DEPUTADO PAULO GUEDES (PT)
Discurso
Comenta os pronunciamentos dos Deputados Duarte Bechir e Getúlio Neiva
sobre as administrações dos Presidentes da República Fernando Henrique
Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Comenta a campanha eleitoral do 2º
turno das eleições para o cargo de Presidente da República do Brasil.
Reunião
75ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/10/2010
Página 33, Coluna 1
Assunto DEPUTADO ESTADUAL. ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. ELEIÇÕES.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/10/2010
Página 33, Coluna 1
Assunto DEPUTADO ESTADUAL. ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. ELEIÇÕES.
75ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 19/10/2010
Palavras do Deputado Paulo Guedes
O Deputado Paulo Guedes* - Obrigado, Presidente Carlin Moura.
Antes de iniciar meu pronunciamento, quero também registrar e
agradecer a presença da nossa Deputada Federal Jô Moraes, do
PCdoB, grande mulher, combativa, guerreira e defensora dos nossos
mineiros no Congresso Nacional. Para nós é uma grande honra recebê-
la aqui, nesta Assembleia. Desejamos-lhe que continue firme e
forte na defesa das minorias, daqueles que mais precisam, como faz
o governo do nosso Presidente Lula.
Deputado Carlin Moura, requeri novamente a palavra pelo art. 70,
porque, ao ouvir o pronunciamento do Deputado Duarte Bechir e,
depois, do colega Deputado Getúlio Neiva, não poderia me calar
diante das considerações e afirmações feitas por eles.
Quero, Deputado Carlin Moura, iniciar a minha fala. O Deputado
Duarte Bechir quis passar a imagem de que o Lula havia recebido a
cama pronta, o País às mil maravilhas e de que tudo de bom que
acontece no Brasil foi devido à cama arrumada deixada por eles.
Isso é, no mínimo, querer brincar com a inteligência do povo
brasileiro. Qual cama arrumada que eles deixaram? Ao contrário,
deixaram o País à beira do caos.
Equivocadas também foram as colocações do Deputado Getúlio Neiva
ao dizer que há uma bomba para estourar no ano que vem. A bomba
quem deixou foram o Fernando Henrique e o Serra. O Lula soube
desarmar essa bomba que eles prepararam para o Brasil. Vamos aos
números. O dólar valia R$3,90 quando eles deixaram o governo, por
isso o Brasil beirava os 4 mil pontos. A dívida externa, segundo
eles, era impagável. O Brasil estava pendurado até às botas ao
FMI; o desemprego era alarmante; o salário mínimo era de US$63,00.
Que cama arrumada é essa, companheiro Deputado Duarte Bechir? Ou
V. Exa. não morava no Brasil? Talvez V. Exa. estivesse em outro
país, como o Serra e o Fernando Henrique. Muitas pessoas
enfrentaram a ditadura aqui, sofreram na pele, como a Ministra
Dilma Rousseff; eles não: preferiram ir ao exterior, ao Chile ou à
Europa, para verem a ditadura à distância. Gostaram tanto da
ditadura, Deputado Carlin Moura, que atualmente todos os filhotes
desse regime os amparam. É só observar a turma do DEM, como o ACM
e o Bornhausen, e toda a sua herança. Toda essa turma do DEM já
foi do PDS e do PFL. Eles mudam de nome para tentar disfarçar o
fato de que foram os maiores defensores da ditadura militar no
Brasil. Todos os filhotes da ditadura estão com o Serra e com o
Fernando Henrique. Gostaram tanto do exterior que fizeram o que
quando alcançaram o poder, Deputado Carlin Moura? Entregaram todas
as empresas brasileiras gratuitamente aos estrangeiros. Foi assim
com a Vale, com a Usiminas, com as telecomunicações.
