EDILSON DE OLIVEIRA, Grão-mestre da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais
Discurso
Legislatura 18ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/08/2018
Página 8, Coluna 1
Assunto HOMENAGEM.
Proposições citadas RQO 3153 de 2017
17ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA, EM 23/8/2018
Palavras do Sr. Edilson de Oliveira
O Sr. Edilson de Oliveira - Meu cordial boa noite aos queridos irmãos, cunhadas, sobrinhas demolays, sobrinhas filhas de Jó, que, diga-se de passagem, embelezam este ambiente. Vou me valer da nominata externada pelo nosso querido deputado, irmão Fabiano Tolentino, e por meio de quem saúdo todos os irmãos que compõem a Mesa dos trabalhos. Reporto-me também aos inúmeros irmãos e demais espectadores que nos acompanham por meio da TV Assembleia. Vai uma informação, meu querido Fabiano Tolentino: nossa secretaria de comunicação da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais tem a notícia, tem o retorno de vários irmãos, por toda Minas Gerais, que estão acompanhando os trabalhos desta noite.
Ao meditar na tarde de hoje sobre o que falaria aqui, nesta notável oportunidade que o Parlamento mineiro está nos concedendo, cheguei à conclusão de que a história de realizações da ordem maçônica no contexto social e político, em favor de inúmeros povos e nações, além de já ter sido divulgada nesta tribuna, em ocasiões pretéritas, por certo não ficaria à margem de outros pronunciamentos desta noite, até porque rememorar alguns feitos significa dar sustentação à honrosa iniciativa que está sendo empreendida nesta noite. Esta homenagem, aliás, significa para nós o reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais à importância da maçonaria mineira como entidade que compõe a sociedade civil organizada. Essa consideração nos é muito cara e significativa, por isso, desde já, com muito carinho, registramos o agradecimento sincero da família Grande Loja Maçônica de Minas Gerais ao ilustre deputado, amigo e irmão Fabiano Tolentino, que deu ensejo à realização deste ato. Optamos, então, por trazer uma mensagem que revela pretensões e desejos de realizações no presente, com a expectativa de um futuro estável e promissor, muito diferente do quadro atual estabelecido em nosso país.
Como todo bom projeto exige, em primeiro lugar, a percepção adequada da realidade que precisa ser enfrentada, é necessário trazer à reflexão, com muita tristeza, o fato de que o nosso Brasil está doente. As regras do Estado de Direito têm sido maltratadas, deram lugar a práticas desonestas, oportunistas, com a criação de estruturas com aparência de legalidade, porém estabelecedoras de benesses, regalias e benefícios completamente destoantes da realidade daqueles que fomentam a máquina pública, gerando desigualdades e revoltas. E aí vale o registro dos privilégios que já foram postos nesta tribuna pelo nosso querido deputado Fabiano Tolentino. E, se isso não bastasse, temos visto ainda homens públicos que privilegiam interesses pessoais, corporativos e partidários em detrimento do retorno que deveria acontecer por meio de políticas públicas voltadas para a saúde, educação, segurança, infraestrutura, e por aí vai. E, para não parecer que estamos aqui a praticar retórica, tomamos a liberdade de citar um único exemplo, que é a constatação do inchaço que se instalou em nosso Estado brasileiro.
Valendo-nos de dados oficiais do Tribunal de Contas da União, temos a informação de que, só na esfera federal, incluindo os três poderes, são 754 mil funcionários públicos concursados, ao custo de uma folha mensal de R$6.240.000.000,00. Mas temos, também, 346 mil pessoas, ao custo também mensal de R$3.500.000.000,00, em cargos comissionados, ocupados por indicações de políticos e partidos políticos. Temos que colocar um fim nisso. Nossos representantes têm que ter a consciência de que a classe produtora está à beira da exaustão, de que é impossível continuar com essa aberração. Urge que a classe política aja com respeito e bom senso e se ponha ao trabalho em favor do País, mas a verdade, senhoras e senhores, é que todos nós também somos responsáveis por isso.
