DEPUTADO SARGENTO RODRIGUES (PDT)
Discurso
Repudia a conduta do Major Pacheco, Comandante da Companhia de Bombeiros
do Município de Governador Valadares, em relação aos seus subordinados.
Reunião
413ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/11/2002
Página 52, Coluna 3
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. PESSOAL. DIREITOS HUMANOS.
Aparteante Marcelo Gonçalves, Adelmo Carneiro Leão.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/11/2002
Página 52, Coluna 3
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. PESSOAL. DIREITOS HUMANOS.
Aparteante Marcelo Gonçalves, Adelmo Carneiro Leão.
413ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 21/11/2002
Palavras do Deputado Sargento Rodrigues
O Deputado Sargento Rodrigues - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
venho a esta tribuna...
O Deputado Marcelo Gonçalves (em aparte) - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, aqui, nesta Casa, Deputado Doutor Viana, existe um
Corregedor. V. Exa. disse que eu mereceria ser processado. Que V.
Exa. vá à Corregedoria desta Casa e faça sua queixa para que eu
seja processado pelo que disse e por haver abandonado a Comissão
do IPSEMG ontem. Sinta-se à vontade, mas não fale com assessores,
não fale pelos corredores, tome uma atitude, vá ao Corregedor
desta Casa e processe-me. Não fale de mim pelas costas. Faço
questão de ser processado por V. Exa., pois é para isso que há um
Corregedor nesta Casa. Não fique falando de mim pelos corredores.
Muito obrigado.
O Deputado Sargento Rodrigues - Sr. Presidente, não gostaria de
externar o problema que passarei a narrar, mas infelizmente são
questões que tentamos resolver fazendo contato com Comandantes,
Chefes, Diretores, mas não conseguimos melhor acolhida.
No dia 13/11/2002, o Corpo de Bombeiros de Governador Valadares
recebeu homenagem da Câmara Municipal. Até aí tudo estava
ocorrendo na mais perfeita tranqüilidade. Certamente a homenagem
deveria ser justa nessa cidade. Mas nos deparamos com um grupo de
esposas da maioria dos Bombeiros Militares de Valadares fazendo
passeata, manifestação na porta da Câmara Municipal no dia
13/11/2002. Em nome de quê? As esposas já não agüentavam o
sofrimento de seus maridos com a perseguição e a humilhação que
até elas passavam a sentir juntamente com seus familiares, imposta
pelo Comandante da Companhia de Bombeiros. Poderia o Major
Pacheco, Comandante dessa Companhia, mirar-se no exemplo do Major
Queiroz, Comandante da Companhia de Bombeiros de Uberaba, que
trata seus subordinados com respeito, que tem amor pela
corporação, que trabalha, luta e defende os interesses da
sociedade uberabense, comandando, no bom sentido da palavra.
Infelizmente há Comandantes que acham que comandar é castigar e
humilhar seus comandados. Faço questão de fazer uma comparação
entre a pessoa do Major Queiroz, que conduz a Companhia de forma
exemplar, serena, séria, honesta, com competência, tendo a
compreensão dos seus subordinados, e o comando do Major Pacheco.
Estou aqui Deputados, com mais de 40 cartas de esposas de
Bombeiros Militares de Governador Valadares. Maria dos Anjos
Cordeiro, Shirley Pereira de Souza, Sirlene Lima da Silva, Marília
Giovani Domiciano, várias esposas têm mandado ofícos ao Cel.
Damásio, Chefe do Estado Maior dos Bombeiros; ao Cel. Marcelino,
Comandante-Geral dos Bombeiros. Lamentamos que até o presente
momento não tenha sido tomada providência. Quando um Bombeiro de
Valadares sofre algum problema médico e precisa ser dispensado,
vai até o hospital conveniado, conforme determinado, mas, ao
chegar à Companhia, tem sua dispensa médica indeferida pelo Major.
Posso falar desse assunto com certa propriedade, nobre Deputado
Adelmo Carneiro Leão, porque fizemos audiência pública, exatamente
no dia 30/5/2001, conseguimos reunir mais de 100 militares, por
sinal com a participação de V. Exa. e outros Deputados médicos
desta Casa, quando foram feitas várias denúncias de militares.
Quando, por motivo de problema físico ou psíquico, os militares se
deslocavam até o médico conveniado pela própria instituição, eram
examinados e recebiam dispensa médica feita por profissional
competente e qualificado. Mas, quando chegavam ao quartel, sua
dispensa era indeferida ou diminuída pelo Major. Esse é apenas um
dos pontos em que o Major vem cometendo abusos.
Além de interferir nas dispensas médicas, determina também o
serviço reservado do Bombeiro, que deveria estar fazendo outras
coisas, para fazer filmagens e ficar de tocaia na casa dos
Bombeiros Militares, para verificar se estava cumprindo a dispensa
médica na sua residência.
Isso é, no mínimo, outra pressão psicológica que acaba exercendo.
Por isso as esposas estão desesperadas e, como conseqüência
inicial, se deslocam até uma Câmara Municipal para se manifestar
contrariamente ao comandante de unidade do Corpo de Bombeiros.
Queremos que o Corpo de Bombeiros de Governador Valadares cumpra o
seu papel, prestando serviço à população, como salvar as pessoas
de incêndio, de afogamento, de sinistros. Para isso, esse cidadão,
como Bombeiro Militar, precisa estar bem psicologicamente. Como
fará um salvamento em um prédio em chamas ou nas margens do rio
Doce? Citarei um caso em que houve interferência equivocada.
Parece que o Cel. Pacheco, Comandante da Companhia de Valadares,
nem sequer abriu um livro de psicologia organizacional. Deveria
estar mais atento ao lidar e gerenciar recursos humanos, pois
funcionários não são escravos de ninguém, nem no setor privado nem
no público. Portanto, não podemos permitir que isso continue
acontecendo.