Depois, eles vêm falar que, se as pessoas possuem telefone hoje
no Brasil, é em razão das privatizações. Trata-se de conversa
fiada. Se as pessoas hoje têm telefone é porque o governo do
Presidente Lula gerou emprego, oportunidades e dividendos. O
salário mínimo foi aumentado, e as pessoas puderam ter telefone
fixo e celular. É só observar os oito anos do governo Fernando
Henrique e comparar com os oito anos do governo Lula para ver
quantas pessoas possuíam telefones durante um e outro governo.
Tudo é conversa fiada para quem não tem o que comparar. Falar que
o Brasil recebeu a cama preparada, com lençol, travesseiro e
cortininha novos... Que cortininha que nada, Deputado Duarte
Bechir: o Brasil foi entregue ao Lula aos frangalhos! Em uma
situação em que as pessoas passavam fome, milhões de brasileiros
não tinham motivo para acender fogo, por não terem o que cozinhar.
Nesses sete anos, Deputado, tiramos 30 milhões de pessoas da linha
da pobreza. E mais: 36 milhões de brasileiros subiram para a
classe média. Esse é o Brasil do Lula, da Dilma, muito diferente
do Brasil do Serra e do FHC. Desse Brasil, graças a Deus, nós não
sentimos saudades. Não sentimos saudades do dólar a R$3,90, do
risco-Brasil de 4 mil pontos, do desemprego, da falta de
esperança, do salário mínimo de US$60,00; disso não sentimos
saudades. Por essa razão temos orgulho do nosso Brasil. O novo
Brasil valoriza as pessoas. No Brasil de hoje, a pessoa que ganha
um salário mínimo pode financiar uma moto. Hoje se compra uma moto
com prestação no valor de R$59,00. É impressionante - lembrou ali
o nosso colega Deputado Alencar da Silveira Jr. sobre os juros. A
taxa Selic, de juros, no governo deles chegou a 40%. A média da
taxa de juros no governo Serra e FHC foi de 27%; hoje está a
10,25%.
Então temos muito o que fazer. Nunca vamos correr das
comparações, mas de comparações verdadeiras. Fiquei triste ao ver
o Deputado Getúlio Neiva dizer que nós, do PT, e o governo Lula só
defendemos a minoria, que este governo não defende a maioria. É
crime defender a minoria, Deputado Getúlio Neiva? É crime defender
os mais pobres, os negros, que não tinham acesso à universidade,
os índios. Creio que V. Exa. foi muito infeliz na sua fala. Creio
que temos de bater no peito e dizer que temos um governo, sim, que
defende as mulheres, as minorias, as pessoas que não tinham acesso
à educação, à saúde, à comida. Hoje, graças a Deus, vivemos outro
momento no Brasil, vivemos um momento diferenciado.
Se não me engano, está havendo uma discussão, Sr. Presidente.
Estou observando e escuto daqui que o Deputado Duarte Bechir está
querendo solicitar a palavra pelo art. 164. Não cabe o art. 164,
mas, como sou um democrata que gosta do debate, se o Deputado
quiser um aparte, eu o concedo com o maior prazer. Se tem uma
coisa da qual este Deputado nunca correu é do debate e da
comparação. Temos de comparar as coisas, não precisamos ter medo
disso.
O Deputado Getúlio Neiva disse que no Brasil está havendo um
apagão de investimentos. Ele deve estar morando em outro país, não
no Brasil. Nunca se investiu tanto neste país. As obras do PAC
estão nos quatro cantos do Brasil, é só viajar. Se sairmos daqui e
formos a Montes claros, veremos que a BR-135 está toda recuperada.
Nessa BR não se viu uma máquina por oito anos, onde ainda era
chão, de Itacarambi a Montalvânia, mas ela foi recuperada e agora
está sendo asfaltada. Há obras do PAC por todo o País. Há o
programa Minha Casa, Minha Vida, com 1 milhão de novas moradias.
