GENERAL MÁRIO LÚCIO ALVES DE ARAUJO, Comandante da 4ª Região Militar.
Discurso
Legislatura 18ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/07/2015
Página 7, Coluna 1
Assunto CALENDÁRIO.
Proposições citadas RQO 1880 de 2015
16ª REUNIÃO ESPECIAL DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA, EM 6/7/2015
Palavras do General Mário Lúcio Alves de Araujo
O General Mário Lúcio Alves de Araujo - Exmo. Sr. Deputado Braulio Braz, 3º-vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais; deputado Dalmo Ribeiro Silva; deputado João Leite, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem. Faço um destaque inicial ao deputado Braulio Braz, colaborador emérito do Exército há alguns anos. Aproveito a oportunidade para prestar esse reconhecimento público por tudo o que fez e tem feito pelo nosso Exército. Exército que existe para proteger a sociedade brasileira e os interesses maiores. O deputado João Leite é um soldado ilustre cuja fotografia ombreia diversos outros soldados ilustres na galeria do 12ª Batalhão de Infantaria, unidade fundada em 1919 – estamos caminhando para o seu centenário. Além de ser uma unidade do Exército, ela é tradicional, pertence a toda a população de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais. Cumprimento ainda o Sr. Marcos Renault, presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB de Belo Horizonte, incansável defensor do culto à memória dos nossos pracinhas e da preservação da riqueza. Não há dinheiro que pague a história e a jornada dos nossos praças nos campos da Itália. O Coronel Discaciati está representando o Brigadeiro Grandelle, da força aérea criada durante a Segunda Guerra Mundial. Antes da força aérea, o Exército tinha arma de aviação. Em função do novo vetor, o emprego da aviação de grande vulto em ambiente de combate, o Brasil criou a sua Força Aérea. O Sr. Fernando Castelo Branco, presidente da Associação dos Oficiais da Reserva, presta um serviço inestimável à nossa guarnição, reunindo os oficiais.
E agora gostaria de fazer uma chamada aos verdadeiros homenageados nessa jornada. Depois de 70 anos, estamos aqui na Casa do povo brasileiro, reunidos, para saudar os nossos pracinhas. Peço uma salva de palmas para cada um deles: Mário Secundino Barbosa; Manoel Jerônimo de Campos; Hélio do Espírito Santos; João Batista Moreira; Joaquim Emílio de Souza; Belizário Nogueira Oliva; Rafael Inácio Braz; e João Rodrigues Neves.
Peço, também, uma salva de palmas aos queridos familiares dos nossos pracinhas presentes e também aos familiares daqueles que já partiram.
Esses pracinhas, desafiando a natureza, insistem em estar presentes. Estamos prevendo que fiquem mais 20 anos conosco. Precisamos muito homenageá-los.
Só com essa presença e a homenagem dessa chamada já seria o suficiente para todos nós, mas gostaria, como representante do Exército, aqui na guarnição de Belo Horizonte e também no Estado de Minas Gerais, de também dizer alguma coisa.
Em primeiro lugar, a Força Expedicionária Brasileira, quando foi criada, com os seus 25 mil homens e outros tantos preparados para atravessar o Atlântico, não pertence ao Exército Brasileiro, mas ao Brasil, porque, quando uma nação entra em guerra, não é o seu exército que vai à guerra, mas, sim, todo um país, envolvendo todas as famílias, todos os recursos materiais. Então, seria muito dizer que a FEB pertence ao Exército. Ele foi encarregado disso, assim como a nossa Força Aérea Brasileira. Isso é muito importante que se destaque.
Também precisamos mencionar que muitos dos nossos pracinhas, quando chamados ao dever, nem queriam ser soldados. Nasci no ano de 1955. Com 5, 7 anos de idade, portanto há 17 anos do retorno da FEB ao Brasil, ouvia as histórias, porque a geração do meu pai foi a convocada para ir à guerra. O Estado de Minas Gerais – por isso tem muita relevância esta reunião aqui nesta Assembleia de Minas – patrocinou a FEB com importante contingente que foi mobilizado, preparado como soldado para ir à guerra. Lembro-me bem disso.
Sou nascido em Montes Claros. Eu me lembro bem que conheci vários jovens na época em que foram convocados para se preparar em São João Del-Rei. Lá os nossos soldados ficaram concentrados para fazer sua primeira preparação para a guerra. Depois se concentraram no Rio de Janeiro e atravessaram o Atlântico. Várias levas atravessaram o Oceano Atlântico e lá receberam novo treinamento. Recebemos equipamento e armamento adequado para enfrentar o grande desafio de combater temperaturas que chegavam a 20°C abaixo de zero. Imaginem, todos aqui presentes, o que é um soldado enfrentar um campo de batalha com uma temperatura de 20°C abaixo de zero, saindo de um país tropical. Durante o nosso inverno, as temperaturas variam, no máximo, de 10ºC a 20ºC. Imaginem o sofrimento e a dificuldade de aclimatação a esse novo ambiente, sem falar dos desafios de combater de um soldado que tinha como lema a canção: “Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá”. A canção do expedicionário fala o tempo todo de um retorno com saúde, com vida, para sua terra natal. Nossos pracinhas, esses 25 mil homens que atravessaram o Atlântico, são nossos heróis. Eles colocaram sua vida em jogo para defender valores que são eternos, valores que são muito importantes para a nossa nação até hoje. São valores de liberdade e de democracia, de que não podemos abrir mão. Por isso eles são nossos heróis.
Concordo plenamente, deputado, que temos de cultuar esses heróis ainda em vida. Por isso, em nome dos integrantes da 4ª Região Militar, queremos agradecer muito a iniciativa de nos reunir neste momento, na Casa do povo mineiro, para prestar esta homenagem que, com certeza, ficará registrada nos anais da nossa Assembleia. Parabéns aos nossos pracinhas. Parabéns ao deputado Braulio Braz e ao deputado João Leite pela iniciativa de reconhecer publicamente essa caminhada, a jornada dos nossos queridos pracinhas. Podemos dizer, olhando para a frente de peito arfante, que temos um profundo respeito por essa geração que deixou esse legado para a minha geração e também para a geração dos soldados do Exército que estão aqui e que são netos dos pracinhas. Muito obrigado aos nossos queridos pracinhas. Obrigado à Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Parabéns a todos.