355ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª LEGISLATURA, EM 14/5/2002 Palavras do Sr. Emanuel Soares Carneiro Boa-tarde, Presidente Antônio Júlio, demais Deputados e amigos, que falaram anteriormente. Agradeço a todos, em nome dos funcionários da Rádio Itatiaia, da Rede Itatiaia e da minha família, aqui representada por minha irmã, Esther Carneiro, e minha filha, Daniela Carneiro. A Itatiaia entregou a um escritor mineiro a produção de um livro sobre os seus 50 anos, em que teve toda a liberdade de penetrar no fundo da alma da rádio, conversando com seus antigos funcionários, pesquisando arquivos e documentos. Fui convidado para, neste livro, fazer uma abertura. Vou ler a abertura que preparei para o livro que está saindo em breve. É pequena, mas reflete um pouco da essência do que é a Rádio Itatiaia. (- Lê:) “Em 1952, quando a Itatiaia transferiu seus estúdios de Nova Lima, Belo Horizonte tinha 55 anos e cerca de 400 mil habitantes. De olho no Palácio do Catete, Juscelino Kubitscheck governa Minas. A TV ainda não existia, e na Capital operavam três emissoras de rádio: Inconfidência, Guarani e Mineira. Dessa época calma até os dias de hoje, a Itatiaia esteve presente em todos os momentos de drama e de alegria que marcaram a história do povo mineiro. Cobrou, elogiou, criticou e, julgando que tinha esse direito, adotou como “slogan” a frase que se tornou verdadeira declaração de princípios: “A Rádio de Minas”. As datas redondas, que sempre foram comemoradas pela emissora, são também momentos especiais de reflexão e prestação de contas. Ao completar 50 anos, a Itatiaia reafirma uma história de pioneirismo, ousadia e independência. Nessa volta ao tempo, renova os vínculos com o público e reconhece nesses vínculos e na credibilidade conquistada os pilares de um empreendimento muito bem-sucedido na área das comunicações. Sobre o rádio, Januário disse certa vez que “não enche o bolso, mas enche o coração”. Uma criança desaparecida entregue aos pais, a localização de um parente distante, um pedido de sangue, o cachorrinho devolvido aos donos: são atos aparentemente simples, que ganham enorme importância e gratificam quem faz do rádio seu cotidiano. A Itatiaia jamais cobrou um centavo sequer por esses atos. Assim como jamais dispensou um funcionário por pressão de autoridades ou anunciantes. Pelo contrário, abrigou muitos profissionais perseguidos durante os chamados “anos de chumbo”. Depois de divulgar a célebre entrevista na qual o Gen. Guedes rompia com o Governo João Goulart, no dia 30/3/64, preferiu perder anunciantes a virar “chapa-branca”. Teve que aturar a presença dos censores na redação, mas tirou do ar todo o jornalismo que continha opinião para evitar colocar no ar um noticiário suspeito. Os princípios éticos e políticos estabelecidos nos primeiros dias foram integralmente mantidos, e não há uma pessoa, de qualquer área, que tenha recebido veto da emissora. Ninguém melhor que Januário entendeu a força desse veículo, que é feito de talentos, equipamentos e anúncios, nesta ordem. A Itatiaia teve os talentos bem antes de ter som e anúncios. Centenas de profissionais passaram pela empresa e ajudaram a formar esse patrimônio de comunicação de Minas. O rádio exige muito e alguém já o definiu como “diversão só para quem ouve”. Por isso, somos gratos aos pioneiros. Essa brava gente sacrificou o convívio com a família, lazer, aniversários de casamento, domingos, feriados, férias, sempre correndo atrás da notícia, em viagens para cobertura de jogos, em horas extras na busca da melhor informação ou para fechar um contrato comercial. Isto não tem preço, é impagável. Mas é impossível relacionar todos os que participaram da construção da empresa, hoje rede de comunicação com emissoras próprias e afiliadas nos pontos-chaves do território mineiro. Fomos pioneiros nas transmissões intercontinentais, colocamos nosso som no satélite e na Internet e agora estamos prontos para o desafio do rádio digital, contando com um time de talentos invejável. Neste ano em que o rádio brasileiro comemora 80 anos de existência, poucas emissoras no País podem se orgulhar de reunir, ao mesmo tempo, tantos talentos e tanta qualidade. Vinte e quatro horas por dia, todos os dias, a Itatiaia renova seu compromisso de “vender espaço, não vender opinião” - a frase da sua primeira hora. Como ouvinte, amigo e funcionário, você faz parte desse sonho. Obrigado, de coração.” Deixamos aqui essa mensagem. Queria agradecer ao Deputado Ivair Nogueira, autor do requerimento, e à Deputada Elbe Brandão, que nos falou sobre a homenagem. Obrigado a todos.