O saudoso Prof. João Ubaldo Ribeiro, baiano, escreveu que a principal matéria-prima de uma nação é o seu povo, e ele está correto, porque um povo politizado, responsável e culto estará sempre capacitado para escolher bem os políticos. E, mais que isso, estarão interessados em acompanhar, participar e fiscalizar os atos dos seus representantes. Assim agindo, as negligências, os descasos, a indiferença quanto ao bem comum não aconteceriam, pelo menos com tanta ênfase, como temos visto em nosso país. Um povo bem qualificado é a garantia de práticas de cidadania.
Porém, ao contrário disso, lamentavelmente, a sociedade civil brasileira, historicamente, tem se colocado em verdadeira zona de conforto, ignorando as questões que realmente são relevantes para o Estado e para o interesse comum. É certo que, de uns tempos para cá, épocas de Lava Jato, temos visto alguma alteração de comportamento na sociedade, mas há muito ainda que melhorar. Faz-se necessário criar uma autêntica estrutura de controle sociopolítico e, nesse contexto, achamos pertinente trazer a público o nosso propósito, a nossa obstinação em trabalhar com o tema Educação Cidadã, com vistas a contribuir para que a nossa população adquira melhor formação ética, moral, cívica e cultural.
Nessa perspectiva, neste ano em que importantes quadros políticos serão eleitos, uma ação focada será empreendida. Os maçons brasileiros das três potências regulares, as Grandes Lojas, o Grande Oriente do Brasil e a Comab, unidos, atuarão no sentido de orientar a sociedade quanto ao seu importante e responsável papel de bem eleger. Estará a cargo de cada maçom a tarefa de colocar em prática a campanha Reage Brasil. O voto é o resgate do País em nossas mãos. Vamos implementar abordagens pessoais, replicar mensagens, estudar as vidas pregressas dos candidatos, compreender os seus projetos, utilizar, enfim, todo poder de persuasão para despertar a população à prática do voto consciente. Do material da campanha – que, nesta oportunidade, faremos a entrega ao douto parlamentar responsável pelo evento desta noite –, retiramos uma assertiva que vale a pena ser declinada aqui. O progresso do País não tem negociação, e a oportunidade da mudança positiva está nas mãos de cada um dos brasileiros. Sabemos que os princípios morais estão reféns da corrupção e não podemos permitir que isso continue. É preciso uma força-tarefa para resgatar a nossa Pátria.
Mahatma Gandhi disse, certa vez, que devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. E eu digo: por obra e graça de Deus, nós temos o poder de pensar, decidir e agir. É isso que temos que incutir na cabeça de cada cidadão brasileiro. O voto de cada um faz a diferença na formação de um corpo político que, de fato, trabalhe com as intenções voltadas para os interesses da sociedade e do Estado, e, posteriormente, exerça eficaz acompanhamento das atividades dos eleitos, apresentando propostas, fazendo sugestões, estabelecendo, enfim, o indicador social que, temos certeza, é contributivo para o político que pensa e age de forma republicana.
Portanto, ser maçom é ser cidadão que não negligencia os seus deveres e que, consciente das ações que lhe são confiadas, se entregará ao trabalho de difundir os valores que dão sustentação à nossa milenar instituição. Parabéns a todos nós, maçons, aos nossos familiares, que compreendem as nossas tarefas, muitas delas todas as noites. Reiterando o agradecimento à Casa do povo mineiro pela distinção, deixamos também o registro da esperança de que o nosso projeto Educação Cidadã ecoe por meio dos atos e manifestações de homens públicos que veem no projeto, como nós, uma ferramenta eficaz para a solução dos problemas estruturais que a nossa pátria e a nossa sociedade tanto necessitam.
Recebam todos o nosso fraterno abraço e o desejo sincero de que, no ano vindouro, estaremos aqui novamente, nesta notável Casa de leis, sendo homenageados pelo resultado das atuações de hoje. Agradeço a atenção de todos os irmãos.