DEPUTADO WELITON PRADO (PT)
Discurso
Comenta os prejuízos causados ao consumidor pela metodologia utilizada no
cálculo do reajuste das tarifas de energia elétrica. Comenta as
conquistas obtidas com a redução e a suspensão de aumento da tarifa
cobrada pela Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG. Comenta
representação encaminhada ao Ministério Público solicitando a suspensão
da cobrança do Programa de Integração Social - PIS - e da Contribuição
para Financiamento da Seguridade Social - COFINS - nas contas de telefone
e de energia elétrica. Comenta o valor da taxa de esgoto cobrada pela
Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Comenta seu
envolvimento na campanha pelo fim da cobrança da assinatura básica da
telefonia.
Reunião
45ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/06/2010
Página 27, Coluna 3
Assunto ENERGIA. SANEAMENTO BÁSICO. TELECOMUNICAÇÃO. TRIBUTOS.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/06/2010
Página 27, Coluna 3
Assunto ENERGIA. SANEAMENTO BÁSICO. TELECOMUNICAÇÃO. TRIBUTOS.
45ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 9/6/2010
Palavras do Deputado Weliton Prado
O Deputado Weliton Prado* - Saúdo a todos e a todas. Tenho em
mãos ofício que recebemos do Sr. José Antônio Corrêa Coimbra,
Chefe do Gabinete do Ministro de Minas e Energia. Solicitamos ao
Ministério e à Aneel que respondessem às informações em relação à
Indicação nº 5.677/2009, do Deputado Federal Elismar Prado, a
respeito do eventual ressarcimento em virtude dos impactos
negativos causados pela metodologia do reajuste tarifário,
justamente os erros feitos no cálculo para definir os valores da
tarifa de energia. Foi feita CPI, de que foi membro o Deputado
Federal Elismar Prado, e ela registrou prejuízos sofridos pelos
consumidores das concessionárias de energia em torno de
R$7.000.000.000,00.
Então, para mim, não foi erro na metodologia, foi roubo mesmo;
fizeram os cálculos totalmente equivocados, não favorecendo o
consumidor, mas favorecendo as companhias de energia. Solicitamos
que a Aneel garantisse uma consulta pública, por meio de uma
audiência pública, para discutir o assunto, e os consumidores
fossem ressarcidos com abatimentos na conta de luz. O processo, a
consulta pública já está em andamento, e quem quiser poderá enviar
“e-mail” à Aneel solicitando o dinheiro de volta - eu quero meu
dinheiro de volta. Já conquistamos muitas vitórias em relação às
concessionárias de energia elétrica, principalmente à Cemig.
Conseguimos a primeira redução em toda a história da Cemig, 57
anos. A primeira redução foi em 2008, de aproximadamente 17%.
Conseguimos impedir que a Cemig colocasse no SPC e no Serasa o
nome dos inadimplentes, o que era uma grande injustiça aos
consumidores. Conseguimos, pela terceira vez, impedir licitação de
aluguel de veículos pela Cemig, aliás com suspeita de
irregularidades. Conseguimos suspender R$147.000.000,00. Para
comprar um veículo popular, pagam-se R$31.000,00, e a Cemig estava
alugando por mais de R$100.000,00. Depois esses valores iriam para
a conta de luz, na planilha de custo, para aumentar o valor da
tarifa, o que conseguimos impedir.
Neste ano conseguimos uma grande vitória, mais uma redução, a
segunda, em toda a história da Cemig, que foi muito importante.
Neste ano, 2010, não houve aumento. A conta continua muito cara,
mas conseguimos impedir mais um aumento. Depois das nossas
campanhas, conseguimos que o valor da conta não fosse dobrado, ou
seja, pelo menos 90% de economia aos consumidores. Antes da nossa
campanha, a conta de energia aumentava 20%, 23%, 30%; e, depois
das nossas campanhas, das mobilizações, de abaixo-assinados,
pressão, denúncias, estudos da planilha de custo, ações na
Justiça, praticamente não houve aumentos significativos. Houve uma
grande redução em 2008, de 17%; e, nos outros anos, o aumento
ficou praticamente abaixo da inflação; neste ano houve uma
redução. Então, se não fosse a nossa luta, hoje os consumidores
estariam pagando a conta de luz mais cara, em torno de 90%.
Aproximadamente há uma semana, entramos com uma representação no
Ministério Público solicitando a imediata suspensão da cobrança,
na conta de energia e de telefone, do PIS e da Cofins. Do ponto de
vista legal, do ponto de vista jurídico, só empresas poderiam
pagar contribuições; não se pode cobrar de pessoas físicas.