O Deputado Adelmo Carneiro Leão (em aparte) - Obrigado, Deputado
Sargento Rodrigues. Quero apenas dar uma contribuição a sua
exposição. Diante de denúncia desta natureza, estou entendendo que
quem faz reavaliação e altera a decisão médica é o médico da
Polícia Militar. Ambos são médicos: o que está conveniado e o que
dá o parecer seguinte. Essa questão deve ser levada a outro espaço
de decisão e de análise do próprio Conselho Regional de Medicina.
Ambos são regidos por princípios éticos, cuja responsabilidade da
guarda compete ao CRM.
Outro espaço em que podemos discutir com o intuito de encontrar o
ponto correto que expresse a justiça, a tranqüilidade e o
interesse do cidadão, do ponto de vista da preservação da sua
saúde, é a própria Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa.
Poderíamos também, em conjunto com a Comissão de Defesa dos
Direitos Humanos, fazer uma audiência pública. Tenho a impressão
de que aquele espaço é o mais adequado para debater e verificar
onde, eventualmente, estão as irregularidades.
O que precisamos encontrar é um ponto de equilíbrio que possa
garantir aos trabalhadores do serviço militar do Corpo de
Bombeiros posição adequada de segurança, de bem-estar, de
respeito, de dignidade para que possam desempenhar integralmente
as suas funções e uma ação médica que seja respaldada pelo CRM,
que talvez tenha a maior responsabilidade da guarda dos valores e
dos princípios éticos.
O Deputado Sargento Rodrigues - Agradeço o aparte do Deputado
Adelmo Carneiro Leão. Gostaria muito que o Major Queiroz,
Comandante da Companhia de Bombeiros de Uberaba, cidade que V.Exa.
representa nesta Casa, estivesse comandando Valadares. É óbvio que
é preferível ter o Major lá, comandando de forma serena. Faço
questão de frisar o nome do Comandante da Companhia de Uberaba por
conhecê-lo e acompanhar também o trabalho sério, comprometido e
harmonioso que faz com quem comanda. É respeitado, e o serviço em
Uberaba sai. Lá não tem esse “stress”, não temos bombeiros
procurando médicos, psicólogos, para suportar a pressão de seu
comandante. Porém, isso acontece, infelizmente, em Governador
Valadares.
V. Exa. vai ter conhecimento dos requerimentos que apresentaremos
na Comissão de Administração Pública, da qual faço parte como
membro efetivo, mas também na Comissão de Saúde e Direitos Humanos
desta Casa, por ser este um problema de recursos humanos. Duvido
muito que cerca de 40 esposas teriam o trabalho de escrever as
correspondências, que estão assinadas, e assinar, reclamando do
tratamento que os seus maridos estão recebendo no quartel.
Não foi a primeira denúncia que recebi contra o Maj. Pacheco, de
Governador Valadares. Já oficiei ao Cel. Marcelino, Comandante-
Geral, e o farei novamente, porque esse Major não pode continuar
comandando dessa forma. A pessoa que não tem preparo emocional e
psicológico para gerenciar recursos humanos não pode estar à
frente, deveria estar ocupando outra seção, como uma seção
administrativa, algum outro lugar, ou até fazendo terapia com um
psicólogo ou com um analista, para saber o que está acontecendo
com ele. A primeira coisa que esse Major do Corpo de Bombeiros
falou em Governador Valadares, quando assumiu, foi que não chegou
àquela cidade para fazer amizade com ninguém. Essa foi a primeira
coisa que ele disse, com sua tropa formada, ou seja, ali ele deu o
recado sobre o que pretendia.
Além disso, Srs. Deputados, temos outra denúncia grave de que a
Companhia dos Bombeiros de Governador Valadares teria recebido
tijolos de vidro para fazer um reparo na piscina ou em outro
lugar, mas que foram doados para outra pessoa da Corporação. A
comunidade doou o material e o Maj. Pacheco o doou para outro
militar. E ainda tentou, já sabendo que os militares fariam a
denúncia, arranjar para que seu intento fosse acobertado por uma
certa legalidade, fazendo um termo de troca de outros materiais
antigos, que já se encontravam na Companhia do Corpo de Bombeiros.
Isso é lastimável, porque a população se reúne e auxilia o Corpo
de Bombeiros, fazendo uma doação para a Companhia, e o Major
simplesmente a passa para outra pessoa.
Sentimos muito, Sr. Presidente, sou um dos Deputados que mais tem
brigado para que os projetos do Corpo de Bombeiros tenham a melhor
acolhida. Estivemos acompanhando a Lei de Efetivo e a Lei do
Desmembramento. Temos feito tudo isso, mas infelizmente deparamos
com essa séria denúncia do Corpo de Bombeiros de Governador
Valadares contra um oficial, o Maj. Pacheco, que vem tratando seus
subordinados a ferro e a fogo. Espero que o Cel. Marcelino,
Comandante-Geral da instituição, e o Cel. Damásio, Chefe do Estado-
Maior do Corpo de Bombeiros, venham a tomar providências
enérgicas, apurar essas denúncias, escalas de serviço
estressantes, obrigações impostas aos militares que não condizem
com o Estatuto dos Militares e com o Novo Ordenamento Jurídico, o
novo Código de Ética.
Tenho certeza de que as denúncias feitas pelas esposas dos
militares Bombeiros em Governador Valadares não serão em vão.
Fazemos um apelo ao Governador Itamar Franco para que tome
providências e afaste o Major dessa Companhia o mais rápido
possível, porque já demonstrou, com todas as letras, que não está
preparado para gerenciar recursos humanos. Muito obrigado.