Há o programa de saneamento básico, em que todas as cidades da
calha do Rio São Francisco receberam a rede de esgoto, a estação
de tratamento; e aquelas que não as receberam estão com processo
de licitação na Codevasf. Isso está ocorrendo no Brasil inteiro.
Há o movimento nos aeroportos, e eles dizem que os aeroportos
estão muito cheios, superlotados. Por que, na época deles, não
havia ninguém nos aeroportos, que ficavam jogados às moscas,
Deputado Alencar da Silveira Jr.? O aeroporto de Confins nem
funcionava, pois o brasileiro não podia andar de avião, Deputado
Carlin Moura. Os hotéis de Belo Horizonte estavam sempre vazios.
Lembro-me de que, em qualquer época, não era necessário fazer
reserva nos hotéis da Capital, mas hoje, se não for feita a
reserva com 15, 20 dias de antecedência, não se encontra vaga. E
isso porque a recuperação da economia, do emprego, do salário no
Brasil permitiu que as pessoas pudessem andar de avião. Vejam que
hoje eles mudaram todo o tráfego para Confins, que ficava às
moscas no governo deles e agora está superlotado.
O Aeroporto da Pampulha foi deixado só para voos regionais. E
também já está lotado. Os brasileiros, agora, Deputado Duarte
Bechir, estão preferindo viajar de avião porque ficou barato
depois do Lula Presidente. Na época do Fernando Henrique e Serra
só quem viajava de avião eram os ricos e poderosos. Hoje
professor, pedreiro, qualquer cidadão assalariado pode viajar.
Dependendo da rota, é mais barato viajar de avião do que de
ônibus. As passagens de ônibus aqui em Minas Gerais só não baixam
porque o Governador fez um decreto em que proíbe as pessoas andar
de táxi. Esse é o modelo do PSDB. Avião era só para os ricos.
Hoje, graças a Deus, todos podem utilizar esse meio de transporte.
Então, quero discordar dos dois colegas e dizer que o Brasil está
preparado para crescer. Houve o PAC 1, e o Lula já lançou o PAC 2.
Há muitos recursos para investir agora em portos e aeroportos. Já
se investiu muito e vai-se investir cada vez mais. Realmente o
Brasil era outro. Fernando Henrique Cardoso, Serra e os que vieram
antes não esperavam que o Brasil crescesse, que chegasse um
Presidente que o transformasse em oito anos. Isso aconteceu. Todos
os aeroportos estão lotados. Basta pegar a quantidade de
passageiros que TAM, Gol e Varig transportaram nos oito anos de
Fernando Henrique e comparar com o volume que estão transportando
agora. São cinco vezes mais brasileiros viajando de avião no
governo Lula. Não viajavam no governo FHC porque as passagens eram
só para os ricos.
Criticavam o Bolsa-Família, chamavam-no de bolsa-esmola. Falavam
que não podiam aumentar o salário mínimo porque as Prefeituras
quebrariam. Como o Serra agora vem dizer que elevará o salário
mínimo para R$600,00, que aumentará as aposentadorias em 10% a
partir de 1º de janeiro? São promessas de derrotados, de pessoas
desesperadas. O que o Presidente Lula fez foi com
responsabilidade. Primeiro dividiu o bolo. O PSDB dizia que não
podia dividir, pois era preciso esperar o bolo crescer, mas ele
não crescia porque eles o comiam sozinhos. Hoje, o bolo está
crescendo. Como foi dividido, as pessoas começaram a movimentar a
economia, e houve o milagre da transformação. Isso ocorreu porque
o Bolsa-Família, o Pronaf, o ProUni, o ProJovem, o Leite pela
Vida, os programas sociais, as obras do PAC, a geração de 15
milhões de emprego com carteira assinada levantaram a autoestima
do brasileiro e despertaram um dragão que estava adormecido.