Portanto, a cobrança é totalmente indevida - já há julgado do STF
nesse sentido. Esperamos que a nossa ação seja julgada o mais
rápido possível para que as agências Aneel e Anatel tomem
iniciativa, porque é de sua responsabilidade, não sejam omissas e
suspendam de imediato a cobrança dos tributos federais - PIS e
Cofins - da conta de luz. Tenho certeza de que vamos conseguir
isso. Aliás, será uma forma de baratear mais um pouco as contas de
luz e de telefone, que são caríssimas. E a nossa luta continua
principalmente no que diz respeito ao ICMS. Em Minas Gerais, o
ICMS na conta de luz é de 42%, o mais caro do Brasil. Não há como
comparar, há a cobrança por dentro. Ontem eu conversava sobre esse
assunto com o Promotor Antônio Baeta. Ele compreende que há
possibilidade de entrar com ação nesse sentido. Se o ICMS é 30%,
como se faz uma cobrança por dentro e se chega a 42%? Sempre
citamos o exemplo de Tiradentes, que foi esquartejado, pelo quinto
da Coroa, por 20%. E hoje só o ICMS da conta de luz é de 42%. É um
verdadeiro absurdo, um grande desrespeito aos consumidores de
Minas Gerais. Aproveito para cobrar e solicitar alterações
principalmente no que diz respeito ao projeto que está tramitando
nesta Casa sobre o ICMS do álcool. Foi o primeiro projeto
apresentado nesta Casa, de nossa autoria, propondo diminuir o ICMS
do álcool para 12%. Hoje ele é de 25% em Minas. Sempre citamos o
corriqueiro provérbio de que água mole em pedra dura tanto bate
até que fura. Depois de tanta pressão e mobilização, o Governador
mandou um projeto para a Casa, diminuindo o ICMS do álcool de 25%
para 23%. Uma diminuição de 2%, portanto quase nada. Vamos votar
favoravelmente, mas é muito pouco. Por outro lado, o Governador dá
com uma mão e tira com a outra, porque aumenta em 2% o ICMS da
gasolina. Praticamente não resolve o problema. Trata-se de uma
postura totalmente equivocada. Em São Paulo, quando se diminuiu o
ICMS do álcool, muitos não queriam porque consideravam que
quebraria o Estado, diminuiria a arrecadação. Ocorreu que houve um
aumento de arrecadação do ICMS do álcool em São Paulo em função da
diminuição da sonegação e pelo aumento do abastecimento. Aqui
ocorreria o mesmo. Um grande número de pessoas, de postos, que
estão aliás na ilegalidade, muitas pessoas que residem na divisa
de São Paulo, de Goiás, de Vitória e de outros Estados
abasteceriam em Minas Gerais. Nosso Estado tem 853 Municípios,
portanto com uma dimensão territorial imensa, que faz fronteira
com vários Estados cujo ICMS é mais barato. As pessoas transportam
o álcool de forma clandestina de lá para cá, até correndo risco,
pois o transporte de álcool combustível é feito dentro de galão,
de litro, nas caminhonetes. Quem arrecada é o Estado vizinho. Isso
ocorre também com o IPVA, que no nosso Estado é mais caro, além de
haver aqui a taxa de licenciamento.
Já que estou tratando desse tema, deixo aqui o nosso voto de
pesar à família do Zezinho, um grande companheiro nosso da cidade
de Uberlândia, cujo pai faleceu. Veio aqui para Belo Horizonte
para fazer um transplante, mas infelizmente não resistiu, vindo a
falecer. A funerária mandou um veículo de Uberlândia para Belo
Horizonte. Quando vimos, a placa era do Estado de Goiás. Por que
isso, se a funerária era de Uberlândia? Porque lá o IPVA é muito
mais barato, não tem taxa de licenciamento e veículos com mais de
10 anos são isentos. Um grande número de veículos do nosso Estado,
inclusive frotas de ônibus de boa parte da cidade, emplacam em
outros Estados da Federação, diminuindo a arrecadação. Se
diminuíssem o ICMS do álcool, bem como o IPVA, em vez de o Estado
perder, arrecadaria muito mais, pois diminuiria a sonegação e
muitas pessoas deixariam de abastecer em outros Estados e em
postos de gasolinas que funcionam de forma clandestina. Além do
que, veículos que emplacam em outros Estados passariam a emplacar
aqui, aumentando a arrecadação.
Temos de pontuar que é um absurdo a carga tributária cobrada em
nosso Estado não só em relação à energia elétrica, ao ICMS do
álcool, à conta de água, que é um verdadeiro absurdo, pois é água
a preço de vinho. Costumo dizer que para o brasileiro, para o
mineiro, para o pobre, a energia e a água são bens públicos
essenciais como o arroz e o feijão. Ninguém vive sem eles.
