campos esportivo, tecnológico e científico, em todos os campos, como bem dizia o Ministro Storani, em boa hora, "aquelas questões que pareciam nos dividir em campos opostos estão muito mais próximas das coisas que fizeram com que acreditássemos nos discursos do passado, quando queriam que nos enxergássemos como diferentes, e que iam em sentido contrário ao da história que cada um de nós teve no crescimento da nossa educação, na possibilidade de sermos "heróis" da história, por assim dizer. Hoje vigora essa história dos pais da Pátria. Por isso é imprescindível que na cultura integradora do MERCOSUL consigamos uma verdadeira rede de intercâmbios, não virtual, mas que permita nos encontrarmos e nos consolidarmos em um único caminho. O MERCOSUL deve desenvolver-se como um vaso comunicante das nações latino-americanas com suas potencialidades. Devemos revalorizar as ações a partir da própria base dos governos, fundamentalmente os locais e os regionais. Por isso, senhores legisladores, creio, mais do que nunca que, a respeito desse caminho que iniciamos, desse marco de referência da vontade política revelada por nossos Presidentes que iniciaram o caminho do MERCOSUL e revelada também por aqueles que estão desenvolvendo atividades nesse sentido, a partir do privado indo para o público, podemos dizer que esse é o escopo que devemos almejar com muita garra, para que nenhum obstáculo se interponha entre nós. Não há possibilidade de outro mercado nem de um terceiro mercado nem futuro, senão um MERCOSUL forte, que integre não somente países como o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, mas também o Chile, o México e todos os países que, no Cone Sul, têm a necessidade de se fortalecer perante os que, diante das nossas debilidades, imaginam que, em qualquer situação, seguiremos na rabeira do vagão da história e não seremos a cabeça do leão. Quero novamente abrir meu coração para o sentimento, a emoção incontida deste momento, desta reunião, que é este reconhecimento, esta distinção, que nada mais faz do que revalorizar conjuntamente, para continuarmos neste caminho. Mas quero agradecer também em nome dos meus pares da Província de Buenos Aires e dizer que, na dignidade da atividade parlamentar permanente, reconhecemos nos irmãos do Brasil, com quem formamos o MERCOSUL, algo mais do que um caminho a construir. Quero também dizer-lhes que enfrentei muitas adversidades, como cada um dos senhores também enfrentou no seu campo de trabalho e no campo pessoal. Como sempre, confiando no ser supremo, em Deus, encontrei este caminho, porque nossa vontade de atividade política neste caso é o esforço da vocação de serviço, em face de nossos concidadãos, que depositam em nós essa responsabilidade. Por isso, as decisões nesta altura da vida dizem respeito fundamentalmente a construir um futuro melhor para nós e nossos filhos. Por isso agradeço novamente por essa distinção recebida nesta data. Obrigado.