É por isso que ninguém mais segura esse Brasil, Deputado Carlin
Moura, e nos orgulhamos disso. O Lula é um vencedor. Conseguiu
trazer a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Serão mais
bilhões e bilhões para reformar os estádios, os aeroportos, para
construção de novos hotéis, para melhorar a infraestrutura do
Brasil. Esse é o desafio que a nossa companheira Dilma Roussef
terá daqui para frente para acabar de preparar o Brasil. A partir
daí, tenham a certeza de que ninguém segurará este País.
Passaremos, sim, a ser de Primeiro Mundo, respeitados. Um país só
é respeitado quando respeita o seu próprio povo. Foi isso que o
Lula fez, respeitou o povo brasileiro.
Vêm agora com o argumento de que a Dilma não tem experiência. O
que adiantou a experiência do Fernando Henrique, de sociólogo, de
doutor disso e daquilo? Foi Senador e ocupou outros cargos mais,
mas o que ele fez quando chegou lá? Entregou o Brasil, vendeu as
nossas empresas. O Lula também não tinha experiência nenhuma,
nunca foi Prefeito ou Governador.
O primeiro cargo executivo que o Lula assumiu foi a Presidência
da República, e ele foi o melhor Presidente da história do Brasil.
Nisso até eles concordam. De nada adianta dizerem que o José Serra
tem muita experiência por ter sido Prefeito, Governador, Senador e
Ministro, se ele não terminou nenhum mandato. O negócio dele é
disputar eleição. Ele não aguenta ver eleição e ficar de fora.
Aliás, quando disputou a Prefeitura de São Paulo, ele assinou uma
carta dizendo que iria cumprir o mandato, mas, com dois anos de
mandato, rasgou a carta, registrada em cartório, para disputar o
governo. E agora deixou o governo para disputar a Presidência, da
mesma forma que fez quando estava no Senado. Ele não tem
compromisso com quem vota nele. Se for essa a experiência, já
estamos escaldados de certos homens experientes.
Se fôssemos seguir esse raciocínio da experiência, Deputado
Duarte Bechir, como vocês votaram no Anastasia, que nunca havia
disputado nada? A Ministra Dilma já mostrou sua competência. Ela
foi Secretária de Governo e de Minas e Energia no Rio Grande do
Sul. Fez bonito. Quando Lula assumiu o Brasil em 2003, o grande
problema do País era o apagão de Fernando Henrique e Serra. Se
chovia e relampejava, faltava energia no Brasil inteiro, com
prejuízos para a indústria e para todo o mundo. Quem foi escalada
para resolver o apagão foi a Dilma Rousseff, que não só acabou com
o apagão como criou o maior programa de inclusão social deste
país, o Luz para Todos. Fez tanto sucesso que, dois anos depois,
foi convidada pelo Lula para assumir a Casa Civil, coordenar e
gerenciar o governo que deu certo no Brasil. É dela, sim, grande
parte do sucesso de tudo o que acontece no Brasil hoje. Ela soube
gerenciar, pôr ordem na Casa e lançar programas importantes, como
o PAC e o programa Minha Casa, Minha Vida, que vem mudando a vida
dos brasileiros para melhor.
É por isso que temos o orgulho de comparar 7 anos e 10 meses de
um governo de sucesso, contra 8 anos de um governo que entregou o
Brasil aos especuladores internacionais, que vendeu as nossas
empresas, que não valorizou o servidor e chamou o aposentado de
vagabundo. Essa é a herança de Fernando Henrique. Basta lembrar
como era tratado o servidor público no governo dele. Os Prefeitos
eram recebidos em Brasília, na Marcha dos Prefeitos, com polícia,
cachorros e cavalos. Mas hoje não. Em toda Marcha dos Prefeitos,
Lula vai lá negociar. Aliás, ele aumentou o Fundo de Participação
dos Municípios de 22% para 23%. Ele fez exatamente o contrário do
que muitos pregam por aí. Muito obrigado, Deputado Carlin Moura.
* - Sem revisão do orador.