Infelizmente, as tarifas em nosso Estado são totalmente abusivas.
É uma grande injustiça. Citarei o exemplo da Copasa, que cobra o
valor da taxa de esgoto muito alta e em grande parte das cidades
de Minas Gerais ela joga o esgoto direto nos rios, poluindo o meio
ambiente.
Não tenho dúvida alguma de que quem mais polui o meio ambiente em
nosso Estado hoje é a Copasa. Ela recebe muitos recursos - aliás,
as Prefeituras recebem recursos do PAC, do Ministério das Cidades,
do governo federal, para o tratamento e o saneamento básico. E,
mesmo recebendo os recursos, cobram na conta de água um valor
muito alto em relação à taxa de esgoto, um serviço que não é
prestado. Realmente isso não é justo. Após muita briga,
conseguimos que o governo criasse uma agência para regular o
setor. No ano passado, conseguimos impedir o aumento do valor da
água da Copasa, e isso foi uma grande vitória. Hoje está
acontecendo um seminário sobre esse tema, e temos um grande número
de denúncias, que devem ser encaminhadas para a agência que regula
o setor. Os Municípios de Minas Gerais estão revoltados com o
preço, a qualidade da água e também com a cobrança do serviço não
prestado da taxa de esgoto.
Outra campanha que está em andamento diz respeito ao fim da
assinatura básica da telefonia - aliás, estamos colhendo
assinaturas para um abaixo-assinado. Essa cobrança é totalmente
ilegal; aumentou o valor de forma significativa no governo
Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo de fazer a expansão das
redes. Só que as redes de telefonia já estão prontas em nosso país
desde 2006, então, se estão prontas, não há mais motivo para
continuar com a cobrança. Atualmente o cidadão tem de pagar, todo
mês, em torno de R$50,00 pela assinatura básica. Em nosso país,
temos 53 milhões de linhas disponíveis, dos quais menos de 40
milhões estão sendo utilizados. Ou seja, mais de 13 milhões de
linhas estão ociosas, porque, a cada dia que passa, as pessoas
estão migrando do telefone fixo da assinatura básica para o
telefone pré-pago, justamente para ficarem livres dessa cobrança
mensal. Apresentamos um projeto nesta Casa semelhante ao que foi
aprovado em São Paulo, a fim de acabar com essa assinatura básica.
Depois de anos engavetado em Brasília - quase 10 anos -,
conseguimos que o projeto fosse retirado da gaveta e que se
criasse uma comissão para analisá-lo - o Deputado Federal Elismar
Prado faz parte da comissão.
Portanto se trata de um projeto que define o fim da assinatura
básica no País. Ele está tramitando há 10 anos e é o projeto que
recebeu o maior número de solicitações pela sua aprovação e o
maior número de contribuições pela internet, fax e telefone.
Repito, ele tem o maior número de solicitações no Brasil pela sua
aprovação, mas infelizmente estava engavetado. Lutamos pela sua
aprovação em Brasília, mas também temos um projeto, de nossa
autoria, tramitando nesta Assembleia, e ainda entramos com uma
ação na Justiça para que possamos garantir o fim da assinatura
básica. Vamos fazer realmente um grande movimento, uma campanha
nacional. Temos todas as condições para acabar com essa assinatura
básica, que é uma contribuição totalmente ilegal e
inconstitucional. Está aqui a representação que apresentamos na
Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, que já abriu um
procedimento investigatório sobre a cobrança do PIS e da Cofins
nas contas de telefone e de energia. Ontem, durante a reunião, o
Promotor de Justiça Antônio Baeta afirmou que pediu um parecer do
Centro de Apoio Técnico do Ministério Público. Fizemos uma
representação pedindo a suspensão imediata da cobrança em Minas
Gerais, e não só nas contas de energia, mas também nas contas de
telefone. Estamos cobrando da Anatel e da Aneel para que se
manifestem imediatamente a respeito dessa cobrança ilegal. (- Lê:)
“A cobrança do Programa de Integração Social - PIS - e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins -,
embutida nas contas de telefônicas e de energia, é indevida, é
ilegal. Quem tem de pagar esse tributo é a empresa, e não o
consumidor. O repasse, portanto, é indevido, uma prática abusiva.
Ainda assim, a Anatel e Aneel a autorizam nas suas contas de
telefone, a título desses tributos, que são um verdadeiro absurdo.
Nas contas de energia, isso representa em torno de quase 7%.” Para
finalizar, gostaria de agradecer a todos e de contar com a
participação da população, dos Vereadores, das entidades e das
igrejas, para acabarmos com essa cobrança do PIS e da Confins nas
contas de energia e de telefone.
* - Sem revisão do orador.